Há menos de seis meses, o biólogo brasileiro Jean-Phillipe Boubli, da universidade de Auckland, Nova Zelândia, fez duas grandes descobertas. A primeira, muito feliz, é a de uma nova espécie de primata, do grupo dos uacaris, na região do pico da Neblina, norte do Amazonas. A segunda é que o Cacajao ayresii, como foi chamado cientificamente, já veio à luz do meio científico correndo o risco de extinção, por habitar uma pequena área e ser alvo de caça predatória.
Esse fato apenas confirma a atual realidade brasileira no que diz respeito à atenção dada ao estudo e preservação dos macacos. Mesmo respondendo por um terço de todas as espécies de primatas do planeta, para a maioria das nacionais não há nem um censo consolidado do número de indivíduos de sua população.
Segundo Marcos Fialho, doutor em ecologia e analista ambiental do CPB - Centro de Proteção de Primatas Brasileiros, subordinado ao Ministério do Meio Ambiente, das mais de 100 espécies tupiniquins, 26 correm risco de extinção em território nacional. Destas, 24 são endêmicas, ou seja, ocorrem unicamente em nossas terras.
Um acordo assinado numa conferência mundial em Johannesburgo em 2002 previa o comprometimento das principais nações do planeta em reduzir em 90% o número de espécies ameaçadas de extinção em 8 anos. Nenhum país conseguiu cumprir a meta – atualmente milhares de espécies estão ameaçadas de extinção – quase 300 delas apenas no Brasil. Contribuem para este quadro deplorável a exploração comercial, expansão populacional desordenada e desastres ambientais – o vazamento de petróleo no Golfo do México, fora de controle desde abril, é a maior catástrofe ambiental da história, com a morte de milhões de animais, entre aves e espécies marinhas nos Estados Unidos.
Gorilas
Em relatório e documentário recentes, o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, Pnuma, adverte para ação urgente necessária para proteção dos gorilas da Bacia do Congo.
Segundo a agência da ONU, se nada for feito para fortalecer as leis ambientais e combater a caça, eles podem desaparecer da região nos próximos 15 anos.
É inadmissível que essas espécies sofram extermínio, pura e simplesmente. É inadimissível que a espécie humana continue exterminando outras espécies como se fossemos os únicos proprietários do planeta. A mais predatória de todas as espécies precisa entender que não tem esse direito, que sua postura diante das outras espécies da terra é imoral, criminosa e sem futuro.
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