Tem muita gente que não entende o big bang, declarou o
astrofísico da NASA e prêmio Nobel John Mather. Qualquer astrônomo em qualquer
galáxia teria a mesma impressão que nós, de estar no centro do universo. A
distancia da radiação de fundo cósmico é a mesma em todas as direções para
qualquer observador em qualquer lugar. O universo não tem centro, não tem
bordas nem limites. Não teve um primeiro momento, que é o contrario do que
pensamos quando se pensa no big bang. Não começou com um bang.
Mather recebeu o Nobel em 2006 por haver medido as
flutuações de temperatura na radiação de fundo do universo, popularmente
conhecida como o eco do big bang, com o telescópio espacial COBE (Observador do
fundo cósmico) Aquela investigação transformou a cosmologia e nossa visão do
universo. Até então era uma disciplina teórica. As medições da radiação de
fundo cósmico a converteram em uma ciência experimental em que as previsões
teóricas podem ser comprovadas com instrumentos de alta precisão. As conclusões
que chegou é que o universo não começou num momento zero, porque deveria ser um
momento de densidade infinita, o que é impossível. Tudo em física tem a ver com
processos, deve haver algo que já exista para que se transforme em algo diferente.
Não podemos dizer que não havia nada e que de repente surgiu algo.
Isso quer dizer que o universo já existia antes do big bang?
“Nossa intuição de tempo é enganosa. Einstein demonstrou que
o tempo é flexível. Está vinculado ao espaço e depende de como nos movemos. Se
pergunto: que idade tem as ondas de luz que nos chegam da radiação de fundo?
Não sei... se algo se move quase à velocidade da luz, o tempo estanca. Isto
está na teoria da relatividade de Einstein e foi confirmado por observações
experimentais. Assim, concluímos que a radiação de fundo tem uma idade de nossa
perspectiva e uma idade distinta, da perspectiva da luz. Onde quero chegar? A
que tenhamos a compreensão de que a idéia que temos de tempo é incompleta.
Ainda não compreendemos bem o que é o tempo. Temos a intuição de que avança de
modo regular e de que se pode medir, mas não é assim. Na realidade o tempo é
elástico. “
Bem, se o universo não teve início, porque se diz que tem
13,7 bilhões de anos e que a radiação de fundo que Mather mediu tinha uma idade
de 389.000 anos?
“É correto afirmar isso na medida em que esse foi o momento
em que o universo se tornou transparente e a luz foi liberada. Mas o tempo em
si é algo misterioso. Qualquer acontecimento no universo tem umas coordenadas
de tempo e de espaço que não se podem separar. Não existe tempo separado do
espaço.”
O Sr disse que o universo não tem centro nem bordas.
Significa isso que o universo é infinito?
“Nós não podemos mensurá-lo mas é no que acreditamos. Muitas
pessoas ficam desconfortáveis com a idéia de um universo infinito. Para os
gregos essa idéia os incomodava. Para mim isso não incomoda, parece natural a
idéia de espaço infinito e tempo infinito.
Com os dados que temos no momento, parece que o universo tem
uma extensão infinita e está em expansão. Muita gente pensa que se expandirá
cada vez mais rápido e que se converterá em um lugar cada vez mais frio e
vazio. Porém não temos que nos preocupar com isso, falta muito tempo, além
disso não sabemos porque está se expandindo, nem porque está acelerando sua
expansão. Talvez volte a explodir daqui a milhões de anos ou talvez haja outros
universos.
Não acredito que o cérebro humano chegue um dia a
compreender o universo, ter uma compreensão completa, mas temos avançado
bastante.
Pessoalmente, vejo a inteligência artificial como o futuro
da inteligência humana e não temos como parar isso. É um campo que avança muito
rápido. Se criam produtos de inteligência artificial por interesses comerciais,
os incorporamos a nossa vida cotidiana e é difícil predizer como vão nos
afetar. Os seres humanos são muito frágeis. Necessitamos respirar, nos
desagrada a gravidade zero. Os robôs não tem essas limitações. E no futuro se
programarão por si mesmos. Já há programas capazes de aprender autonomamente e
o que fazem é tão complicado que nem seus programadores podem entender. Se permitirmos que evoluam que é uma maneira de desenvolver
a inteligência artificial, poderiam desenvolver um instinto de sobrevivência.”
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JOHN MATHER, FISICO DA NASA E NOBEL DE FÍSICA 2006 |
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