Sexta-Feira o Brasil pode viver uma greve geral que
ultrapasse a de 1917, a maior greve geral, há exatos cem anos.
A greve de 1917 foi resultado de uma aliança das organizações
operárias, que naquele tempo tinham inspiração anarquista, aliada à imprensa
mais alternativa. E de certa forma mostrou a força do novo segmento que nascia
no Brasil, o operariado.
Pode-se dizer que aquela greve foi filha direta da primeira
industrialização brasileira, provocada entre outros fatores pela I Guerra
Mundial (14 a 18). E ao mesmo tempo pela elevação dos preços de alimentos
causados pelo aumento da exportação agrícola para os países da chama Tríplice
Entente (França, Inglaterra e Rússia).
A questão é como este movimento cresceu tão rápido e se
fortaleceu tanto apesar de uma industrialização ainda imberbe e de um nível
baixo de conexão entre os trabalhadores. A resposta que muitos historiadores
arriscam é que as condições de trabalho impostas aos operários daquela época
foram o combustível da reação.
O governo Temer, buscou sua validação a partir de
reformas absolutamente impopulares, mas que poderiam lhe garantir a confiança
dos seus fiadores golpistas internos e externos. Imaginou que os trabalhadores
só iriam se revoltar contra isso lá na frente, quando não haveria mais com o
que se preocupar. Enganou-se.
A greve já está na boca do povo.
Literalmente. Nos bares, cabeleireiros, pontos de ônibus e escolas, as pessoas
estão discutindo o que vai acontecer na sexta-feira.
Aliás, das escolas particulares (pasmem!) chegam as notícias
mais surpreendentes. Colégios de classe média alta já avisaram pais e alunos
que seus professores decidiram parar. E que o fazem para defender (pasmem,
again) seus direitos.
Os aeroviários também estão falando em parar. Metroviários e
motoristas de ônibus das principais capitais, idem.
Prefeitos progressistas já estão abonando o dia dos funcionários
públicos que decidirem parar.
Quem conhece processo de mobilização em redes sabe no que
isso pode vir a dar. A bola que desce da avalanche costuma crescer de maneira
exponencial no processo final. Nos últimos dias do acontecimento alvo.
A greve geral desta sexta de 2017 pode repetir uma história
de 100 anos e vir a recolocar o Brasil nos trilhos. Porque ao fim e ao cabo, o
capitalismo só entende uma mensagem. A que lhe toca no bolso. E se os
trabalhadores brasileiros não quiserem vir a ter uma qualidade de vida próxima
aos de 1916, a hora de ir à luta é agora. E pelo jeito, boa parte já percebeu
isso.
Texto de Renato Rovai
Revista FORUM
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