Misión EM-1 (Airbus Defence and Space). |
A NASA se encontra em uma encruzilhada frente ao futuro de
seu programa espacial tripulado. Se por um lado o objetivo da agencia é mandar uma missão tripulada a Marte em
algum momento da década de 2030, por outro o governo americano não destina nem
um centavo para realizar esse objetivo. Ao mesmo tempo surge a necessidade de
dar uma meta exeqüível ao programa SLS/Orion a curto prazo para justificar sua
existência. Que fazer então? A solução da NASA no momento é planejar a
construção de uma estação internacional em órbita da Lua – a famosa GATEWAY –
durante a próxima década para lubrificar o sistema de lançamento SLS e afinar
as máquinas para uma eventual viagem tripulada a Marte. Finalmente após anos de
projetos vagos e genéricos saiu terça-feira (05/04) os detalhes do plano NASA
para o futuro do programa US tripulado que vai girar em torno de dois projetos:
a estação lunar Deep Space Gateway e a nave Deep Space Transport.
A NASA decidiu dividir sua estratégia de exploração do
espaço profundo em duas fases. A primeira ocorrerá entre 2018 e 2026 e seria
cislunar, ou seja, limitada a órbita da Lua (convém lembrar que a NASA não tem
dinheiro para desenvolver a infraestrutura para levar astronautas à superfície
de nosso satélite).
A primeira missão do foguete SLS e da nave Orion sem
tripulação, a EM-1 (Exploração Missão 1) ocorreria em finais de 2018. O
objetivo da EM-1 é provar o SLS e a nave Orion, que se situaria em órbita lunar
– uma órbita DRO (Distant Retrograde Orbit) – de 26 a 40 dias. Atualmente a
NASA está estudando, por ordem do Congresso a possibilidade de retardar a EM-1
para 2019 ou 2020 para que possa já de imediato levar uma tripulação, mas o
mais provável é que não o faça por falta de tempo e verbas.
O segundo lançamento do SLS seria com a versão Block 1B e
ocorreria em 2022. Nesta missão se mandará a sonda Europa Clipper até Júpiter e
de passagem se porá a prova a versão Block 1B do SLS frente a primeira missão
tripulada (as novas normas da NASA recomendam realizar primeiro um lançamento
não tripulado de cada versão de lançador antes de levar astronautas a bordo) Em
2023 decolaria a primeira missão tripulada da Orion, a EM-2 com uma duração de
8 a 21 dias. Nesta missão 4 astronautas viajariam ao redor da Lua seguindo uma
trajetória de retorno livre lembrando a viagem feita pela Apollo 13 em 1970.
El plan de la NASA para 2018-2026 y la construcción de la estación lunar Deep Space Gateway (NASA). |
De acordo com o plano se lançaria também o primeiro módulo
da estação Deep Space Gateway. O módulo estará equipado com os sistemas de
propulsão (provavelmente do tipo SEP) e geração de energia (dois painéis
capazes de gerar um mínimo de 40 KW) e sua massa seria de 3 e 9 toneladas. A
partir deste ponto a NASA prevê lançar uma missão tripulada do sistema
SLS/Orion por ano, um significativo aumento de atividade para o qual não existe
ainda fundos previstos. Em cada uma dessas missões se lançaria um elemento da
Gateway.
Com o novo plano a EM-3 partirá em 2024 com duração entre 16
a 26 dias e levará uma nave Orion na qual viajaram 4 astronautas com a missão
de acoplar um módulo habitat à estação Gateway. Este módulo permitirá ampliar a
duração das visitas tripuladas à estação de 26 para 42 dias. Em 2025 se
acrescentará um módulo logístico à estação durante a missão EM-4. Em todas as
missões viajaram 4 astronautas a bordo da Orion. Outra novidade é que a estação
Gateway estará em uma órbita NRHO (Near Rectilinear Halo Orbit) e não em uma
órbira DRO. As órbitas NRHO se distanciam enormemente da Lua e situaram a
estação Gateway no espaço profundo cislunar a maior parte do tempo. (Cada
órbita se aproximaria até 1500 Km da Lua e se afastaria até 70.000 Km. As
órbitas NHRO permitem manter a estação fora da sombra da Lua e em uma linha de
visão a partir da Terra de forma contínua.
Em 2027 se iniciaria a segunda fase do programa de
exploração da NASA, a fase preparatória para a viagem a Marte. Os protagonistas
desta etapa é o Deep Space Transport (DST), uma nave interplanetária de 41
toneladas que decolaria durante a EM-6 em uma missão sem tripulação. O DST é
uma nave de propulsão solar elétrica (SEP) com motores iônicos cujo desenho está baseado nas etapas
propulsoras propostas para a missão ARM
e inclui um módulo de habitação para que a tripulação possa viver durante a
viagem a Marte.
O DST se acoplará à estação Gateway enquanto se termina a
montagem dos módulos restantes. Nesse mesmo ano deve se iniciar a EM-7 com 4
astronautas para acoplar um módulo logístico ao DST. Um ano mais tarde se
lançaria um módulo logístico e com combustível, de 41 toneladas à DST (EM-8) em
2029 outro módulo (EM-9) neste ano se levaria a prova tripulada do Deep Space
Transport em que uma tripulação passaria de 300 a 400 dias no espaço cislunar
antes de regressar à estação Gateway. Durante esse vôo se provariam os sistemas
de suporte vital e o sistema de propulsão a uma distância segura da Terra.
Segunda fase del programa de exploración de la NASA que gira alrededor del DST. A partir de 2030 comenzarían los viajes a Marte (NASA). |
O esquema se repetiria com a EM-l0 e EM-11 a partir de 2030,
que levariam um módulo logístico e outro de combustível até a DST. Em 2031 ou
2032 o DST seria usado para realizar uma missão tripulada a Marte, mas sem
entrar em órbita. A partir daí os passos a seguir ainda não estão claros, porém
a intenção é efetuar uma viagem à órbita marciana em 2033.
Todo o plano depende basicamente mais de verba do que de
conhecimento técnico para realizá-la. A NASA quis aproveitar a conjuntura da
troca de governo para tentar obter os recursos para tal. Resta saber se a
administração Trump estará de acordo.
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