O verdadeiro busto de sêneca, descoberto em escavações arqueológicas com o nome escrito em mármore |
Nascido em Córdoba entre os anos 4 e 1 a.C., Lucius Annaeus Sêneca era a própria imagem
de sua época. Segundo filho de Sêneca, o Orador, e por isso também conhecido
como Sêneca, o Jovem, mudou-se cedo para Roma. Tinha um vivo interesse pela
filosofia dos mestres, como o estóico Átalo, ou o pitagórico Sótio. Para eles,
a moral tinha prioridade absoluta. Sêneca conseguiu se destacar em uma
sociedade cuja elite valorizava um mesmo ideal: ser orador. Em torno da eloqüência
organizavam-se reuniões de salão e leituras públicas. Sêneca fez parte da Corte
romana, e se comprazia em uma vida requintada que não combinava com seus
ensinamentos. Não se deixar corromper, não ser tentado pelo luxo e pela luxúria,
levar uma vida simples e honesta: essa era a sua filosofia. Mas não sua vida. Foi
mais retórico que estóico, mais trapaceiro que honesto e mais ligado ao artifício
que à verdade.
Entre seus famosos textos que são muitos destaca-se “Cartas
a Lucilio” do qual tiro esse breve texto que nos leva a um momento de reflexão:
SABER DESFRUTAR TODOS OS TEMPOS
Nós mostramo-nos ingratos em relação ao que nos foi dado
por esperarmos sempre no futuro, como se o futuro (na hipótese de lá chegarmos)
não se transformasse rapidamente em passado. Quem goza apenas do presente não
sabe dar o correcto valor aos benefícios da existência; quer o futuro quer o
passado nos podem proporcionar satisfação, o primeiro pela expectativa, o
segundo pela recordação; só que enquanto um é incerto e pode não se realizar, o
outro nunca pode deixar de ter acontecido. Que loucura é esta que nos faz não
dar importância ao que temos de mais certo? Mostremo-nos satisfeitos por tudo o
que nos foi dado gozar, a não ser que o nosso espírito seja um cesto roto onde
o que entra por um lado vai logo sair pelo outro!
Séneca, in 'Cartas a Lucílio'
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