ÁRTICO PODERÁ NÃO TER MAIS GELO NO VERÃO DE 2050



Cada tonelada de dióxido de carbono (CO2) que é lançada na atmosfera provoca o desaparecimento de 3 metros quadrados de gelo no Ártico durante o verão. Este é o cálculo que apresentou a revista SCIENCE na primeira semana do novembro (2016) em estudo liderado pelo professor Dirk Notz, diretor do grupo de investigação sobre gelo marinho no Instituto Max Planck de Meteorologia (Alemanha) e a professora Juliene Stroeve, do Centro Nacional de Dados de Neve e Gelo em Boulder (EUA).
O estudo oferece um sistema de cálculo muito mais exato sobre a relação entre emissões de CO2 e perda de gelo. Aponta também que se a emissão deste tipo de gás de efeito estufa provoca um aumento da temperatura média de 2 graus Celsius (em relação à temperatura pré industrial) o Ártico perderá todo o seu gelo em épocas de verão.
O Estudo aponta também que mesmo a temperatura não atingindo o aumento de 2 graus  mas manter o atual ritmo de crescimento da concentração de CO2 na atmosfera, o Ártico estará sem gelo em meados de 2050.
As mudanças climáticas aceleradas pelas atividades humanas são aprincipal causa do degelo do Ártico, mas os autores deste novo estudo reconhecem que é praticamente impossível calcular exatamente a data em que o Ártico deixará de ter gelo permanente durante o verão por haverem fatores locais e meteorológicos que também afetam esse processo.
Mas quanto é uma tonelada de CO2? Para se ter uma idéia um carro a gasolina que percorre 20.000 km em um ano emite 3,8 toneladas de CO2. Assim, só com nosso carro somos responsáveis a cada ano pelo desaparecimento de 11,4 metros quadrados de gelo. (se rodarmos apenas 20.000 Km por ano.)


O rápido desaparecimento do gelo marinho do Ártico é um dos indicadores mais diretos das mudanças climáticas em nosso planeta. Nos últimos 40 anos a cobertura de gelo no verão perdeu mais da metade de sua superfície.
A pesquisadora Julienne Stroeve detalha que até agora as mudanças climáticas são sentidas de forma abstrata, deixando as pessoas de perceber seu real peso. Para dar um exemplo a professora Stroeve detalha que em função das emissões de CO2 que produzem os aviões, para cada assento em um vôo de ida e volta de Londres a S. Francisco desaparecem 5 metros quadrados de gelo marinho do Ártico.
O estudo conclui que o objetivo de aquecimento global acordado a nível internacional pelo Acordo de Paris poderá ser insuficiente para assegurar que o Ártico continue tendo gelo no verão.

Somente se as emissões de dióxido de carbono se mantiverem a níveis que permitam assegurar que o aquecimento global será inferior a 1,5 ºC,como se propõem no Acordo de Paris, o gelo marinho do verão no Ártico tem a possibilidade real de sobreviver para além de 2050.


ARTIGO CIENTÍFICO DE REFERÊNCIA:
Observed Arctic sea-ice loss directly follows anthropogenic CO2 emission. Notz, D. y J. Stroeve. Science, 4 nov. 2016 doi: 10.1126/science.aag2345.

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