O INFINITO ANTE NOSSOS OLHOS


Pode parecer uma simples foto do firmamento, bonita, porém não muito reveladora, com brilhantes estrelas no primeiro plano e outras muito mais fracas formando um fundo recheado de diminutos pontos de luz.(Clique na imagem para observá-la em todos os detalhes) Nada que não tenhamos visto em muitas imagens do estilo. Sem duvida esta impressão mudará de forma radical se assinalarmos um único, mas transcendental detalhe. Com exceção das situadas no primeiro plano, a imensa maioria não são estrelas, são galáxias, Milhares e milhares de galáxias, em um total estimado de 200.000, algumas relativamente próximas, outras tão distantes que as vemos quando o universo era muito mais jovem, apenas 1 bilhão de anos... e cada uma delas formadas por dezenas e centenas de milhares de estrelas.

Esta é definitivamente, uma fotografia que contém, possivelmente, a representação mais próxima do conceito abstrato de infinito.

Produto de trabalho realizado pelo telescópio VISTA, localizado no observatório Paranal, no Chile, e o maior do mundo dedicado à observação do cosmos em imagens de infravermelho.
Observatório Vista - Chile
Combina mais de seis mil diferentes exposições com um tempo total de exposição de 55 horas, tomadas por meio de cinco filtros diferentes. O resultado é a imagem infravermelha mais profunda (que em linguagem astronômica se refere às imagens de tempo de exposição mais longo, já que isto permite revelar a presença de objetos muito fracos e distantes) que existe em seu tamanho.
Fantástica lente de infravermelho
Se ampliarmos a fotografia em todo seu esplendor e a observarmos detidamente, observaremos um número enorme de objetos vermelhos espalhados entre as galáxias cor creme (as mais próximas), e que são galáxias muito remotas vistas quando o universo só tinha uma pequena fração de sua idade atual... sua cor é devido à expansão do universo mudando a luz de objetos distantes para comprimentos de onda mais longos fazendo que a maior parte dela se encontre na parte infravermelha do espectro quando chega à Terra.

É por isso que telescópios como o VISTA, que concentra suas observações nesta parte do espectro, são ideais para criar imagens em profundidade como esta, e que a astronomia de infravermelho é o eixo central para o estudo do Universo distante e sua evolução ao longo do tempo.

Talvez o mais curioso é que a região observada, na constelação do Sextante, corresponde a uma parte do céu quase aparentemente vazia... um exemplo claro de que não podemos nos deixar enganar pelas aparências, e que inclusive o céu mais escuro esconde, fora do alcance de nossos olhos, como fechar a eternidade.
A foto se refere apenas à area demarcada da Constelação do Sextante