ÁGUA DOENTE

A quantidade de água suja que o mundo despeja diariamente nos rios e mares significa que mais pessoas morrem hoje por causa da água poluída e contaminada do que por todas as formas de violência, inclusive as guerras", disse o Programa do Meio Ambiente das Nações Unidas (Unep, na sigla em inglês).

Cerca de dois milhões de toneladas de resíduos, que contaminam cerca de dois bilhões de toneladas de água diariamente, causaram gigantescas "zonas mortas", sufocando recifes de corais e peixes. O resíduo é composto principalmente de esgoto, poluição industrial e pesticidas agrícolas e resíduos animais.

Segundo o relatório, a falta de água limpa mata 1,8 milhão de crianças com menos de 5 anos de idade anualmente. Grande parte do despejo de resíduos acontece nos países em desenvolvimento, que lançam 90 por cento da água de esgoto sem tratamento.

A diarréia, principalmente causada pela água suja, mata cerca de 2,2 milhões de pessoas ao ano, segundo o relatório, e "mais de metade dos leitos de hospital no mundo é ocupada por pessoas com doenças ligadas à água contaminada."

Os ursos polares do Ártico estão tendo menos filhotes, assim como os pinguins-de-adélia da Antártida. No litoral brasileiro, é possível encontrar moluscos com dois sexos, tal como ocorre com alguns crocodilos da Flórida. Alterações dos órgãos sexuais e problemas reprodutivos como esses vêm sendo cada vez mais observados em diversas espécies ao redor do mundo. A causa é um tipo de poluição ainda pouco comentado fora da academia, mas que é objeto de estudo de um número crescente de cientistas. São contaminantes que se disseminaram em grande escala pelo planeta a partir do século 20, pondo em risco a biodiversidade e, suspeita-se, também a saúde humana.
Se o mundo pretende... sobreviver em um planeta de seis bilhões de pessoas, caminhando para mais de nove bilhões até 2050, precisamos nos tornar mais inteligentes sobre a administração de água de esgoto", disse o diretor da Unep, Achim Steiner. "O esgoto está literalmente matando pessoas."



Meninos de Luanda tomando banho num buraco de água de uma conduta que arrebentou. Esta foto foi vencedora do top shot de Março 2007, na National Geographic Magazine.

Foto da autoria do técnico de informática, Kostadin D. Luchansky, residente em Luanda e natural da Bulgária. Um excelente fotógrafo amador com fotos publicadas na National Geographic e no seu site www.kodilu.com
Eu por minha vez extrai a foto e as informações do excelente Blog do poeta angolano Namibiano Ferreira
http://poesiangolana.blogspot.com.



RAZÕES DA BÍBLIA - REGRAS ALIMENTARES HEBRAICAS

Os judeus não comem carne de porco. Por quê? É um assunto muito interessante de ser analisado, pois ao estudarmos a origem dessa proibição nos remetemos à compreensão de muitos outros , digamos, preconceitos que afligem a todo o mundo acidental mesmo entre outros povos e outras religiões. Então vejamos: A proibição de comer algumas carnes está na Bíblia, nas leis de Moisés, mais especificamente no Levítico e no Deuteronômio. A classificação dos animais em autorizados e proibidos é apresentada por Moises como parte da revelação que Deus lhe fez no Sinai. As espécies que devem ser evitadas são chamadas de impuras.


Os critérios para distinguir os animais puros referem-se principalmente aos órgãos de locomoção: as patas para os animais terrestres e as barbatanas para os aquáticos. Os animais terrestres desprovidos de patas são considerados impuros: “todo o réptil que anda de rastros sobre a terra é imundo, não se comerá” (Lev11, 41). Assim só são comestíveis os animais que tem órgãos de locomoção. Mas dentre estes nem todos são comestíveis segundo a Bíblia. Nos capítulos que tratam das espécies puras e impuras, essas são divididas em três grupos segundo o meio em que vivem: terra, água e ar. Na concepção hebraica os animais terrestres são feitos para andar e tem patas para isso, os peixes têm barbatanas para nadar, os pássaros asas para voar. Assim, cada espécie pertence a um único elemento, foi daí que ela saiu, e é aí que ela deve viver, deslocando-se com os órgãos previstos para esse elemento. O animal impuro é aquele que não respeita os planos de Deus. Se, por exemplo, animais marinhos se deslocam sobre patas, como os crustáceos, devem ser proscritos, pois vivem na água com órgãos terrestres. Pássaros que passam mais tempo na água do que no ar como gaivota, cisne, pelicano também são impuros. Na terra, animais que rastejam como a tartaruga, lagarto da areia e o camaleão também são impuros, devem ser proscritos da alimentação humana.

Mas e o porco? O porco é um animal terrestre que se desloca no chão com patas totalmente normais. Tem o casco partido em duas unhas, característico dos animais puros. A Bíblia reconhece isso mas há um porém: ele não rumina. (Lev 11, 7). Deus concede uma alimentação muito precisa aos animais que acabou de criar: a relva verde. Os carnívoros não foram previstos no reino de Deus. São os mais impuros entre os animais impuros. Os bovinos e os ovinos com toda certeza, só comem ervas, mastigam-na de novo depois de tê-la engolido. Duplamente herbívoros eles são duplamente puros. Os suínos por sua vez não ruminam, são herbívoros e também carnívoros: são onívoros.

A lei de Moisés exposta nos cinco primeiros livros da Bíblia, seção que a tradição judaica chama justamente de a Lei (a Tora) funda-se sobre a idéia essencial de que a abolição das distinções é um mal. Um animal que oscila entre duas categorias não pode ser consumido. Eles foram criados “cada um segundo sua espécie”. Os que pertencem a duas espécies têm a marca de uma intervenção do Mal na Criação. Se o homem consumisse esses seres mistos seria cúmplice do mal. Também não é permitido lavrar atrelando um boi e um asno juntos. Um campo deve ser de trigo ou de cevada não pode ter os dois. Um homem pode usar uma roupa de lã ou de linho, mas não uma mistura dos dois. Um ser humano é homem ou mulher, não pode ser um e se comportar como o outro, ser “hibrido”. A proibição se estende até as roupas. “Uma mulher não usará um artigo masculino e o homem não vestirá roupas de mulher (Lev 19, 19)

Assim, somos forçosamente levados a um momento de reflexão que inicialmente nos remete
à rigidez de uma sociedade baseada em dogmas. Uma sociedade em que tudo foi determinado, no momento da criação, pela sabedoria divina. E o porco, evidentemente se sentiria muito mais seguro se o mundo todo fosse judeu, assim como a vaca reina feliz na Índia.

HOMENAGEM AO CARTUNISTA GLAUCO

No começo dos anos 70, o encontro com o jornalista José Hamilton Ribeiro, que dirigia o "Diário da Manhã", em Ribeirão Preto, tirou o paranaense Glauco da fila do vestibular para Engenharia e o jogou direto para as páginas do jornal, já com uma tira: "Rei Magro e Dragolino".

Alguns anos mais tarde, em 1976, a premiação no Salão de Humor de Piracicaba abriu as portas do jovem cartunista para a grande imprensa. Em 1977, Glauco começou a publicar suas tiras esporadicamente na Folha de S. Paulo. A partir de 1984, quando a Folha dedicou espaço diário à nova geração de cartunistas brasileiros, Glauco passou a publicar ali suas tiras.
O cartunista é autor de uma família de tipos como Dona Marta, Zé do Apocalipse, Doy Jorge e Geraldinho.
Alguns trabalhos de Glauco que aos 53 anos morre de forma trágica, assassinado por um delinqüente:





 

HOMOSSEXUALISMO ANIMAL

O artigo foi escrito por Reinaldo José Lopes para o Blog VISÕES DE VIDA do G1 em agosto do ano passado. Como a discussão sobre homossexualidade tem se acentuado principalmente após o advento do famigerado BBB 10 de Globo. Vale à pena ler algo sério a respeito.

Amor entre iguais
Os animais (incluindo nós mesmos, claro) são máquinas de sobrevivência e automultiplicação tão bem azeitadas que qualquer aparente tropeço nessa lógica costuma exigir uma explicação. Afinal, só chegamos até aqui por causa de incontáveis ancestrais que praticavam com virtuosismo a arte da reprodução. Então, por que tantas pessoas – e tantos outros bichos – dedicam-se com frequência a atos sexuais que têm chance nula de desembocar em bebês? Para ser mais específico, por que a seleção natural “permite” que a homossexualidade exista e até prospere?
Não quero embutir nenhum julgamento de valor nas perguntas retóricas acima. A verdade é que a formulação de respostas precisas a elas está só engatinhando, mas já é possível esboçar uma visão de conjunto da homossexualidade no reino animal – ao menos do ponto de vista descritivo e quantitativo. E, pode acreditar, o amor entre iguais é muito mais comum do que a maioria das pessoas imagina.
Dados fascinantes sobre o tema estão num artigo recente na revista científica “Trends in Ecology e Evolution”, assinado pelo dupla Nathan W. Bailey e Marlene Zuk, da Universidade da Califórnia em Riverside. Os dois reconhecem que muita coisa ainda precisa ser mais bem explicada antes de considerarmos resolvido o enigma da homossexualidade animal, mas acham que está na hora de começar a ir mais adiante, mesmo assim. Além de entender as causas evolutivas do fenômeno, é importante esmiuçar as consequências dele para a seleção natural, e para o conjunto da dinâmica evolutiva de uma espécie.

Para todo lado
O primeiro fato a ter em mente, no entanto, é a quantidade absurda de observações de comportamento homossexual na natureza – na casa dos milhares, segundo a busca que Bailey e Zuk fizeram na literatura especializada. “Namoro” homossexual, cópula e até “casamento” gay já foram observados em mamíferos (não diga), aves, répteis, anfíbios, insetos (!), moluscos (!!) e vermes nematoides (!!!), entre outros. Cerca de metade das interações sexuais de golfinhos-nariz-de-garrafa (Tursiops) machos são com outros machos. Até um quarto das cópulas de abutre-barbado (Gypaetus barbatus) também são de, digamos, homem com homem.
Antes de avançar na discussão, porém, vale a pena levar em conta as distinções mais sutis entre comportamento sexual, preferência sexual e orientação sexual. A última expressão, muito usada para humanos, refere-se às predisposições de longo prazo de um indivíduo, àquilo que ele “sente que é” do ponto de vista sexual, e obviamente é muito difícil de examinar em animais, que não vão poder te contar muita coisa se você puser os bichos sentados num divã.
Mas comportamentos e preferências podem ser estudados, tanto na natureza quanto em laboratório. Um exemplo é o das famosas moscas-das-frutas, ou drosófilas, disparado os bichos mais usados para estudar a interação entre genética e comportamento. Mutações nos receptores de feromônios das mosquinhas – basicamente as moléculas que reconhecem mensagens químicas transmitidas pelos feromônios – podem levar ao aparecimento de machos que cortejam outros machos ou que são bissexuais, alternando seus avanços românticos entre machos e fêmeas.
Outro tipo de inseto, a libélula Ischnura elegans, não precisa de mutações para adquirir um comportamento que chamaríamos de gay. Basta que machos sejam criados num grupo formado apenas por outros machos para que, quando expostos a fêmeas, eles ainda assim prefiram juntar os trapinhos com… machos, o que mostra o papel do contexto social na formação dos interesses sexuais do bicho.
O enigma é bem simples, na verdade: se a homossexualidade não produz filhotes, por que ela persiste? Por que os indivíduos que se interessam sexualmente pelo mesmo sexo não têm seu patrimônio genético totalmente substituído por indivíduos que só copulam com o sexo oposto?
Uma forma de entender isso, e ela até pode ser bastante válida, é levar em conta que a seleção natural sempre deixa alguma coisa passar, digamos assim. Os seres vivos não são perfeitamente adaptados – apenas bastante adaptados –, e é natural que, em cada geração, variações aleatórias levem a preferências sexuais que não são otimizadas do ponto de vista da seleção natural.
Outra maneira de ver a questão é encarar a homossexualidade como uma estratégia adaptativa complementar à heterossexualidade, e não necessariamente oposta a ela. Por outro lado, basta que um indivíduo predominantemente homossexual produza descendentes com sucesso em algum ponto da vida para que suas preferências sejam passadas adiante. Desse ponto de vista, a homossexualidade seria um subproduto da bissexualidade. É com isso em mente que os três principais cenários para explicar a homossexualidade como uma adaptação foram formulados. São eles:
1)A hipótese espartana: a prática homossexual ajuda a cimentar as relações sociais e as alianças dentro de um grupo, como ocorre entre os machos de golfinhos-nariz-de-garrafa (e como ocorria entre os bons e velhos guerreiros de Esparta, com sua barriga de tanquinho).
2)A hipótese paz e amor: o sexo entre iguais ajuda a minimizar o conflito entre indivíduos do mesmo sexo. É o caso do peixinho vivíparo Girardinichthys multiradiatus. Os machos de baixo status da espécie exibem uma mancha escura nas escamas, parecida com a que as fêmeas possuem. Assim, são menos agredidos pelos machos dominantes, que podem até cortejá-los. De quebra, isso ajuda os machos de baixo status a tentar “rapidinhas” discretas com as fêmeas de verdade.
3)A hipótese do troca-troca, ou a hipótese ateniense: antes de chegar à maturidade sexual plena, animais mais jovens podem usar companheiros do mesmo sexo como “treinadores” para o futuro ato de cópula com o sexo oposto. É o que parece acontecer com as moscas-das-frutas, em certos casos, e também com os flamingos (e era o que se dava nas relações entre homens e garotos de Atenas, onde, em geral, o ato homossexual era visto como rito de passagem para a vida adulta).
É claro que todas essas hipóteses podem ser verdadeiras, dependendo das condições de cada espécie, ou até se complementarem para explicar o comportamento homossexual. De qualquer maneira, alguns casos de “casamento gay” na natureza revelam que o sucesso reprodutivo pode, de fato, estar diretamente relacionado com a homossexualidade. Pergunte aos albatrozes do Havaí.
Numa colônia dessas aves marinhas, um terço dos casais é formado exclusivamente por fêmeas. As aves se unem numa relação monogâmica que inclui o “namoro” e o trato dos filhotes. Filhotes? Sim, porque a população tem um número relativamente baixo de machos, que também se “casam”, mas ocasionalmente pulam a cerca e fecundam fêmeas solteiras. Como é muito difícil criar bebês sem a ajuda de um parceiro, elas forjam relações duradouras com outras fêmeas. Isso parece influenciar também a taxa de “divórcio” entre os parcos machos da população: em vez de abandonar uma parceira por outra, eles mantêm a mesma fêmea “titular”, enquanto as fêmeas sem par acabam se juntando a outras para criar bebês. (E que vantagem a fêmea que não botou os ovos leva? Ora, a companheira, agradecida, pode muito bem retribuir o favor quando for a vez dela de ser fecundada por um macho.)
E nós com isso?
De novo, todos esses dados, embora fascinantes, não resolvem de forma definitiva as dúvidas que pairam sobre as origens e a natureza da homossexualidade. É claro que esse tipo de estudo tem implicações políticas e sociais, lançando um tipo diferente de luz sobre o debate a respeito do quão “natural” é a homossexualidade em seres humanos.

OCTAVIO PAZ - Todos os dias te descubro

Quantos bons momentos de reflexão não se tira deste poema que nos leva a inúmeros caminhos. Quem hoje pára a ouvir passar o vento?  Qual a sensação do vento tocando sua face? Quem para pra olhar uma pedra? "Não sei que pensarão os outros ao lerem isto" diz Octávio. Acho que ele deveria dizer: Será que eles irão parar e refletir sobre isto?



OCTAVIO PAZ


Todos os dias descubro


A espantosa realidade das coisas:
Cada coisa é o que é.
Que difícil é dizer isto e dizer
Quanto me alegra e como me basta
Para ser completo existir é o suficiente.
Tenho escrito muitos poemas.
Claro, hei de escrever muitos mais.
Cada poema meu diz o mesmo,
Cada poema meu é diferente,
Cada coisa é uma maneira distinta de dizer o mesmo.
Às vezes olho uma pedra.
Não penso que ela sente
Não me empenho em chamá-la irmã.
Gosto porque não sente,
Gosto porque não tem parentesco comigo.
Outras vezes ouço passar o vento:
Vale apena haver nascido
Só para ouvir passar o vento.
Não sei que pensarão os outros ao lerem isto
Creio que há de ser bom porque o penso sem esforço;
O penso sem pensar que outros me ouvem pensar,
O penso sem pensamento,
O digo como o dizem minhas palavras.
Uma vez me chamaram poeta materialista.
Eu me surpreendi: nunca havia pensado
Que pudessem me dar este ou aquele nome.
Nem sequer sou poeta: vejo.
Se vale o que escrevo, não é valor meu.
O valor está aí, em meus versos.
Tudo isto é absolutamente independente de minha vontade.

OCTÁVIO PAZ nasceu na Cidade do México em 1914. Foi um dos intelectuais mais importantes do México e um dos maiores poetas do mundo. Morreu na Cidade do México em 1998.

BERNARDO

PERIGO PARA O VERDE DAS CIDADES



Muita gente amiga da natureza tem o hábito de plantar pelas cidades. Aquela arvorezinha triste no pequeno vaso da sala, a semente da fruta da sobremesa germinada em uma lata, um presente recebido onde as flores murcharam. Os amigos do verde logo procuram um novo “lar” para a planta, seja na calçada, praça ou mesmo quintal.
Parece um ato sustentável e benéfico para toda a cidade. Mas nem sempre é. Pode ser uma ação equivalente a queimar uma floresta. As espécies vendidas nos supermercados e floriculturas, as chamadas ornamentais são na maioria de origem estrangeira e nada tem a ver com a nossa rica biodiversidade.
Esse absurdo traz muitas plantas de países onde o clima e meio são desfavoráveis comparados ao nosso, resultando em vantagem na reprodução e competição perante as plantas nativas. Assim, é comum ver nos fragmentos de Mata Atlântica paulistana plantas exóticas substituindo palmitos, perobas e jequitibás. A rica biodiversidade vai desaparecendo rapidamente, podendo até a floresta sumir.
O assunto é tão sério, que a Prefeitura de São Paulo fez recentemente uma portaria com a lista das espécies invasoras visando seu controle e erradicação do município.
Não é porque é uma ação verde que é sustentável. Plante muito. Mas procure saber qual é aquela muda no seu vaso.
Na foto acima, palmitos no Pico do Jaraguá. Os palmitos juçaras, nativos na Mata Atlântica paulistana, e fundamentais para a fauna e o equilíbrio ecológico, são ainda dominantes na floresta preservada no Pico do Jaraguá.
Na foto abaixo, palmeiras da Austrália. Onde antes existiam palmitos como na primeira foto, agora existem palmeiras invasoras de origem australiana em plena Mata Atlântica remanescente na Cidade Universitária da USP, comprometendo a biodiversidade.


Abaixo, a lista de plantas invasoras da prefeitura: primeiro o nome científico, depois o nome popular.
Archontophoenix cunninghamiana, Palmeira Seafórtia
Impatiens walleriana, Maria-sem-vergonha ou Beijinho
Pinus caribaea, Pinus
P. elliottii, Pinus
P. taeda, Pinus
Leucaena leucocephala, Leucena
Acacia mearnsii, Acácia-Negra
Ficus benjamina, Figueira
Ficus elastica, Falsa-seringueira
Eucalyptus robusta Sm, Eucalipto
Ligustrum japonicum, Alfeneiro ou Ligustre
Ligustrum lucidum, Alfeneiro, Ligustre
Ligustrum vulgare, Alfeneiro, Ligustre
Brachiaria decumbens, Braquiária
Brachiaria humidicola, Braquiária
Brachiaria mutica, Braquiária
Brachiaria ruziz iensis, Braquiária
Brachiaria subquadripara, Braquiária
(texto e fotos de Ricardo Cardim)

MÊS DA MULHER

Dia 8 de março é o Dia Internacional da mulher. Queria escrever algo a respeito e procurando uma referência deparei, não sei onde, com Christine de Pizan. Fui pesquisar a respeito e eis o que encontrei:

Cristine de Pisan

Cristina de Pisano (em francês Christine de Pizan, nasceu em Veneza em 1364 foi uma poetisa e filósofa francesa de origem italiana, conhecida por criticar a misogenia (aversão a tudo o que é ligado ao feminino) presente no meio literário da época, predominantemente masculino, e defender o papel vital das mulheres na sociedade. Considerada precursora do feminismo. Foi a primeira mulher de letras francesa a viver do seu trabalho. Cristine foi educada num ambiente favorável aos seus interesses intelectuais - aprendendo várias línguas, lendo os redescobertos clássicos e os inúmeros manuscritos do arquivo real, tudo dentro do espírito humanista do início do Renascimento. Em 1379, com 15 anos casa-se com Etiene du Castel, secretário real.
A morte do marido em 1390 deixa Cristine numa delicada situação financeira, devido às dívidas contraídas por ele. Decide, então, dedicar-se às letras, numa tentativa de se sustentar a sí e aos filhos. As suas primeiras baladas (canções com narrativas), compiladas em "Le livre de cent balladés", chamam a atenção da corte e de alguns ricos mecenas, como João de Berry e o Duque de Orléans.
No entanto, é a disputa com Jean de Meung sobre o poema "Roman de la Rose" ("Romance da Rosa") que estabelece o seu estatuto como escritora. O Roman de la Rose era um dos livros mais populares na França e resto da Europa no século XIII; representava as mulheres como nada mais que sedutoras, numa mordaz sátira às convenções do amor cortês. Cristine, nos seus poemas Epistre au dieu d'Amours ("Epístola ao Deus do Amor) e Dit de la Rose (Conto da Rosa publicados em 1401 e 1402), põem  em causa o mérito literário do poema, criticando os termos vulgares usados para descrever as mulheres, objetando que tal linguagem não era usada por damas nobres e servia apenas para denegrir a função natural e própria da sexualidade feminina. O debate foi extenso e, devido à participação da escritora, centrado na representação e tratamento das mulheres nos textos literários, ao invés de no talento literário de Meung. Estabeleceu a reputação de Christine como intelectual capaz de apoiar a sua causa com argumentos lógicos e bem fundamentados. A sua obstinação e coragem conquistaram a admiração e apoio de alguns dos grandes pensadores da época, como Jean de Gerson e Eustache Deschamps.
Nos seus restantes trabalhos nunca deixou de defender a importância das mulheres e das suas contribuições para a sociedade ou a igualdade dos sexos e a necessidade de dar uma educação igual tanto a rapazes como a meninas. Tenta ainda mostrar às mulheres como cultivar qualidades que as ajudem a lutar contra a crescente misoginia.
Christine, escreveu mais de quinze livros durante sua vida, tanto poesias quanto livros de caráter didáticos, textos estes, em que uma mulher conta como se vê e a seu mundo.
Nas palavras da própria Christine vemos a sua ousadia delineada nesta citação retirada das páginas do livro “A História das Mulheres no Ocidente”, “Que não me acusem de desatinos, de arrogância ou de presunção, de ousar, eu mulher, opor-me e replicar a um autor tão subtil (Jean de Meung), nem de reduzir o elogio devido a sua obra, quando ele, único homem, ousou difamar e censurar sem exceção todo o sexo feminino.” Posicionamento surpreendente, se considerarmos a época em que foi escrita e que só por isso já merece a nossa admiração.
A sua última obra, Ditié de Jeanne d'Arc, foi escrita no mosteiro de Poissy, para onde se retirou no fim da vida. Nela, celebra o aparecimento de uma líder militar feminina, Joana d'Arc, que recompensa todos os esforços das mulheres na defesa do seu sexo. Desconhece-se a data exata da sua morte. Ao contrário do que se poderia supôr, esta não ditou o seu esquecimento, mas o interesse pelos seus livros e idéias apenas aumentou.
Cristine e a justiça