EM 2011 SEREMOS 7 BILHÕES DE PESSOAS

No final de 2011 seremos 7 bilhões.


Levaria 200 anos só pra contar até 7 bilhões em voz alta. Então, quando eu vejo um número desses, penso na estupidez que é existirem bilionários no planeta. Quem precisa de tanto dinheiro?

7 bilhões de passos te levariam ao redor da Terra 133 vezes. Vai indo que eu já vou.

Em 1800, éramos 1 bi. Em 1930, 2 bi. 1960, 3 bi. 1974, 4 bi. 1987, 5 bi. 1999, 6 bi. E agora este ano seremos 7. Eu adoro esses números! E depois eu digo que nada mundialmente relevante (Olimpíadas, Copa do Mundo) acontece em anos ímpares...

Em 2045 poderemos ser 9 bi. Talvez eu ainda seja uma dessas. Talvez.

A cada segundo nascem cinco pessoas, e duas morrem. No tempo que vc viu o vídeo, nossa população aumentou em 167pessoas. Felizmente eu ainda estou aqui.

E em praticamente todo lugar estamos vivendo mais. Em 2010 uma pessoa viveu, em média, 69 anos. Em 1960 eram apenas 53 anos. Mesmo 69 anos já parece uma vida curta pra mim.

Em 2008, pela primeira vez na história humana, mais de nós vivemos em cidades que em áreas rurais.

Em 1975 havia só três megalópoles (cidades com mais de 10 milhões de habitantes): Cidade do México, Tóquio e Nova York. Hoje já há 21.

Até 2050, 70% de nós estaremos vivendo em áreas urbanas.

Mas não ocupamos tanto espaço quanto se pensa. Ficando ombro a ombro, todos os 7 bi encheriam a cidade de Los Angeles. Maldita hora em que passei esse dado pro maridão. Agora ele só diz coisas como: “Este supermercado não tá cheio. Você precisa ver como é em Los Angeles...”. O lado bom é que essa estatística comprova outra que vi num documentário e que me deixou passada: que tem tanto shopping centers nos EUA que neles caberiam todas as pessoas do mundo. Impressionante, não?

Então não é espaço que precisamos. É equilíbrio.

5% de nós consumimos 23% da energia do mundo. 13% não têm água potável. 38% não tem saneamento apropriado. Pense nisso quando for escovar os dentes ou lavar louça. A água não é um recurso infinito. Pode acabar. Lembre-se dos seus netos e bisnetos e no mundo que você quer deixar pra eles.

7 bilhões de pessoas falando mais de 7 mil línguas, vivendo em 194 países. E tem gente que pensa que só se fala inglês no mundo...

7 bilhões de motivos para pensar em 7 bilhões de pessoas.

Toda santa vez que falamos em população aparece uma turma elitista dizendo que pobres deveriam ser esterilizados. É, porque pra eles o problema da superpopulação (que, como diz o vídeo, não é assim tão super) do mundo é culpa dos pobres. No Brasil, dizem eles, é especificamente dos nordestinos, essa gente que faz dez filhos. Claro que há um lapso de no mínimo trinta anos nessa argumentação, já que o índice de crescimento da população brasileira só cai. Isso é da Veja: “A queda nas taxas de natalidade no Brasil é contínua desde os anos 60, quando se acelerou a migração do campo para a cidade. Dos 5,8 filhos por mulher em 1970 chegou-se hoje a 2,4 filhos na média. É um número próximo da taxa de reposição populacional, que é de dois filhos por mulher. Menos que isso, a população diminui”.

E uma população menor não é necessariamente algo positivo. Parte do poder que o Brasil tem no mundo, e vai ter cada vez mais, deve-se a ser a quinta maior população.

Portanto, vamos parar de achar que o problema é o tamanho da população. O problema, como deixa claro o vídeo, é a falta de equilíbrio. A péssima distribuição de renda. Em outras palavras, o problema não é pobre ter filhos. É que tanto da riqueza do nosso país, e do nosso planeta, não chegue a esses pobres. Porque, se a gente for pensar em termos de recursos naturais, ricos consomem muito mais que pobres.

Só um dado: um quinto da população mundial, correspondente à fatia mais rica, consome 58% da energia total. Os mais pobres consomem menos de 4%. Quando um reaça como Luiz Carlos Prates (até que enfim demitido da RBS!) reclama dos miseráveis que têm carro, ele não está sendo apenas classista – está sendo também ignorante. Não sabe que os 20% mais ricos da população mundial possuem 87% dos veículos, e que os mais pobres têm menos de 1%. Proibir esse 1% de ter carro não vai mudar em nada o trânsito das cidades. Agora, investir em transporte público de qualidade pode melhorar a vida de todos, ricos e pobres. Isso é equilíbrio. É disso que precisamos.

Excelente texto da professora doutora Lola Aronovick publicado em seu também excelente Blog “Escreva Lola, Escreva”

TRAGÉDIAS URBANAS - SOLUÇÃO DA CLASSE MÉDIA

Moradores em áreas de risco? - Basta tirá-los dali. Favelas? - Basta tirá-los dali. Mendigos nas ruas? - Basta tirá-los dali. Menores consumindo crack? - Basta tirá-los dali. Prostitutas na calçada? - Basta tirá-las dali. Excesso de carros nas ruas? - Basta tirá-los dali. Sem terra invadindo terras improdutivas? - Basta tirá-los dali. Sem teto invadindo prédios desocupados? Basta tirá-los dali.

E colocá-los onde? Que fazer com eles? Levá-los para as câmaras de gás? Mas isso não é problema da classe média não é mesmo. Isso não querem saber: acham que políticos foram eleitos para isso. Querem que eles façam o serviço sujo e limpem o caminho por onde passam todos os dias.
Os últimos acontecimentos no Rio e em SP mostram que à direita e à esquerda muitos querem a solução simplista da classe media: - Basta tirá-los dali. Mesmo que para isso seja necessário chamar a polícia.
Ou seja: mendigos, sem-teto, sem terra, prostitutas, drogados, todos são caso de polícia.
Não são não. Polícia é para quem precisa de polícia. Eles precisam é de política com P maiúsculo: Política Social, INCLUSÃO. CIDADANIA. Não temos que tirá-los dali. Temos que incluí-los aqui. Não adianta remover favelas e populações pinduradas em morros e serras sem ter uma política de construção de moradias populares. E será que basta? Não...claro que não. Não adianta construir milhões de moradias populares sem ter uma política de emprego para garantir a eles a permanência em suas casas. E será que basta? Não...claro que não. Não adianta criar milhões de empregos sem ter uma política educacional que garanta a todos profissionalização constante, pois a tecnologia anda a passos largos e ninguém está garantido mais que 5 anos no emprego sem especialização constante.
Resumindo: os problemas sociais somente serão resolvidos com uma ampla e completa política de inclusão social, que abrange, moradia com equilíbrio e respeito ao meio ambiente, emprego, educação, saúde, segurança e lazer. Sem isso, todas as políticas públicas são apenas para tapar um buraco e abrir outro.
Uma política de ampla inclusão social tornará as pessoas e o ambiente mais saudáveis, é direito de todos, não só da classe média e dos ricos.
Somos humanos; isso, em suma, é o que somos.

Tragédia no Rio - A gestão e planejamento do solo urbano


A gestão e o planejamento do solo parece não fazer parte da política urbana no Brasil.

O texto abaixo foi escrito por Raquel Rolnik

Tragédia na região serrana do Rio de Janeiro mostra que não são só os bairros populares irregulares e autoconstruídos que estão sujeitos a esse tipo de problema

Ontem à tarde participei do Jornal da Globo News, novamente falando sobre a questão das chuvas. O vídeo está disponível aqui.
A apresentadora Leilane Neubarth começou a entrevista me perguntando o que pode ser feito para mudar essa situação. Segue abaixo a transcrição do trecho inicial:
Essa tragédia tem a ver com o fato de que a ocupação do território se dá de forma completamente negligente. No fundo nós estamos construindo cidades sem nenhuma consideração em relação à vulnerabilidade dos espaços. E quando se fala nisso, imediatamente, as pessoas pensam: “mas por que é que esse povo foi morar em área de risco?”.
Nós precisamos entender que não foi dada nenhuma oportunidade para que os moradores urbanos brasileiros pudessem se instalar num local com qualidade, urbanidade e segurança. Na verdade, a maior parte das nossas cidades foi autoproduzida por seus moradores nos piores lugares, que são os lugares mais baratos, já que o salário dos trabalhadores brasileiros jamais foi suficiente pra cobrir o custo da moradia numa área adequada.
Mas essa tragédia na região serrana do Rio de Janeiro está mostrando que não são só os bairros populares irregulares e autoconstruídos que estão sujeitos a esse tipo de problema. Nós vimos condomínios de luxo desabando, instalados em áreas inadequadas.
E isso leva a uma outra questão, que é a gestão do solo urbano. E esse é um problema ainda não tocado. Fala-se em política de habitação, em construção de casas, em saneamento, em obra disso e daquilo, em dinheiro para isso e aquilo, mas a gestão e o planejamento do solo é um assunto que parece que não faz parte da agenda de política urbana no Brasil.
A gestão é precária e os efeitos disso é o que nós estamos vendo agora, e que se repete todos os anos e vai continuar se repetindo se esse modelo e essa lógica não for superada.

TRAGÉDIA NO RIO - TERRA EM COLAPSO

É exatamente isto o que sinto faz algum tempo. O homem abusou da natureza, foi longe demais nas suas ambições e na sua irresponsabilidade, e a natureza está se vingando. Foi ontem, em São Paulo; hoje, no Rio; dias atrás, nas enchentes na Austrália, nas torrentes de neve nos Estados Unidos e na Europa. Cada hora num lugar, a terra está entrando em colapso.


Nas ruas das grandes cidades cada vez mais congestionadas de automóveis ou nos aeroportos superlotados de gente mundo afora, nos espigões que brotam sem parar onde antes conviviam pequenas casas geminadas, parece que o mundo ficou pequeno para tanta gente, tantas máquinas, tanto consumo, e não suporta mais carregar este peso. Agora, não adianta procurar culpados, acusar governantes, reclamar da falta de planejamento urbano e de cuidados com o meio ambiente. Já foi.

Somos todos responsáveis, somos todos vítimas. É uma estupidez querer fulanizar, partidarizar ou politizar as tragédias que se multiplicam pelo Brasil e pelo resto do planeta. Nesta quarta-feira, por uma ironia do destino, foi lembrado no mundo todo o terremoto que abalou um ano atrás o pobre Haiti, transformado num grande acampamento de miseráveis sobreviventes.

Na rica região de Petrópolis, Teresópolis e Nova Friburgo, o belíssimo cenário europeu das terras cariocas, que quase foi varrido do mapa pelas águas, vimos o que pode acontecer a qualquer hora, em qualquer lugar, independentemente da condição social dos moradores, se cada um de nós não for capaz de perceber o perigo que estamos todos correndo, e fizer alguma coisa para evitar novas tragédias.

Diversos artigos neste Blog relatam as ameaças e conseqüências da devastação ambiental. Conseqüências que como se viu esta semana não atingem somente os mais pobres, embora eles sejam sempre os mais prejudicados. Também ricos perderam tudo, perderam parentes, fora os prejuízos menos mensuráveis como o colapso na circulação de pessoas, compras, etc. Ninguém escapa das conseqüências do colapso da natureza.

Resta saber o que é possível fazer e se ainda dá tempo.
Texto: Ricardo Kotsko

NO DIA DA EPIFANIA PARA OS CRISTÃOS DISCUTE-SE A ORIGEM DO UNIVERSO


O Dia de Epifania que quer dizer manifestação, em que Cristo é revelado ao mundo diante dos reis magos, o Papa Bento XVI coloca em discussão, ante 10 mil fiéis na Basílica de São Pedro, a questão da origem do universo. Me parece que é uma tentativa de conciliar as teorias científicas, cada vez mais irrefutáveis, à teoria criacionista. A Igreja Católica tenderá a deixar de lado a briga contra os evolucionistas e centrará foco na questão filosófica? Ou seja: Deus criou o Universo a forma como isso ocorreu pode ser o Big Bang, não importa. Vejo nas palavras do Papa indícios disto. Realmente fica difícil continuar afirmando que Deus fez o mundo em 7 dias.

PARA OS CIENTISTAS

Não existe nenhuma questão mais enigmática do que essa! A grande maioria dos cientistas acredita na teoria do Big Bang, ou Grande Explosão - mas o que havia antes dela? Tudo indica que seja impossível saber com certeza!

O próprio Big Bang, aliás, já é bem misterioso. Segundo a teoria, há cerca de 15 bilhões de anos toda a matéria que constitui o Universo concentrava-se num único ponto, que explodiu, dando origem a tudo o que conhecemos... e até ao que ainda não conhecemos. Essa origem bombástica é comprovada por várias observações científicas, mas possui alguns problemas. O principal deles é que, pelas leis da física, a explosão estaria sujeita a pequenas flutuações que tornariam o universo irregular - o que não acontece na realidade. "Existem mais de 50 teorias que tentam resolver essa questão", diz o físico Augusto Damineli, da Universidade de São Paulo (USP). A idéia mais aceita foi proposta pelo físico americano Alan Guth em 1981: nas primeiras frações de segundo, a explosão teria se expandido a uma velocidade muito maior do que a da luz. Isso teria deixado uniforme o Universo que observamos, mas encoberto tudo o que acontecera.

Se os físicos têm dificuldade em entender o que se passou logo após o Big Bang, descobrir o que ocorreu antes é, portanto, uma tarefa muito mais árdua - ainda mais porque é provável que esse fenômeno não tenha sido o início de tudo. "O Universo já existia no momento do Big Bang", diz o físico Mario Novello, do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF), no Rio de Janeiro. Entre as dezenas de modelos propostos, é possível que o espaço e o tempo tenham existido desde sempre, que o Big Bang seja o resultado do colapso entre diversas dimensões e que a explosão tenha dado origem não a um, mas sim a vários universos.

PARA A IGREJA CATÓLICA


A mente de Deus esteve por trás de teorias científicas complexas como a do Big Bang, e os cristãos devem rejeitar a idéia de que o universo tenha surgido por acaso, disse o papa Bento XVI nesta quinta-feira (6).

'O universo não é fruto do acaso, como alguns querem que acreditemos', disse Bento XVI no dia em que os cristãos celebram a Epifania, na missa que celebra o batismo de Cristo, no dia em que a Bíblia diz que os três reis magos, seguindo uma estrela, chegaram ao lugar onde Jesus nasceu.

'Contemplando (o universo), somos convidados a enxergar algo profundo nele: a sabedoria do criador, a criatividade inesgotável de Deus', disse o papa em sermão para 10 mil fiéis na Basílica de São Pedro.
O papa declarou que as teorias científicas sobre a origem e o desenvolvimento do universo e dos humanos, embora não entrem em conflito com a fé, deixam muitas perguntas sem resposta.

"Na beleza do mundo, em seu mistério, sua grandeza e sua racionalidade ... só podemos nos deixar ser guiados em direção a Deus, criador do céu e da terra", disse ele.

DO VELHO E DO NOVO ANO

José Saramago

Aqui, na Terra, a fome continua,
A miséria, o luto, e outra vez a fome.

Acendemos cigarros em fogos de napalme
E dizemos amor sem saber o que seja.
Mas fizemos de ti a prova da riqueza,
E também da pobreza, e da fome outra vez.
E pusemos em ti sei lá bem que desejo
De mais alto que nós, e melhor e mais puro.

No jornal, de olhos tensos, soletramos
As vertigens do espaço e maravilhas:
Oceanos salgados que circundam
Ilhas mortas de sede, onde não chove.

Mas o mundo, astronauta, é boa mesa
Onde come, brincando, só a fome,
Só a fome, astronauta, só a fome,
E são brinquedos as bombas de napalme.


(Fala do Velho do Restelo aos Astronautas In OS POEMAS POSSÍVEIS, Editorial CAMINHO, Lisboa, 1981. 3ª edição)

JOSÉ SARAMAGO (Portugal, 1922 - 2010)