O que todo cristão deve saber sobre homossexualidade

Dep Jair Bolsonaro em entrevista polêmica ao programa CQC da TV Bandeirantes

A polêmica levantada pelo deputado Jair Bolsonaro do PP (do bloco do PSDB) levantou mais uma vez a interminável discussão preconceituosa sobre homossexualidade que aliás nem deveria existir.
O texto abaixo tenta mais uma vez mostrar como todo preconceito é apenas isso:  pré-conceito, sem nenhuma base científica ou filosófica. Apenas uma forma de discriminar não só homossexuais mas também negros, pobres, pessoas sem curso superior na Sourbonne,políticos que não falam inglês, enfim todos os que são de alguma forma diferentes da "classe média modelo de sociedade".
1) Não há, na Bíblia, nenhuma só vez as palavras homossexual, lésbica ou homossexualidade. Todas as Bíblias que empregam estas expressões estão erradas e mal traduzidas. A palavra homossexual só foi criada em 1869, reunindo duas raízes lingüísticas: Homo (do Grego, significando “igual”) e Sexual (do latim). Portanto homossexual = mesmo sexo.
2) A prática do amor entre pessoas do mesmo gênero, porém, é muito mais antiga que a própria Bíblia. Há documentos egípcios de 500 anos antes de Abraão, que revelam práticas homossexuais não somente entre os homens, mas também entre Deuses Horus e Seth. Segundo o poeta e escritor Goethe, “a homossexualidade é tão antiga quanto a humanidade”. Certamente, cada tempo com sua experiência singular, mas com o mesmo direcionar de desejo: o igual.
3) No antigo Oriente, a homossexualidade foi muito praticada. Entre os Hititas, povo vizinho e inimigo de Israel, havia mesmo uma lei autorizando o casamento entre homens (1.400 antes de Cristo). Como explicar, então, que, entre as abominações do Levítico, apareça esta condenação: “O homem que dormir com outro homem como se fosse mulher, comete uma abominação, ambos serão réus de morte” (Levítico, 18:22 e 20:12). Segundo os Exegetas (estudiosos das escrituras sagradas), fazia parte da tradição de inúmeras religiões de localidades circunvizinhas à Israel, a prática de rituais homoeróticos, de modo que esta condenação visa fundamentalmente afastar a ameaça daqueles rituais idolátricos e não a homossexualidade em si. Prova disto é que estes versículos condenam apenas a homossexualidade masculina: teria Deus Todo Poderoso se esquecido das lésbicas ou, para Javé, a homossexualidade feminina não era pecado? Considerando que, do imenso número de leis do Pentateuco, apenas duas vezes há referência à homossexualidade (e só à masculina), concluem os exegetas que a supervalorização que os cristãos conferem a este versículos é sintoma claro e evidente de intolerância machista de nossa sociedade, um entulho histórico, e não um desígnio eterno de Javé, do mesmo modo que inúmeras outras abominações do Levítico, como os tabus alimentares (por exemplo, comer carne de porco) e os tabus relativos ao esperma e ao sangue menstrual, hoje completamente abandonadas e esquecidas. Por que católicos e protestantes conservam somente a negação contra a homossexualidade, enquanto abandonaram dezenas de outras proibições decretadas pelo mesmo Senhor? Intolerância machista e ignorância que Freud explica!
4) Se a homossexualidade fosse prática tão condenável, como justificar a indiscutível relação homossexual existente entre David e Jônatas?! Eis a declaração do salmista para seu bem-amado: “Tua amizade me era mais maravilhosa do que o amor das mulheres. Tu me eras deliciosamente querido!” (II Samuel, 1:26). Alguns crentes argumentarão que se tratava apenas de um amor espiritual, ágape. Preconceito primário, pois só as coisas materiais são referidas com a expressão “delicioso”, e não resta a sobra da menor dúvida que David, em sua juventude, foi adepto do “amor que não ousava dizer o nome”. Não foi gratuitamente que o maior escultor de nossa civilização, Miguel Ângelo, ele próprio, também homossexual, escolheu o jovem Davi, nu, como modelo de sua famosa escultura de Florença, na Itália. Negar o amor homossexual entre estes dois importantes personagens bíblicos (“amizade mais maravilhosa que o amor (Eros) das mulheres”) é negar a própria evidência dos fatos. “Tendo olhos, não vedes? E tendo ouvido, não ouvis?!” (Marcos, 8:18).
5) Pelo visto, embora o Levítico fosse extremamente severo contra a prática da cópula anal (determinando igualmente a pena de morte contra o adultério e o bestialismo), outros livros sagrados revelam maior tolerância face ao homoerotismo. O Eclesiastes ensina: “É melhor viverem dois homens juntos do que separados. Se os dois dormirem juntos na mesma cama se aquecerão melhor” (4:11). Num país quente como a Judéia, o interesse em dormir junto só podia ser mesmo erótico. Portanto, na teoria o Levítico era uma coisa e a prática, desde os tempos bíblicos, parece ter sido outra. “Deus nos fez ministros da nova aliança, não a da letra e sim a do Espírito. Porque a letra mata, mas o Espírito vivifica”.(II Coríntios, 3:6)
6) A destruição de Sodoma e Gomorra? Indagarão alguns. Oferecemos três informações fundamentais e cientificamente comprovadas que, em geral, são propositadamente escondidas e desconhecidas pelos cristãos: A) não há evidência histórica ou arqueológica que confirme a real existência dessas cidades; B) este relato é obra dos “Javistas” (escritores bíblicos do século X a.C.), que se apropriaram de relatos mitológicos de outros povos anteriores aos judeus; C) a própria destruição da suposta intenção homoerótica dos habitantes de Sodoma em relação aos três visitantes de Abraão (anjos ou homens?) apresenta dificuldades sérias de interpretação, pois quando os habitantes de Sodoma declararam desejar conhecer os visitantes, maliciosamente se interpretou o verbo “conhecer” como sinônimo de “ato sexual”. Segundo os exegetas, das 943 vezes que aparece esta palavra no Antigo Testamento (“yadac” em hebraico), em apenas 10 ela tem significado heterossexual – nenhuma vez o sentido homossexual. A associação do pecado dos “sodomitas e gorromitas” com a homossexualidade é um grave erro histórico, que tem sua oficialização pela igreja católica apenas na Idade Média, a “idade das trevas”.
7) A própria Bíblia e o filho de Deus nos dão a chave para corrigir esta maliciosa identificação de Sodoma e Gomorra com a homossexualidade. Segundo os mais respeitados estudiosos das Sagradas Escrituras, o pecado de Sodoma é a injustiça e a anti-hospitalidade, nunca a violação homossexual. Prova disto, é que todos os textos que aludem à Sodoma no Antigo Testamento atribuem sua destruição a outros pecados e não ao “homossexualismo”: falta de justiça (Isaías, 1:10 e 3:9), adultério, mentira e falta de arrependimento (Jeremias, 23:14); orgulho, intemperança na comida, ociosidade e “por não ajudar o pobre e indigente” (Ezequiel, 16:49); insensatez, insolência e falta de hospitalidade (Sabedoria, 10:8; 19;14; Eclesiástico, 16:8). No Novo Testamento, não há qualquer ligação da destruição de Sodoma com a sexualidade e, muito menos, com a homossexualidade (Mateus,10:14; Lucas, 10:12 e 17:29). Só nos livros neotestamentários tardios de Judas e Pedro, é que aparece em toda a Bíblia alguma conexão entre Sodoma e a sexualidade (Judas, 6:7, Pedro, 2:4 e 6;10). Mesmo aí, inexiste relação com o “homoerotismo”
Dirão, agora, os crentes mais intolerantes: e as condenações de São Paulo aos homossexuais? Autoridades exegetas protestantes e católicas – como Mcneill, Thevenot, Noth, Kosnik, e muitos outros -, ao examinarem, cuidadosamente, na língua original, os textos das Epístolas aos Romanos 1:2, I Coríntios 6:9, Colosences 3:5 e I Timóteo 1:10, concluíram que, até agora, os cristãos têm dado uma interpretação errada a estas passagens. Quando Paulo diz que certas categorias de pecadores não entrarão no Reino dos Céus – ao lado dos adúlteros, bêbados, ladrões etc… – muitas Bíblias incluem nesta lista os “efeminados” e “homossexuais”. Logo de início, há uma condenação injusta, pois muitos efeminados (como muitas mulheres masculinizadas no comportamento) não são necessariamente homossexuais. As mais modernas e abalizadas pesquisas exegéticas concluem que, se Paulo de Tarso quisesse condenar especificamente os praticantes do homoerotismo, teria empregado o termo corrente em sua época e de seu perfeito conhecimento, “pederastas”. Em vez desta palavra, Paulo usou as expressões gregas “malakoi”, “arsenokoitai” e “pornoi” – que as melhores edições da Bíblia em português traduzem por “pervetores”, “pervertidos” e “imorais”. Portanto, foram estes pecadores que Paulo incluiu na lista dos afastados do Reino dos Céus, e não os “pederastas”, e muito menos os “homossexuais”, palavra desconhecida na Antigüidade. Segundo os historiadores, vivendo São Paulo numa época de grande licenciosidade sexual – tempo de Calígula, Nero e de Satiricon -, esperando o próximo retorno do Cristo e o fim do mundo, ele condenou, sim, os excessos e abusos sexuais dos povos vizinhos, mas nunca o amor inocente e recíproco, tal qual o de David e Jônatas. Há teólogos protestantes que chegam a diagnosticar Paulo de Tarso como homossexual latente (alusão feita por ele próprio ao misterioso “espinho na carne” que tanto o preocupava, além de sua manifesta e cruel “misoginia” ou ódio às mulheres). E, se a condenação paulina inclui também os bêbados, corruptos, caluniadores, por que atirar tanta pedra somente nos homossexuais? Também aqui, Freud explica! E tem mais: o próprio Filho de Deus disse que “há eunucos que assim nasceram desde o seio de suas mães” (Mateus 19:12), ensinando, num sentido figurado, que faz parte dos planos do Criador que alguns homens tenham uma sexualidade não reprodutora biologicamente. Todos somos imagem de Deus!
8) O maior argumento para se comprovar que as Escrituras Sagradas não condenam o amor entre pessoas do mesmo gênero, é o fato de Jesus Cristo nunca ter falado nenhuma palavra contra os homossexuais! Se o “homossexualismo” fosse uma coisa tão abominável, certamente o Filho de Deus teria incluído esse tema em sua mensagem. O que Jesus condenou, sim, foi a dureza de coração, a intolerância dos fariseus hipócritas, a crueldade daqueles que dizem Senhor, Senhor!, mas esquecem da caridade e do respeito aos outros (Mateus, 7:21). E foi o próprio Messias quem deu o exemplo de tolerância em relação aos “desviados”, andando e comendo com prostitutas, pecadores e publicanos. E tem mais: Jesus Cristo mostrou-se particularmente aberto à homossexualidade, revelando carinhosa predileção por João Evangelista, “o discípulo que Jesus amava”, o qual, na última Ceia, esteve delicadamente recostado no peito do Divino Mestre. Há teólogos que chegam a sugerir que Jesus era homossexual, pois além de nunca ter condenado o homoerotismo, conviveu predominantemente com companheiros do seu próprio gênero, manifestou particular predileção pelo adolescente João e nunca se casou, além de revelar muita sensibilidade com as crianças e com os lírios do campo, comportamentos muito mais comuns entre homossexuais do que entre machões. O ensinamento do discípulo que Jesus amava não podia ser mais claro: “Filhinhos, amemo-nos uns aos outros, porque o amor vem de Deus e tudo o que é amor é nascido de Deus e conhece a Deus” (I João, 4:4).
10) A Bíblia é um livro muito antigo, repleto de imagens simbólicas, parábolas e figurações. Interpretar as Escrituras ao pé da letra é ignorância, fanatismo e até pecado, pois o próprio Filho de Deus garantiu: “Muitas coisas ainda tenho a dizer-vos, mas não as podeis suportar agora.
Quando vier o Paráclito, o Espírito da Verdade, ensinar-vos-á a verdade” (João, 16:12). Do mesmo modo como Galileu ensinou-nos a verdade a respeito da Astronomia, corrigindo a Bíblia e opondo-se à crença dos cristãos de sua época, assim também hoje todos os ramos da Ciência garantem que a homossexualidade é um comportamento normal, saudável e tão digno moralmente como a orientação sexual da maioria das pessoas. Negar esta evidência científica é repetir a mesma ignorância intolerante do Papa que condenou Galileu. Não devemos temer a verdade que liberta, pois o próprio Jesus nos mandou imitar “o escriba instruído nas coisas do Reino dos Céus, que como um pai de família, tira de seu tesouro coisas novas e velhas” (Mateus, 13:52).

O VENDEDOR DE PALAVRAS

Por Fabio Reynol

Ouviu dizer que o Brasil sofria de uma grave falta de palavras. Em um programa de TV, viu uma escritora lamentando que não se liam livros nesta terra, por isso as palavras estavam em falta na praça. O mal tinha até nome de batismo, como qualquer doença grande, “indigência lexical”. Comerciante de tino que era, não perdeu tempo em ter uma idéia fantástica. Pegou dicionário, mesa e cartolina e saiu ao mercado cavar espaço entre os camelôs.

Entre uma banca de relógios e outra de lingerie instalou a sua: uma mesa, o dicionário e a cartolina na qual se lia: “Histriônico — apenas R$ 0,50!”.
Demorou quase quatro horas para que o primeiro de mais de cinqüenta curiosos parasse e perguntasse.

— O que o senhor está vendendo?

— Palavras, meu senhor. A promoção do dia é histriônico a cinqüenta centavos como diz a placa.

— O senhor não pode vender palavras. Elas não são suas. Palavras são de todos.

— O senhor sabe o significado de histriônico?

— Não.

— Então o senhor não a tem. Não vendo algo que as pessoas já têm ou coisas de que elas não precisem.

— Mas eu posso pegar essa palavra de graça no dicionário.

— O senhor tem dicionário em casa?

— Não. Mas eu poderia muito bem ir à biblioteca pública e consultar um.

— O senhor estava indo à biblioteca?

— Não. Na verdade, eu estou a caminho do supermercado.

— Então veio ao lugar certo. O senhor está para comprar o feijão e a alface, pode muito bem levar para casa uma palavra por apenas cinqüenta centavos de real!

— Eu não vou usar essa palavra. Vou pagar para depois esquecê-la?

— Se o senhor não comer a alface ela acaba apodrecendo na geladeira e terá de jogá-la fora e o feijão caruncha.

— O que pretende com isso? Vai ficar rico vendendo palavras?

— O senhor conhece Nélida Piñon?

— Não.

— É uma escritora. Esta manhã, ela disse na televisão que o País sofre com a falta de palavras, pois os livros são muito pouco lidos por aqui.

— E por que o senhor não vende livros?

— Justamente por isso. As pessoas não compram as palavras no atacado, portanto eu as vendo no varejo.

— E o que as pessoas vão fazer com as palavras? Palavras são palavras, não enchem barriga.

— A escritora também disse que cada palavra corresponde a um pensamento. Se temos poucas palavras, pensamos pouco. Se eu vender uma palavra por dia, trabalhando duzentos dias por ano, serão duzentos novos pensamentos cem por cento brasileiros. Isso sem contar os que furtam o meu produto. São como trombadinhas que saem correndo com os relógios do meu colega aqui do lado. Olhe aquela senhora com o carrinho de feira dobrando a esquina. Com aquela carinha de dona-de-casa ela nunca me enganou. Passou por aqui sorrateira. Olhou minha placa e deu um sorrisinho maroto se mordendo de curiosidade. Mas nem parou para perguntar. Eu tenho certeza de que ela tem um dicionário em casa. Assim que chegar lá, vai abri-lo e me roubar a carga. Suponho que para cada pessoa que se dispõe a comprar uma palavra, pelo menos cinco a roubarão. Então eu provocarei mil pensamentos novos em um ano de trabalho.

— O senhor não acha muita pretensão? Pegar um…

— Jactância.

— Pegar um livro velho…

— Alfarrábio.

— O senhor me interrompe!

— Profaço.

— Está me enrolando, não é?

— Tergiversando.

— Quanta lenga-lenga…

— Ambages.

— Ambages?

— Pode ser também evasivas.

— Eu sou mesmo um banana para dar trela para gente como você!

— Pusilânime.

— O senhor é engraçadinho, não?

— Finalmente chegamos: histriônico!

— Adeus.

— Ei! Vai embora sem pagar?

— Tome seus cinqüenta centavos.

— São três reais e cinqüenta.

— Como é?

— Pelas minhas contas, são oito palavras novas que eu acabei de entregar para o senhor. Só histriônico estava na promoção, mas como o senhor se mostrou interessado, faço todas pelo mesmo preço.

— Mas oito palavras seriam quatro reais, certo?

— É que quem leva ambages ganha uma evasiva, entende?


Fábio Reynol do Blog diariodatribo.blogspot.com

ADIANDO O FIM DO MUNDO

Os resultados científicos sobre a mudança climática global são contundentes. O clima do planeta já mudou e a velocidade do processo de mudança está aumentando. Mantido o atual padrão de desenvolvimento, as mudanças climáticas terão conseqüências graves, aumentando a probabilidade de catástrofes extremas, com profundas conseqüências para a economia, saúde, qualidade de vida e sustentabilidade dos ecossistemas naturais. Alguns cenários mostram que vastas regiões do planeta deverão se tornar inabitáveis ou muito inóspitas para a sobrevivência humana.

Três documentos recentes são leitura obrigatória para quem pensa no futuro do Brasil e do Planeta:


1.O Relatório Stern, publicado pelo governo inglês no final de 2006


2.o relatório do Painel Internacional de Mudanças Climáticas, publicado pelas Nações Unidas em fevereiro de 2007.


3.o relatório sobre a Caracterização do Clima Atual e Definição das Alterações Climáticas para o Território Brasileiro ao Longo do Século XXI, publicado pelo governo brasileiro em fevereiro de 2007.

Acrescente-se a esta lista o filme de Al Gore, Uma Verdade Inconveniente.

A síntese é que o aquecimento global tem sido agravado pela atividade humana e a escala do processo não tem precedente nos últimos 20 mil anos. O processo de mudança climática está diretamente relacionado com a quantidade de gases que causam efeito estufa que são produzidos pela ação do homem. Teoricamente, portanto, poderíamos conseguir diminuir a velocidade da mudança do clima se conseguíssemos diminuir a produção de fumaça que sai de nossos carros, fábricas, usinas termoelétricas e desmatamento. Em outras palavras poderíamos adiar o fim do mundo.

Sabemos que o grande vilão das mudanças climáticas são os EUA e a China responsáveis pela maior parte das emissões globais de gás carbônico. Entretanto devemos também enfrentar a realidade do Brasil ser a quarta maior fonte de gases efeito estufa do mundo, sendo que a principal responsável por isso é o desmatamento da Amazônia.

Os cenários mais sombrios apontam para um fenômeno chamado “die back” ou colapso total da floresta amazônica, com seu virtual desaparecimento e substituição por cerrados até 2050. Isso afetaria radicalmente a navegabilidade dos rios, a produção de peixes, a produtividade agropecuária, a qualidade de vida nas cidades e a sustentabilidade dos sistemas tradicionais da vida de nossos indígenas e ribeirinhos..

Controlar o desmatamento tem que interessar não só à sociedade amazonense como também ao país e ao mundo não apenas pelas suas conseqüências para o aquecimento global. Sem nossas florestas perderemos nossos rios, lagos e igarapés. Podemos imaginar como seria a vida no Amazonas? Seguramente muito pior para todos, ricos e pobres. Seria também muito pior para o Brasil e todo o planeta.


Temos que entender definitivamente que o planeta é um único corpo que interage e que uma infecção no dedo mindinho leva febre para todo o organismo. Assim também é o planeta.

REATORES NUCLEARES - VERDADES E MENTIRAS

Usina Nuclear de Angra dos Reis - RJ

Professora da USP alerta: Dizer que os reatores nucleares duram, em média, 40, 60 anos é blefe

Por Conceição Lemes*

Há no mundo 441 reatores nucleares em funcionamento.
Estados Unidos são os que têm mais – 104. Seguem-se França (58), Japão (55), Federação Russa (32) Coréia (21), Índia e Inglaterra (19 cada), Canadá (18), Alemanha (17), Ucrânia (15), China (13), Suécia (10), Espanha (8), Bélgica (7), República Checa (7), Finlândia, Hungria e República Eslovaca (4 cada).
Vários países têm dois reatores: Argentina, Brasil, Bulgária, Paquistão, México, Romênia e África do Sul. Eslovênia, Armênia e Holanda possuem um.

Há 61 reatores em construção. Boa parte na China (24) e Federação Russa (11). Coreia tem cinco e Índia, quatro. Bulgária, Japão, República Eslovaca, Ucrânia, dois. Argentina, Brasil, França, Paquistão, Estados Unidos, Finlândia e Irã. Isso sem contar os muitos projetados – só no Brasil, 50 para os próximos 50 anos.

Esse novo impulso da energia nuclear está alicerçado em alguns fatores, especialmente estes:

1) Até as explosões dessa semana no complexo de Fukushima, Japão, acidente grave em usina nuclear já era história, memória, vaga lembrança. Dos 191 milhões de brasileiros, cerca de 80 milhões sequer eram nascidos quando houve o de Chernobyl, em 1986, Ucrânia (então parte da extinta União Soviética), considerado ainda o maior da história.

2) O modelo teórico de que o tempo de vida útil de um reator atômico é de 40 anos, prazo que foi estendido por mais 20. Ou seja, um reator duraria 60 anos.

3) A informação de alguns especialistas de que o reator seria a fonte produtora de energia que emitiria menos C02 (gás carbônico) na atmosfera, produzindo menos efeito estufa. Consequentemente, seria útil para reduzir o aquecimento global.

“Acontece que informações mais recentes revelam realidade diferente, geralmente omitida pelos defensores da energia nuclear”, alerta a professora Emico Okuno, doDepartamento de Física Nuclear do Instituto de Física da Universidade de São Paulo (USP). “Para começar, não procede que o tempo médio de vida de um reator é 40 anos, 60 então nem fala. Isso é blefe.”

NOS EUA, OS REATORES DURAM, EM MÉDIA, 18,9 ANOS

Com base em modelos matemáticos, se estabeleceu que um reator tem vida útil média de cerca de 40 anos, agora de 60. É em cima desse prazo que se fixa o custo da energia nuclear.

Só que a prática está mostrando que eles duram muito menos. Dados até 2008 revelam que o tempo médio de vida dos reatores nos Estados Unidos é de 13,9 anos. Tempo máximo, 34 anos. E o mínimo, 1 ano. Lá, três funcionaram apenas um ano; e nove, em média, 7,6 anos.

“Eles foram fechados ou porque não eram economicamente viáveis ou porque tiveram algum tipo de problema”, diz a professora Emico. “Só os grandes acidentes tornam-se públicos, os menores, e eles ocorrem com frequência, não chegam à mídia.”

Na Alemanha, o tempo médio de vida dos reatores é de 13,8 anos. Tempo mínimo, 1 ano. Tempo máximo, 47 anos.

Na França, o tempo médio é de 19,6 anos. O mínimo, 9 anos. O máximo, 24.

Os do Reino Unido são os de vida mais longa: 34,7 anos, em média; mínimo, 18 anos; máximo, 47 anos.

“Portanto, a história de 40 e 60 anos, em média, é balela”, reforça a professora Emico, que, diga-se de passagem, não teve acesso a informações privilegiadas. “Elas estão no site da Agência Internacional de Energia Atômica, para quem quiser acessar. O que eu fiz foi analisar esses dados. As pessoas favoráveis à energia nuclear não mentem, mas elas também não contam, pois isso não lhes interessa dizer.”

Por falar nisso, quando termina a vida útil de um reator, ele tem de ser “destruído”. Esse processo chama-se descomissionamento. É a construção do reator ao contrário. Demora 60 anos para ele ser descomissionado totalmente e transformado num parque público. Isso sem contar o lixo radioativo de alta atividade que é o combustível exaurido produzido ao longo da existência dele.

O dinheiro gasto para o reator ser “destruído” é quase igual ao empregado para construí-lo. E quem paga essa conta? O governo ou a concessionária? Isso provavelmente não está escrito em lugar algum. É uma briga das boas.

CADEIA PRODUTIVA DE ENERGIA NUCLEAR PRODUZ MAIS CO2 DO QUE A HÍDRICA

“A informação de que a energia nuclear provocaria menor emissão de CO2 parece também que não é verdadeira”, observa a professora Emico. “Novos estudos indicam que a energia nuclear é mais poluente do que a hídrica.”

De uns três anos para cá, cientistas fizeram cálculos matemáticos dos níveis de emissão de CO2 das diferentes fontes de produção de energia. A partir daí elaboraram uma escala, indo do mais ao menos poluente. Em primeiro lugar, está o carvão, em segundo, o óleo combustível, em terceiro, gás, em quarto, a energia hídrica. Em seguida, energia solar, eólica, biomassa e – a menos produtora de CO2 – energia nuclear. Detalhe: esses autores consideraram a emissão de CO2 apenas no reator.

Mais recentemente outros cientistas decidiram levar em conta não apenas a emissão de CO2 no reator, mas em toda a cadeia produtiva para se obter a energia nuclear. Ou seja, desde a exploração do urânio na mina – é preciso dinamitá-la – até o seu enriquecimento para ser usado no reator como combustível.

Para se ter uma noção dessa cadeia, o urânio explorado no Brasil (quarta reserva do mundo) é extraído em Caetité (BA). Aí, é transformado em yellow cake, um pó amarelo. Via porto de Salvador, vai para o Canadá, onde é transformado em gás. Do Canadá vai para a França, para ser enriquecido. De lá, volta ao Brasil, para ser transformado em pastilhas, que serão usadas nos reatores de Angra 1 e Angra 2, no Rio de Janeiro. Há informações de que o Brasil já detém a tecnologia para fazer tudo isso aqui. De qualquer forma, o urânio teria de passar por etapas.

Pois bem, há estudos revelando que toda essa cadeia produtiva acaba produzindo mais CO2 do que a energia hídrica. Assim, a energia nuclear ocuparia o quarto lugar em termos de poluição e a energia hídrica, a quinta.

“Na verdade, todas as formas de energia têm algum tipo de problema”, pondera a professora. “A energia hídrica é limpa, mas leva à inundação de grandes áreas. Já a energia solar ainda é muito cara.”

E qual a posição da professora Emico Okuno em relação aos reatores nucleares?

“França e Japão, por exemplo, não têm muita alternativa. Já o Brasil, por enquanto, não precisa de reator para geração de energia”, expõe. “O Brasil tem condições de produzir muita energia a partir da energia hídrica, eólica, solar. No Nordeste do Brasil, há sol para dar e vender.”

“O Brasil, porém, precisa de reator nuclear para produção de materiais radioativos, para uso na Medicina”, defende a professora. “É para não ficarmos reféns de outros países, como aconteceu no ano passado. O reator do Canadá que fornecia radioisótopos teve de fechar. Praticamente o mundo inteiro ficou na mão. O Brasil conseguiu um pouco com a Argentina. Mas o conveniente é que tenhamos a nossa própria produção de material radioativo para fins médicos.”

Quando há um grave acidente nuclear, a discussão sobre os reatores reacende. Foi assim pós Three Mile Island, Pensilvânia, EUA, em 1979. Depois, pós Chernobyl. Com Fukushima não será diferente. A diferença é que agora há informações mais precisas para o debate. Por exemplo, considerando que duram muito menos do que se supunha, será muitos mais serão construídos? Será que do ponto de vista econômico se justificam, já que têm menor tempo de vida? E do ponto de vista ambiental, considerando que possivelmente sejam mais poluentes do que as energias hídrica, eólica, solar e a biomassa?
O fato é que por mais seguros que os reatores sejam, eles têm um risco. Fuskushima está aí para nos fazer refletir. Infelizmente.

*Matéria publicada originalmente no Vi o mundo

É PRECISO REDISCUTIR A POLÍTICA DE GERAÇÃO DE ENERGIA NUCLEAR



Entrevista com Luiz Pinguelli Rosa, publicado na revista Carta Capital nos leva a um bom momento de reflexão sobre a utilização da energia nuclear.
O desastre nuclear de Fukushima colocará a geração de energia por reatores atômicos em um “banco dos réus” da comunidade internacional. A Comunidade Europeia, os EUA e a China colocaram em quarentena seus planos nucleares. No Brasil, a discussão sobre a ampliação do programa para além de Angra 3 é “oportuna e indispensável”, na opinião do diretor do Instituto de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia (Coppe) da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Luiz Pinguelli Rosa. Mestre em Engenharia Nuclear, ele aponta o “equívoco original” no sistema de resfriamento da usina japonesa e diz que o motivo fundamental para um programa nuclear brasileiro é político:

CartaCapital: Qual é a gravidade da situação nuclear no Japão?
Luiz Pinguelli Rosa: Já são quatro os reatores de Fukushima acidentados. Todos romperam o prédio e o material radioativo saiu em parte. Já há pessoas afetadas na área próxima e há alguma radioatividade registrada em Tóquio.

CC: Em que pese a falta de mais informações claras, o senhor identificou algum erro possível nessa situação toda?
LPR: Houve um equívoco original. O ponto fraco foi o gerador de emergência, que não funcionou depois de ser atingido pela onda. Ora, bolas, esse gerador a diesel devia estar protegido contra ondas, num ambiente invulnerável. Isso é perfeitamente possível, geradores a diesel são peças simples. Agora, sabe-se há muitos anos que são pontos vulneráveis dos reatores. Máquinas desse tipo falham e os reatores, em caso de emergência, precisam da eletricidade. Foi uma falha grave deixá-los expostos à onda do mar. É claro que um tsunami é fenômeno raro, mas eles sabem que pode acontecer.

CC: Cabe alguma comparação com as usinas de Angra?
PR: Cabe a comparação, mas o reator de Angra é diferente daquele de Fukushima. Um é PWR, de água pressurizada. O de lá é BWR, de água fervente. O reator daqui tem alguma vantagem sobre o de lá. Mas também tem material radioativo e pode haver falha. Three Mile Island era um reator PWR e teve problemas sérios, inclusive uma explosão de hidrogênio dentro do prédio. A diferença é que o prédio de Three Mile Island resistiu à explosão, e o prédio de Fukushima, não.

CC: Qual é a diferença entre os prédios?

LPR: O de Three Mile Island era mais reforçado, mais parecido com o do nosso reator aqui. O PWR tem muita pressão dentro e usa um prédio mais reforçado. O de lá era uma tecnologia diferente.

CC: Mas houve vazamento de combustível em Three Mile Island, também, não?
LPR: Sim, mas para dentro do prédio. Ainda havia bastante contenção.

CC: E a comparação com Chernobyl?
LPR: Não, Chernobyl era uma tecnologia totalmente diferente. Foi um incêndio provocado por uma operação infeliz, o material radioativo queimou, o prédio desabou e uma quantidade gigantesca de material espalhou-se pelo Norte da Europa.

CC: O Japão deve rever sua política de geração de energia nuclear?
LPR: Claro, vai haver um debate enorme lá, com o susto que eles estão passando…

CC: A Alemanha também entrou na discussão e suspendeu algumas atividades…
LPR: A própria União Europeia teve uma reunião sobre isso. Não sei bem qual vai ser a decisão final, mas alguma revisão da energia nuclear vai haver. Ela pode ser absolvida, com alguns condicionantes.

CC: Quais?
LPR: Mudar a tecnologia, aprimorar. Já existe alguma coisa nessa direção, os chamados reatores avançados. Mas, por enquanto, só existe um deles em construção, na Finlândia.

CC: Qual é a diferença?
LPR: Ele permite a refrigeração sem bomba. É por convecção. Isso é uma vantagem, porque o problema em Fukushima foi justamente a falta de refrigeração. Por convecção, a água circula sozinha. A água quente sobe, a água fria desce. É o que acontece na casa da gente em um aparelho de ar refrigerado.

CC: O susto no Japão deu força à discussão sobre a necessidade ou não de energia nuclear no Brasil. É oportuno discutir isso agora?
LPR: Não é só oportuno, é indispensável. Não estou falando em desligar Angra 1 e Angra 2, mas é preciso discutir se haverá novos reatores além de Angra 3. É bastante questionável.

CC: O Brasil precisa de energia nuclear?
LPR: Não é indispensável. É uma escolha política por razões tecnológicas, por acesso à tecnologia nuclear. Desde o regime militar é assim. Não havia uma necessidade premente de energia nuclear. É um complemento, uma forma de gerar. Não é indispensável.

OBAMA : UM PRESIDENTE ANULADO PELO CONSERVADORISMO AMERICANO

Quando estourou a crise de 2007/2008, ela desabafou ao Presidente Lula no seu linguajar espontâneo e desabrido: “Que merda, nasci numa crise, vou morrer em outra”. Perto de completar 81 anos – veio ao mundo numa aldeia portuguesa em 24 de abril de 1930 - Maria da Conceição Tavares, felizmente, errou. Continua bem viva, com a língua tão afiada quanto o seu raciocínio, ambos notáveis e notados dentro e fora da academia e esquerda brasileira. A crise perdura, mas o Brasil, ressalta com um sorriso maroto, ao contrário dos desastres anteriores nos anos 90, ‘saiu-se bem desta vez.


A recuperação internacional, porém, será longa, adverte. “E dolorosa”. A razão principal é o congelamento do impasse econômico norte-americano, cujo pós-crise continua tutelado pelos interesses prevalecentes da alta finança em intercurso funcional com o moralismo republicano. ‘É um conservadorismo de bordel’, dispara Conceição que não se deixa contagiar pelo entusiasmo da mídia nativa com a visita do Presidente Barack Obama, que chega o país neste final de semana.

Obama, segundo ela, não consegue arrancar concessões do establishment americano. ‘Quase nada depende da vontade de Obama, ou dito melhor, a vontade de Obama quase não pesa nas questões cruciais. A sociedade norte-americana encontra-se congelada pelo bloco conservador, por cima e por baixo. Os republicanos mandam no Congresso; os bancos tem hegemonia econômica; a tecnocracia do Estado está acuada”. O entusiasmo inicial dos negros e dos jovens com o presidente, não tem contrapartida nas instâncias onde se decide o poder americano. “O que esse Obama de carne e osso poderia oferecer ao Brasil se não consegue concessões nem para si próprio?”, questiona e responde em seguida: ‘Ele vem cuidar dos interesses americanos. Petróleo, certamente. No mais, fará gestos de cortesia que cabem a um visitante educado’.

O desafio maior que essa discípula de Celso Furtado enxerga é controlar “a nuvem atômica de dinheiro podre” que escapou com a desregulação neoliberal – “e agora apodrece tudo o que toca”. A economista não compartilha do otimismo de Paul Krugman que enxerga na catástrofe japonesa um ponto de fuga capaz, talvez, de exercer na etapa da reconstrução o mesmo efeito reordenador que a Segunda Guerra teve sobre o capitalismo colapsado dos anos 30. “O quadro é tão complicado que dá margem a isso: supor que uma nuvem de dinheiro atômico poderá corrigir o estrago causado por uma nuvem nuclear verdadeira. Respeito Krugman, mas é mais que isso: trata-se de devolver o dinheiro contagioso para dentro do reator, ou seja, regular a banca. Não há atalho salvador’.

MARIA DA CONCEIÇÃO TAVARES

REATORES NUCLEARES - ENERGIA NUCLEAR NÃO É LIMPA NEM SEGURA.

Clique no esquema abaixo para visualizá-lo melhor:

Que garantias existem que uma usina núclear não pode se transformar em uma bomba atômica no momento em que acidentes fora de controle como no terremoto no Japão acontecem?
Normalmente, o sistema de segurança desliga automaticamente os reatores depois de tremores. Para que não permaneçam aquecidos, é preciso acionar um sistema de refrigeração. Por causa do tsunami, faltou eletricidade necessária para que isso acontecesse.


A água resfria os elementos combustíveis compostos de urânio enriquecido. Eles permanecem dentro de uma espécie de piscina. Resfriada, ela evita o acúmulo de vapor radiativo no vaso de contenção externo, feito de concreto. Se a água não for resfriada, válvulas liberam esse vapor, como forma de impedir uma pressão insuportável dentro da proteção externa e o superaquecimento dos elementos combustíveis.


A liberação controlada do vapor radioativo foi determinada pelo governo japonês, como medida de emergência para evitar o risco de um acidente maior.

A explosão do reator poderia provocar uma catástrofe nuclear.

"Depois de Chernobyl, não houve nenhum acidente importante. Isso deu aos engenheiros nucleares a certeza de que a tecnologia estava dominada. O acidente japonês vai destruir as esperanças de que a energia nuclear é uma energia limpa", disse o professor e físico nuclear José Goldemberg, é o pior acidente nuclear desde Chernobyl.

A CRISE DA ÁGUA NO MUNDO

Aproxima-se mais um dia mundial da água e novamente será pelo menos por um dia dado destaque a um problema que está levando o mundo a uma crise de dimensões inimagináveis.
Apenas 0,65% da água do planeta é potável. Os recursos hídricos são esgotáveis e estão sendo rapidamente poluidos. Mais de 1,2 bilhões de pessoas no mundo não tem acesso seguro à água potável.

Dois meninos sudaneses bebem água equipados com tubos de plástico fornecidos pelo Centro Carter para se precaverem contra as larvas de veiculação hídrica, que são responsáveis por doenças do verme da Guiné. O Programa já distribuiu milhões de tubos e reduziu a propagação desta doença debilitante em 70%


Soldados chineses examinam a água engarrafada após cidade de 3,8 milhões de moradores perderem o acesso à água potável. A falta de água leva ao pânico e os preços sobem.

Mais de 2 bilhões de pessoas no mundo dependem de poços d’água, como esses aldeões quenianos no Patê Island, dedicam inúmeras horas para coletar e transportar o valioso recurso.

A Índia com uma população de mais de 1,1 bilhões de habitantes está a caminho de ultrapassar a China como o país mais populoso do mundo. Apesar da economia do país crescer rapidamente, eles enfrentam problemas sérios com saneamento básico e água potável. O Banco Mundial estima que mais de 20% das doenças transmissíveis na Índia são relacionadas à água imunda.

Unidade de dessalinização na Espanha para tornar a água potável. O país possui 700 usinas de dessalinização para produzir 800 milhões de litros anuais.

No Brasil a desertificação já atinge 7 estados e 30 milhões de pessoas. Além do Nordeste, problema afeta áreas em Minas Gerais e Rio Grande do Sul, o que significa 15% do território brasileiro ou, 1,3 milhão de km2

Em São Paulo os Rios Tiête e Pinheiros acumulam atualmente 4,2 milhões de metros cúbicos de sedimentos, volume que corresponde a 350 mil caçambas de caminhão

AS MULHERES MAIS PODEROSAS DO MUNDO

Algumas mulheres no decorrer da História acumularam bastante poder e influência política. Quem não se lembra de Margaret Thatcher, a dama de ferro; Indira Gandhi e tantas outras. No mês da mulher relembro aqui as mulheres mais poderosas do século 21.
- UCRÂNIA: Yulia Timoshenko, primeira-ministra pela primeira vez de janeiro a setembro de 2005. Em dezembro de 2007, foi novamente designada chefe do governo.

- CROÁCIA: Jadranka Kosor é primeira-ministra desde julho de 2009.
LITUÂNIA: Dalia Grybauskaite, eleita em 18 de maio de 2009
- BANGLADESH: Cheija Hasina Wajed foi escolhida primeira-ministra em janeiro de 2009. Já havia exercido a função entre 1996 e 2001.
- ISLÂNDIA: Johanna Sigurdardottir, primeira-ministra desde fevereiro de 2009. Primeira mulher a chefiar o governo na Islândia.
- IRLANDA: Mary McAleese assumiu a presidência da República da Irlanda após vencer as eleições de outubro de 1997. Foi reeleita em outubro de 2004.
- ÍNDIA: Pratibha Patil, eleita em julho de 2007, primeira mulher a chegar à presidência na Índia.

- FINLÂNDIA: Primeira mulher a ocupar a presidência, Tarja Halonen foi eleita em fevereiro de 2000 e reeleita em janeiro de 2006.
- COSTA RICA: Laura Chinchilla foi eleita em fevereiro de 2010, primeira mulher a governar o país.


- ARGENTINA: Cristina Kirchner, eleita em outubro de 2007.
- ALEMANHA: Angela Merkel, eleita chanceler em novembro de 2005, foi a primeira mulher designada para o cargo no país, maior economia da Europa.
- BRASIL: Dilma Rousseff, eleita a primeira mulher presidenta do Brasil em outubro de 2010


DIREITOS DA MULHER - A EXTRAORDINÁRIA LUTA DE MALALAI JOYA

Quatro tentativas de assassinato,  ameaças de morte, insultos freqüentes – o mais repetido, “puta” – e agressões físicas dentro do parlamento afegão no qual exerce mandato de deputada desde 2005 não tem conseguido intimidar Malalai Joya.

Na postagem de ontem (02/03) falei sobre o processo de crescimento político das mulheres de Ruanda que dominam o Parlamento com 56% de participação. A situação do Afeganistão é completamente diferente. Sob a presidência de Hamid Karzai, violência doméstica, assassinatos e ataques com ácido estão em ascensão. Apesar disso, as mulheres não permanecem em silêncio: há porta-vozes, como Malalai Joya, eleita deputada em 2005 aos 27 anos – o que fez dela a representante mais jovem do Parlamento.

Joya passou uma parte da infância e da juventude em um campo de refugiados no Paquistão, mas depois pôde usufruir de uma boa educação e aprendeu inglês. Durante o governo dos talibãs, retornou à sua cidade natal, em Farah. Ocupou-se de um posto de saúde e da organização de cursos de alfabetização clandestinos para mulheres. Além disso, como observa a socióloga Carol Mann, “desde o começo de sua carreira política, ela provoca a fúria de seus colegas parlamentares ao criticar constantemente seu passado de chefes de guerra e suas atividades vinculadas ao tráfico de drogas e à militância islâmica incondicional. Incansável, ela também denuncia as políticas de Estado que violam os direitos humanos, em particular os das mulheres”.

Joya tem como principais inimigos os partidos reacionários e os fundamentalistas religiosos. Escapou de várias tentativas de assassinato e, em Cabul, foi agredida por parlamentares. “Eles podem me matar, mas não podem matar a voz das mulheres afegãs. Não estou sozinha”, declarou em 2007. Mulheres de burka, erguendo cartazes, manifestaram-lhe apoio em Farah, Jalalabad e Cabul. Em seguida, foi excluída do Parlamento após uma entrevista televisiva em que comparou a assembléia afegã a um zoológico.

A representante mais jovem e valente do Congresso afegão, não cala quando se trata de denunciar a violência que sofrem as mulheres do Afeganistão. “A legislação afegã é pior que um estábulo; a maioria dos parlamentares são responsáveis pela morte de milhares de pessoas e pelos maus tratos às mulheres” Malalai acusa os EUA de fazer vista grossa ante os despropósitos do governo de Hamid Karzai.

Paradoxalmente, a mesma burka contra a qual sempre lutou se converteu no único passaporte possível para andar pelas ruas de seu país sem ser reconhecida. “O que mais me preocupa é que se acontecer algo comigo, as mulheres e as pessoas pelas quais luto perderão a esperança. Podem matar-me, mas não esconder a verdade. O maior problema do Afeganistão é a falta de segurança. Se os EUA querem acabar com o Taliban devem pressionar o governo de Karzai que mude as leis e limpe o parlamento dos terroristas que cometem crimes contra seu próprio povo. Aliás tem que investir em educação. As pessoas se tornam terroristas porque são analfabetas e tem suas emoções manipuladas com facilidade.”


Malalai Joya recebe menina queimada com ácido

DIA INTERNACIONAL DA MULHER: O EXEMPLO AFRICANO


Ao considerar os melhores exemplos da presença feminina no mundo político, pensa-se automaticamente nos países escandinavos. Entretanto, o país que encabeça a lista com maior representação feminina no parlamento se encontra no coração da África: Ruanda.

Localizada em uma das regiões mais conflituosas da África, Ruanda é um pequeno país de terras férteis, com uma das densidades populacionais mais altas do mundo: aproximadamente 400 habitantes por quilômetro quadrado.
O país é um dos líderes em um fenômeno global que está repercutindo também na África: o fortalecimento da posição da mulher - um processo que na África foi realizado com surpreendente rapidez. Em duas décadas, a representação parlamentar das mulheres no continente cresceu de 6%, em 1988, a 18% atualmente.
No caso de Ruanda, esta cifra é recorde, com 56% de participação feminina no parlamento. A Suécia é o segundo país, com 47% de parlamentares mulheres. No Brasil, a participação feminina no Congresso Nacional não passa de 9%.

Desde as eleições gerais de 2008, elas representam 56,3% dos deputados: um recorde invejável até mesmo aos países escandinavos, campeões da paridade política na Europa. As ruandesas obtiveram o direito ao voto apenas em 1961, quando o país conquistou a independência. Em 1965, a primeira eleita assumiu seu posto no Parlamento, mas até os anos 1990 as mulheres estiveram praticamente ausentes do mundo político. Foi o genocídio dos Tutsi em 1994 que modificou esse cenário. “Quando muitos homens morreram ou ficaram incapazes de agir, as mulheres assumiram responsabilidades e mostraram que podiam estar à altura”, relembra Immaculée Ingabire, coordenadora da Coalização Nacional Contra a Violência Contra a Mulher. “Ainda que massivamente violadas, foram as ruandesas que tiraram o país do caos. Isso enfraqueceu o machismo tradicional”, acrescenta ela.
Ao longo do período pós-genocídio, as mulheres passaram a comandar quase um terço dos lares, ocuparam empregos antes reservados aos homens (em particular nos setores da construção civil e da mecânica), e aderiram massivamente aos partidos políticos. Participaram da elaboração da Constituição de 2001 e conseguiram inscrever nela um sistema de cotas que reserva às mulheres 30% dos postos em todos os órgãos decisórios, assim como o direito à herança. Exigiram também a criação de um Ministério de Gênero e da Condição Feminina e foram bem-sucedidas na implementação de Conselhos nacionais femininos, que constituem um exemplo de representação das mulheres em todos as esferas de poder, desde o bairro até o nível mais alto da nação. No governo, os Ministérios da Indústria, da Agricultura, das Relações Internacionais e da Energia estão a cargo de mulheres.

Trabalho precarizado

As dificuldades, contudo, persistem. Segundo um relatório oficial, “74% dos secretários-gerais dos Ministérios são homens, assim como 81% dos diretores e 67% dos funcionários. As mulheres predominam, sobretudo, nos cargos de assistência administrativa e secretariado”. Do mesmo modo, na iniciativa privada, “as mulheres permanecem majoritárias nas atividades precárias e mal remuneradas no setor informal […] e são proprietárias de apenas 18% das empresas”. Em relação à violência, a situação continua sombria: “Existe uma verdadeira vontade política, mas ainda é preciso fazer as mentalidades evoluírem e mostrar que a cultura não é imutável, que toda cultura é capaz de transformar suas tradições. Atualmente, viso às novas gerações”, diz Ingabire.