MANIFESTO DE UM INDIGNADO CLIMÁTICO PARA 2013


 
Há noites em que sonho. Sonho com uma humanidade capaz de viver bem e feliz dentro dos limites climáticos do planeta. Sonho com um mundo solidário com os pequenos Estados insulares que serão os primeiros a desaparecer do mapa se não retificarmos os rumos. Sonho com os dirigentes da delegação filipina que, após ver seu país arrasado pelo tufão Bopha, suplicou à comunidade internacional que “abra os olhos e vejam a realidade a sua frente. Sonho com um homem e uma mulher “climaticus racionales” ante os alertas constantes dos cientistas de que já está ocorrendo um aquecimento global acima das previsões mais pessimistas. Dito de outra maneira, sonho com que Sandy não seja mais que o nome de uma criança normal, não de um devastador furacão.

Nossos sonhos não entram em suas cúpulas. Desde logo, este sonho não é aquele que os dirigentes tem desenhado na última cúpula sobre mudanças climáticas em Doha, no Catar. O mundo pós Doha, na linha das fracassadas cúpulas anteriores em Copenhague, Cancún e Durban, é um mundo onde primam os egoísmos dos grandes contaminadores, começando com EUA, Rússia e Japão. É um mundo onde o protocolo Kioto, que representa apenas 15% das emissões mundiais é apenas uma plástica verde das políticas insustentáveis e irresponsáveis das grandes potencias mal desenvolvidas e emergentes. É um mundo que encaminha a humanidade, começando pelas pessoas e grupos mais empobrecidos e vulneráveis, para o pior cenário climático possível, ou seja, um aumento de 4º C no final do século. É um mundo onde triunfará a arrogância e o cinismo.

Hoje o clima e a vida de milhões de pessoas são mercadoria nas mãos de políticos e banqueiros, de empresas multinacionais que pressionam para que seus interesses milionários não sejam afetados. Assim, não podemos nos resignar ante a oligarquia que nos leva direto ao colapso ou ao ecofascismo, onde uns poucos repartem os pedaços da natureza. Parafraseando Stéphane Hessel, lutemos contra a indiferença climática – e ecológica em geral – e convoquemos uma revolução pacífica a favor da vida e do bem comum. Está em jogo a sobrevivência da civilização, da humanidade, a de nossos filhos e filhas, a minha e a tua.

Se você também é um indignado climático, passe a ação, não espere que os que não nos representam atuem por tí. Difunde este manifesto, seja um portavóz dos sem vóz, defenda seu futuro e o de sua família. Em tua casa, teu bairro, teu trabalho, na praça pública, ponha a justiça climática e ambiental no centro de tuas preocupações. Uma-se a redes e coletivos que em torno de você propõem outros mundos possíveis e já buscam construir desde a base alternativas ecológicas e sociais. Tens muito poder, não o desperdice: o todo é mais que a soma de suas partes. Assim de um passo à frente e grite aos quatro ventos: eu também sou um indignado climático.
 
Florent Marcellesi (indignado climático; ativista e teórico da ecologia política)

ENERGIA EÓLICA - BRASIL É LIDER NA AMÉRICA LATINA


 
A energia eólica vem crescendo a passos largos no Brasil. No país, a marca de 1 GW (1000 MW) foi alcançada em junho de 2011. A maioria dos parques eólicos nacionais se encontra nas regiões Nordeste e Sul do país. Em 2004, foi lançado pelo governo federal o Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica (Proinfa), entre elas a energia eólica. Além disso, desde 2009, tem sido realizados leilões de energia eólica no país.

Desde o governo Lula vem se investindo vigorosamente na ampliação da geração de energia eólica, que em 2012 já atinge 2% do total de energia produzida. As instalações totais para o período 2012-2016 devem chegar a 255 GW, com um crescimento cumulativo médio do mercado um pouco abaixo de 16%.

Até o final de 2016, a capacidade total de energia eólica mundial será pouco menor do que 500 GW, diante de um mercado anual de cerca de 60 GW previsto para esse período. Os dados são de um relatório anual do Conselho Global de Energia Eólica (GWEC, na sigla em inglês).

 O Brasil vem se estabelecendo como grande mercado internacional, já dominando o latino-americano. Com uma forte base industrial, o país é considerado capaz de abastecer o Cone Sul, e será responsável, em vasta maioria, pelo crescimento regional até 2016.

A expansão planejada da energia eólica na matriz elétrica brasileira em cerca de cinco vezes até 2016 criará desafios para o setor no país, avaliou nesta quarta-feira (3) a agência de classificação de riscos Moody's.

 A energia eólica no Brasil tem sido viabilizada em contratos de longo prazo a preços considerados cada vez mais competitivos, provocando uma tendência de queda nas tarifas para os geradores. Além disso, a intermitência da energia eólica é um desafio adicional para a rede de transmissão, segundo a Moody's.

"Devido a sua variabilidade, a energia eólica elevará a complexidade das operações e será necessária uma capacidade adicional de outras fontes para suportá-la", segundo a agência.

A Moody's acrescentou ser importante que os projetos eólicos atinjam de fato os fatores de capacidade planejados, já que os estudos dessa fonte de energia no Brasil "são baseados em dados históricos limitados". Conforme a agência, "previsões excessivamente otimistas poderiam levar à insuficiência de fluxo de caixa para alguns projetos".
Segundo ONG, os aerogeradores necessitam de velocidade mínima de vento entre 3,5 e 6 metros por segundo/Foto: Mamboman 1

FIM DO MUNDO SERÁ UMA AGONIA LENTA


 
Guerra nuclear, pandemia viral, mudança climática: a suposta profecia maia do fim do mundo não será cumprida, mas o apocalipse já começou e a agonia será lenta, alertam os cientistas

"A ideia de que o mundo acabará subitamente, por uma causa qualquer, é absurda", declarou o cientista da Nasa e especialista em vida no espaço David Morrison.

"A Terra existe há mais de 4 bilhões de anos, e passarão ainda muitos outros antes de o Sol tornar nosso planeta inabitável", afirmou o cientista, que criticou as "ridículas" versões que preveem o fim do mundo para 21 de dezembro de 2012, injustamente atribuído ao calendário maia.

Daqui a quase 5 bilhões de anos, o Sol se transformará em um "gigante vermelho", mas o calor crescente terá, muito antes, provocado a evaporação dos oceanos e o desaparecimento da atmosfera terrestre. O astro se resfriará depois, até a extinção.

"Até lá, não existe nenhuma ameaça astrônomica ou geológica conhecida que poderia destruir a Terra", disse Morrison.

Mas será que a ameaça poderia vir do céu, como demonstram algumas produções de Hollywood que descrevem gigantescos asteroides em choque com a Terra? Uma catástrofe similar, que implica um astro de 10 km a 15 km de diâmetro, caiu sobre a atual península mexicana de Yucatán, causando provavelmente a extinção dos dinossauros há 65 milhões de anos.

Os astrônomos da Nasa afirmam que não é provável que aconteça uma catástrofe similar em um futuro previsível.

"Estabelecemos que não há asteroides tão grandes perto do nosso planeta como o que terminou com os dinossauros", declarou o cientista, acalmando os temores de alguns sobre um fim do mundo em breve.

Além disso, se um asteroide provocou a extinção dos dinossauros e de muitas espécies, não conseguiu erradicar toda a vida na Terra. A espécie humana teria a oportunidade de sobreviver, destacou Morrison.

 

Risco de pandemias

 Sobreviver a uma pandemia mundial de um vírus mutante, como a gripe aviária H5N1, poderia ser mais complicado, mas "não provocaria o fim da humanidade", explica Jean-Claude Manuguerra, especialista em virologia do Instituto Pasteur de Paris.

"A diversidade de sistemas imunológicos é tão importante que há pelo menos 1% da população que resiste naturalmente a uma infecção", afirmou o especialista da revista francesa "Sciences & Vie", que consagrou um número especial ao fim do mundo.

Apesar da tese de uma guerra nuclear ter perdido força desde o fim da Guerra Fria, ela não desapareceu completamente.

O número de vítimas dependeria de sua magnitude, mas inclusive um conflito regional – como entre Paquistão e Índia – bastaria para causar um "inverno nuclear" com efeitos em todo o planeta, como uma queda das temperaturas que impossibilitaria a agricultura, por exemplo.

Mas os cientistas demonstram inquietação com a mudança climática a alertam que o aquecimento do planeta é o que mais se parece com o temido fim do mundo.

E desta vez não são simples temores e hipóteses. Secas, tempestades e outras catástrofes naturais se tornariam mais frequentes e intensas com o aumento das temperaturas mundiais, que poderiam registrar alta de 2° C, 4° C e até 5,4° C até 2100.

Isso equivaleria a um suicídio coletivo da espécie humana, advertem os cientistas, que intensificam os pedidos para conter o devastador aquecimento do planeta.

RECUPERAR OCEANOS CUSTARÁ R$ 10 BILHÕES INICIAIS


 
Um relatório recém-divulgado pela ONU estima ser necessário aplicar US$ 5 bilhões (R$ 10,4 bilhões, em valores atuais) como investimento inicial para reverter a degradação dos oceanos no mundo. Os recursos, se aplicados ao longo dos próximos 20 anos, serão suficientes para catalisar ações e novos fluxos financeiros na recuperação dos mares.

O objetivo do documento, chamado "Catalisando o Financiamento dos Oceanos", é ajudar empresas privadas e o setor público a criar políticas claras e incentivos para a proteção dos mares, uma vez que a degradação oceânica atinge centenas de milhões de pessoas nos países mais pobres.

Segundo o chefe de governança de água e oceano do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), Andrew Hudson, os mares estão "sob séria ameaça devido à poluição, superexploração, perda de habitat, espécies invasoras e mudanças climáticas".

As afirmações foram feitas durante o lançamento do relatório nos EUA, na última sexta-feira (14), de acordo com o site da ONU.

O documento defende a aplicação de uma mistura de políticas públicas e ações de mercado para a preservação dos oceanos e sua gestão sustentável. O problema não é "irreversível", aponta o relatório, se houver um bom gerenciamento dos mares.

AQUECIMENTO ANTÁRTICO PODE ELEVAR NIVEL DO MAR EM 3 METROS


 
A porção ocidental da Antártica está se aquecendo quase duas vezes mais rápido do que se acreditava anteriormente, um fato que aumenta os temores de um derretimento que elevaria o nível do mar, de acordo com um estudo divulgado neste domingo (23).

O grande e inesperado impulso no aquecimento eleva o temor de que a camada de gelo possa ser vulnerável ao descongelamento. A Antártica Ocidental tem gelo suficiente para elevar o nível do mar em pelo menos 3,3 metros se toda ela se derreter, num processo que poderia levar séculos. A elevação do nível do mar pode ocorrer de São Francisco, nos EUA, a Xangai, na China, segundo a pesquisa.

As temperaturas médias anuais na estação de pesquisa de Byrd, na Antártica Ocidental, subiram 2,4 ºC desde os anos 1950, um dos crescimentos mais velozes no planeta e três vezes a média mundial de mudanças climáticas, revelaram os cientistas responsáveis pelo estudo.

A parte ocidental da camada de gelo [da Antártica] está experimentando quase duas vezes o aquecimento que se imaginava que iria ocorrer", diz uma nota da Universidade Estadual de Ohio, dos EUA, responsável pelo estudo.

O aquecimento "levanta novas preocupações sobre a futura contribuição da Antártica para o aumento do nível do mar", diz o comunicado. Temperaturas mais altas no verão provocam o risco de derretimento da superfície de gelo e neve, embora a maior parte do continente fique congelada ao longo de todo o ano.

 Países de baixa altitude, como Bangladesh e Tuvalu, são especialmente vulneráveis à elevação do nível do mar, como são as cidades costeiras, de Londres a Buenos Aires. O nível do mar subiu cerca de 20 centímetros no século passado.

O painel de especialistas em clima da ONU estima que o nível do mar vá aumentar entre 18 e 59 centímetros neste século, e que a elevação poderá ser ainda maior se o degelo da Groenlândia e da Antártica se acelerar em decorrência do aquecimento global causado pelas atividades humanas.

IGREJA CATÓLICA RECONHECE QUE BIG BANG DEU ORIGEM AO UNIVERSO


 
A notícia não é nova, na realidade foi em 2011. Estranhamente não vi nenhuma divulgação do fato pela imprensa muito menos pela própria igreja.
Tentando amenizar a imagem de retrógrada da Igreja Católica, o Papa Bento XVI reconheceu o Big Bang como um evento legítimo – mas, segundo o pontífice, Deus teria causado o evento.
De acordo com o Papa, a criação do Universo não foi um acontecimento aleatório, que aconteceu por coincidência. Deus teria planejado o Big Bang.
A imagem de retrógrada da Igreja vem dos tempos em que Galileu foi condenado por pregar a teoria heliocêntrica , que dizia que a Terra girava ao redor do Sol, e não o contrário. Agora a igreja  está se aproximando mais da ciência, a medida que se afasta de seguir ensinamentos literais da Bíblia, buscando interpretá-los.
No ano passado, por exemplo, o prefeito da cidade do Vaticano, o Cardeal Giovanni Lajolo e mais uma comitiva de religiosos visitou o CERN, laboratório onde fica o Grande Colisor de Hádrons. De acordo com ele, a ciência irá ajudar a fé dos católicos a se purificar.
A declaração do Papa faz com que os criacionistas fiquem com um pé atrás – a Igreja, pelo menos a Igreja Católica Romana,  afinal, não divulgará  mais que Deus criou o mundo em seis dias e descansou no sétimo.
Todos que conhecem um pouco de História Geral sabem que a "cultura romana" nada tem de original, sendo em sua totalidade formada pela aquisição de conhecimentos e arte dos povos conquistados militarmente. Os cristãos eram uma pedra no sapato de Roma. Tanto que Jesus, mesmo tendo afirmado inúmeras vezes  que seu reino "não era deste mundo", foi considerado um perigo para o Estado e crucificado e os ditos  cristãos jogados em arenas para as feras, numa perseguição cruel e sanguinária.
Mas os Cristãos foram para as catacumbas subterrâneas, conseguindo sobreviver e logo ganharam a adesão de muitos. O que fizeram os romanos, então? Já que não conseguiram vencê-los, juntaram-se a eles, apropriando-se da religião emergente, não sem antes alterá-la para melhor servir aos seus intentos de dominação. Escrituras tomaram forma, trazendo em si dogmas inquestionáveis.
O papa Bento XVI, no início de 2011, declarou que a Igreja Católica aceita a realidade física do Big Bang, fazendo a ressalva de que não foi, de modo algum, um evento casual, aleatório ou fruto de uma variação quântica. Afirmou que o Big Bang foi fruto da vontade Divina e planejado "com antecedência" por Deus!
Incrivelmente, a mesma estratégia é usada.  Já que não puderam queimar Richard Feynman na fogueira, como queimaram Giordano Bruno, e Stephen Hawkins já está muito mais "preso" do que Galileu e mesmo assim continua descobrindo as profundezas da realidade física, resolvem se juntar ao inimigo novamente e desejam se apossar da ciência que agora é encarada pela Igreja Católica como uma ferramenta para purificar a fé dos Cristãos!

GELEIRAS DERRETEM À TAXA MAIS RÁPIDA DA HISTÓRIA


 
Há décadas, cientistas do mundo todo procuram analisar com alguma precisão o derretimento de calotas polares causado pelo aquecimento global. Quanto gelo derreteu? Em que ritmo isso vem ocorrendo? Onde, exatamente, o fenômeno é mais grave?
Infelizmente, a grande variedade de métodos tornou a conciliação das informações quase impossível. Contudo, apesar das dificuldades, uma equipe de cientistas conseguiu obter dados precisos a partir dessas análises – e os resultados foram divulgados essa semana.
De acordo com o estudo, os mantos de gelo da Groenlândia e da Antártida estão perdendo massa em um ritmo pelo menos três vezes maior do que acontecia nos anos 1990. Além disso, desde 1992, o derretimento desse gelo contribuiu para uma elevação de 11 milímetros no nível dos oceanos.
“Conforme o clima esquenta, nós perdemos mais massa, e as perdas serão maiores no final do século”, alerta Ian Joughin, um dos autores da pesquisa. “A partir de qualquer registro de 20 anos, e deste em especial, não podemos extrapolar. Mas podemos ver que a tendência cresce, e que é algo com que devemos ficar preocupados”.
Os dados do estudo são consideravelmente mais precisos do que os do relatório climático do IPCC (sigla em inglês para “Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas”) de 2007, que rendeu o Prêmio Nobel da Paz aos autores. Para chegar a essas informações, 47 cientistas de 26 instituições analisaram dados coletados durante 50 anos por 10 satélites diferentes.

 Precisão necessária

Estudos anteriores feitos sobre o derretimento dos mantos de gelo da Antártida e da Groenlândia tiveram resultados muito variados, o que dificultava a elaboração de modelos climáticos precisos.
Para obter informações concretas, a equipe correlacionou dados obtidos a partir dos mesmos locais e nas mesmas épocas, além de descartar resultados que não pudessem ser checados por comparação. Além disso, os pesquisadores usaram física nuclear para examinar alterações em rochas da Antártida, vendo quanto tempo elas passaram expostas ao sol ou sob o gelo. Satélites foram indispensáveis para a coleta de dados, e o estudo reforçou a importância dessa tecnologia.
Ainda assim, muitas variáveis permanecem pouco compreendidas, como a física das geleiras, ondas e circulação marinha, por exemplo. Cientistas do clima querem mais (e melhores) dados sobre o derretimento de geleiras para aprimorar seus modelos.
“Economistas podem dizer que o mercado de ações deverá estar em alta em 2100, mas não podem fazer previsões precisas, e também não podem simplesmente pegar um período de 20 anos, extrapolar e pensar que terão a resposta certa”, compara Joughin. Seja como for, as evidências que temos sobre o aumento do nível dos oceanos estão mais sólidas do que nunca.
Do Hypescience

HÁ ÁGUA ABUNDANTE EM MERCÚRIO


Dada a sua proximidade com o sol, Mercúrio não parece um lugar provável para se encontrar gelo. No entanto, a inclinação do eixo de rotação do planeta é quase zero – menos de um grau -, de forma que alguns “bolsões” (“crateras”) nos polos do planeta nunca veem a luz solar.
Décadas atrás, os cientistas sugeriram que poderia haver gelo e outros compostos voláteis congelados presos nessas regiões polares. A ideia recebeu um impulso em 1991, quando o telescópio de Arecibo, em Porto Rico, detectou manchas brilhantes nos polos de Mercúrio, pontos que refletiam as ondas de rádio na forma como se esperaria se houvesse água congelada lá. Muitas dessas manchas correspondiam à localização de crateras de impacto mapeadas pela sonda Mariner 10 em 1970. Mas como a sonda tinha observado menos de 50% do planeta, os cientistas não tinham um diagrama completo dos polos para comparar com as imagens.

 A chegada da Messenger em Mercúrio, no ano passado, mudou isso. Imagens da sonda feitas em 2011 e no início deste ano confirmaram que as manchas brilhantes estão dentro das regiões sombreadas na superfície de Mercúrio, e os resultados são consistentes com a hipótese de água congelada.
Agora, novos dados indicam fortemente que a água congelada é o constituinte principal dos depósitos no polo norte de Mercúrio. O gelo está exposto na superfície dos depósitos mais frios, mas está enterrado sob um material excepcionalmente escuro na maior parte do depósitos, áreas onde as temperaturas são “quentes” demais para que o gelo seja estável na superfície.

 A confirmação
Messenger utilizou espectroscopia de nêutrons para medir as concentrações médias de hidrogênio dentro das manchas. Concentrações consistentes com água congelada foram obtidas.“Os dados indicam que os depósitos polares contêm, em média, uma camada rica de hidrogênio com mais de dezenas de centímetros de espessura abaixo de uma camada superficial de 10 a 20 centímetros de espessura, que é menos rica em hidrogênio”, afirma David Lawrence, da Universidade Johns Hopkins e principal autor de um dos artigos. “A camada enterrada tem um teor de hidrogênio de acordo com água congelada quase pura”.
Dados do MESSENGER Laser Altimeter (MLA), que já disparou mais de 10 milhões de pulsos de laser no planeta para fazer mapas detalhados da topografia de Mercúrio, corroboram os resultados de radar e medições de espectrômetro de nêutrons da região polar de Mercúrio.
“A correlação de refletância observada com temperaturas modeladas indica que as regiões opticamente brilhantes são consistentes com gelo de superfície”, explica Gregory Neumann, da NASA.

 O MLA também registrou manchas escuras com refletância diminuída, o que está de acordo com a teoria de que o gelo nas áreas é coberto por uma camada de isolamento térmico. Neumann sugere que impactos de cometas ou asteroides ricos em material volátil podem ter fornecido tanto os depósitos escuros quanto os brilhantes, uma descoberta confirmada em um terceiro estudo, liderado por David Paige, da Universidade da Califórnia, em Los Angeles. Paige e seus colegas analisaram os modelos detalhados da superfície e temperatura das regiões polares de Mercúrio utilizando a topografia real do planeta medida pelo MLA. As medidas “mostram que a distribuição espacial das regiões está bem adaptada pela distribuição prevista de água congelada termicamente estável”, disse Paige.
O material escuro é provavelmente uma mistura de compostos orgânicos complexos levados a Mercúrio por impactos de cometas e asteroides, os mesmos objetos que provavelmente levaram gelo ao planeta. Esse material pode ter obscurecido por exposição à radiação na superfície de Mercúrio, mesmo em áreas permanentemente sombreadas.

 Tem gelo… e agora?

 Apesar da confirmação, esperada há mais de 20 anos, de que o planeta mais próximo do sol acolhe gelo abundante em suas regiões polares, as novas observações também levantaram novas questões.
Os materiais escuros nos depósitos polares consistem principalmente de compostos orgânicos? Que tipo de reações químicas o material tem experimentado? Há alguma região sobre ou dentro de Mercúrio que pode ter tanto água líquida quanto compostos orgânicos?

Só com a exploração contínua de Mercúrio poderemos responder essas novas questões. O jeito é aguardar por mais notícias boas da Messenger.

CURIOSITY - FOTOS DE MARTE


 
É para turista nenhum botar defeito: são nada menos do que 17 câmeras de curiosidade.Este gráfico mostra as localizações das câmeras do robô Curiosity, da NASA, que chegou a Marte nesta segunda-feira.
O mastro do robô possui sete câmeras: o Micro Imageador Remoto, parte do conjunto chamado "Química e Câmera"; quatro câmeras de navegação em preto-e-branco (duas à esquerda e duas à direita) e duas câmeras coloridas principais no mastro, as chamadas Mastcams, que deverão fazer as melhores fotos.
A Mastcam esquerda tem uma lente de 34 milímetros, e a Mastcam direita tem uma lente de 100 milímetros.
Há nove câmaras fixas montadas no robô marciano: dois pares de câmeras preto-e-branco de navegação, para evitar choques com qualquer coisa marciana (Hazard Avoidance Cameras), outro par montado na parte traseira do robô (indicadas pelas setas tracejadas) e a MARDI (Mars Descent Imager), também colorida.
Há ainda uma câmara na extremidade do braço robótico, que ainda está retraída, não podendo ser vista neste gráfico. Ela se chama MAHLI (Mars Hand Lens Imager).
As fotos mais panorâmicas da paisagem marciana enviadas até agora, clique nas imagens para ampliá-las:



NASA ESTUDA MOTOR MAIS RÁPIDO QUE A LUZ


 
Recentemente, o físico Harold White e sua equipe na NASA anunciaram que estavam trabalhando no desenvolvimento de um motor de dobra capaz de viajar mais rápido do que a luz.
O projeto é inspirado em uma equação formulada pelo físico Miguel Alcubierre em 1994, e pode, eventualmente, resultar em um motor que poderia transportar uma nave espacial para a estrela mais próxima de nós em questão de semanas – sem violar a lei da relatividade de Einstein.
O trabalho de Alcubierre, “The Warp Drive: Hyper-Fast Travel Within General Relativity” (em português, algo como “Dobra espacial: viagem hiper-rápida dentro da relatividade geral), sugere um mecanismo pelo qual o espaço-tempo pode ser “deformado”, tanto na frente quanto atrás de uma nave espacial.

No universo ficcional de Star Trek, a dobra espacial (ou “warp drive”, em inglês) é uma forma de propulsão mais rápida que a luz, geralmente representada como sendo capaz de impulsionar uma espaçonave ou outros objetos a muitos múltiplos da velocidade da luz, ao mesmo tempo em que evita os problemas associados a dilatação do tempo.
Esse mecanismo tira proveito de um “truque cosmológico” que permite a expansão e contração do espaço-tempo, e poderia permitir viagens hiper-rápidas entre destinos interestelares.
Essencialmente, o espaço vazio atrás de uma nave seria feito para poder expandir-se rapidamente, empurrando a nave para a frente. Eventuais passageiros perceberiam isso como movimento, apesar da completa falta de aceleração.

White especula que isso poderia resultar em “velocidades” que poderiam levar uma nave espacial para Alfa Centauri (o sistema estelar mais próximo de nós) em apenas duas semanas, mesmo que o sistema esteja a 4,3 anos-luz de distância. A título de comparação, com a nave espacial mais rápida do mundo existente atualmente, a sonda Helios-2, o trajeto a Alfa Centauri levaria 19.000 anos.
Mas como?

Com nossas tecnologias de propulsão atuais, o voo interestelar é impossível. Algumas tecnologias experimentais, como propulsores de íons ou naves explodindo bombas atômicas na cauda, oferecem esperança, mas simplesmente não são práticas.
Isso porque elas exigem quantidades enormes de combustível e de massa para chegar a qualquer estrela próxima, depois de décadas ou até mesmo séculos de viagem.

O que a nova proposta tem de diferente, ou seja, de melhor que as outras?
Ela oferece um meio de chegar a um destino distante de forma bastante rápida, sem quebrar nenhuma lei da física, e ainda tem o potencial de solucionar o problema da energia (da quantidade exorbitante necessária hoje para alcançarmos lugares tão além do nosso planeta).

 Bolha de dobra
Em termos de mecânica do motor, a ideia depende basicamente de um objeto esferoide colocado entre duas regiões do espaço-tempo (uma expansão e uma contratação). Uma “bolha de dobra” geraria o que se move no espaço-tempo ao redor do objeto, efetivamente reposicionando-o. O resultado final seria viagem com velocidade mais rápida do que a luz, sem o objeto esférico (a nave espacial) ter que se mover com respeito à sua estrutura local de referência.

Ou seja, através da criação de uma “bolha de dobra”, o motor da nave irá comprimir o espaço à frente e expandir o espaço atrás de si, movendo-o para um outro lugar sem sofrer nenhum dos efeitos adversos dos métodos de viagem mais rápida que a luz.
“Nada localmente excede a velocidade da luz, mas o espaço pode se expandir e contrair em qualquer velocidade”, explica White.

Dificuldades
Ainda assim, criar esse efeito de expansão e contração do espaço-tempo de forma a chegarmos a destinos interestelares em períodos de tempo razoáveis exige muita energia.

Avaliações iniciais sugeriam quantidades de energia monstruosas, basicamente iguais à massa-energia do planeta Júpiter (que é de 1,9 × 10 elevado a 27 quilos ou 317 massas terrestres). Como resultado, a ideia tinha sido posta de lado no passado. Mesmo que a natureza permitisse uma velocidade de dobra, nunca seríamos capazes de criá-la.

No entanto, White afirma que, com base na análise que fez nos últimos 18 meses, pode haver esperança. A chave, segundo ele, pode estar em alterar a geometria da dobra espacial propriamente dita.
White percebeu que, se otimizasse a espessura da bolha de dobra (mudando sua forma de anel para uma forma de rosca), e oscilasse sua intensidade para reduzir a rigidez do espaço-tempo, poderia reduzir a energia necessária para fazê-la funcionar.

White ajustou a forma de anel feita inicialmente por Alcubierre, transformando o esferoide de algo que parecia um halo plano para algo mais grosso e curvo.
O novo design pode reduzir significativamente a quantidade de matéria necessária; White diz que a velocidade de dobra pode ser alimentada por uma massa ainda menor do que a sonda Voyager 1. A redução da massa de um planeta do tamanho de Júpiter a um objeto que pesa apenas 725 kg redefiniu completamente a plausibilidade do projeto.

Essa plausibilidade é muito interessante, mas ainda é teórica. Agora, White e a equipe da NASA buscam provar que o conceito pode ser prático. Para tanto, eles estão fazendo diversos testes, como a medição das perturbações microscópicas no espaço-tempo a partir de uma versão modificada do interferômetro de Michelson-Morley. Ou seja, os pesquisadores estão tentando simular uma bolha de dobra em miniatura usando lasers para perturbar o espaço-tempo.
“Pilha de Chicago”

E então: uma nave que viaja além da velocidade da luz sem perturbar as leis do universo pode ou não ser construída?
“Matematicamente, as equações de campo preveem que isso é possível, mas ainda temos que reduzir esta ideia à prática”, afirma White.

Ou seja, antes de dizermos que tal coisa é possível, precisamos de algo chamado de “prova de existência”, que White apelidou de “Pilha de Chicago”, em uma referência a um grande exemplo prático.
No final de 1942, a humanidade ativou o primeiro reator nuclear do mundo em Chicago (EUA), gerando meio Watt, energia que não era suficiente para alimentar uma lâmpada – mas foi uma prova de que ele era possível. Pouco menos de um ano depois, nós ativamos um reator que gerava energia suficiente para abastecer uma pequena cidade.

White está confiante. “Esta brecha na relatividade geral nos permite ir a lugares de forma muito rápida, medida da mesma forma por observadores na Terra e observadores a bordo do navio – viagens medidas em semanas ou meses ao invés de décadas e séculos”, disse.
Só que, no momento, a realização de tal projeto está no “modo de ciência”. “Eu não estou pronto para discutir a proposta muito além da matemática e de abordagens modestas controladas em laboratório”, conclui. [io9, USSOrbiter]

DESCOBERTA VIDA EM MARTE?


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A NASA segue empenhada em fazer chegar seus descobrimentos através de grandes jogadas de mídia. Uma instituição científica séria deve inicialmente apresentar seus primeiros resultados em revistas científicas reconhecidas mundialmente, para serem analisados pela comunidade científica, para só depois apresentar ao grande público as descobertas. Mas não está ocorrendo assim com a NASA que busca ansiosamente os holofotes para si. De acordo com John Grotzinger líder da expedição CURIOSITY, a NASA está prestes a apresentar ao mundo uma descoberta que “irá reescrever os livros de história”. A data provisória para o anúncio é 3 de dezembro.
Parece ótimo, uma vez que se enviou uma nave a Marte precisamente para fazer grandes descobertas, só se pode por a imaginação a voar. E dado que a imaginação viaje, o mais óbvio é que tenham descoberto vida em Marte. Na verdade as palavras de Grotzinger  nos pretender levar a essa conclusão, que pensemos nesse descobrimento e que nos apegamos à televisão no dia em que um cientista comparecerá ante as câmaras, rodeado de imagens do logo da NASA.

Portanto só nos resta aguardar o fim do joguinho midiático da NASA. Talvez essa demora ocorra pela necessidade de um maior aprofundamento na coleta e análise de dados. Mas apesar disso o correto será não se deixar entusiasmar e aguardar os resultados publicados em publicações de renome mundial como a Science e analisada pela comunidade científica mundial.

O MUNDO 4 GRAUS MAIS QUENTE


O Banco Mundial soltou um relatório exenso sobre como pode ficar o mundo caso as temperaturas aumentem 4 graus Celsius. É um cenário cada vez mais concreto, na medida em que as emissões dos países continuam crescendo (Nosso texto anterior) e os esforços para qualquer controle são insuficientes. Segundo o relatório, esse aumento de 4 graus é o futuro da Terra no fim do século mesmo que os países cumpram o que prometeram unilateralmente nas conferências internacionais. Se as metas prometidas não forem atingidas (e essa é a trajetória atual), os 4 graus adicionais podem chegar por volta de 2060. O relatório foi lançado nos preparativos para mais uma reunião de negociação da convenção internacional do clima, a COP, que acontece em Doha de 26 de novembro a 7 de dezembro.
Até então, a maior parte dos estudos científicos tenta descrever os impactos no mundo caso as temperaturas médias da Terra aumentem 2 graus. É o que os cientistas consideram o limite do administrável, já com alguns prejuízos mas sem grandes retrocessos no desenvolvimento dos países. Esse novo estudo do Banco Mundial é um dos primeiros grandes esforços para traçar um cenário mais dramático, a partir de um aumento de 4 graus.
O estudo do Banco Mundial lista eventos já observados agora em função das mudanças climáticas. E oferece previsões de futuros impactos. A seguir, um resumo dos principais dados do estudo:
Nível do mar – O relatório afirma que o mar subiu mais rápido nas últimas duas décadas do que nas anteriores, em parte por causa do derretimento da Groenlândia e de grandes geleiras da Antártica. Na trajetória atual das emissões globais, um aumento de 4 graus de temperatura causaria uma elevação em média de 0,5 a 1 metro no nível dos mares até 2100. Depois disso, a temperatura continuaria a subir por causa do efeito acumulado dos gases na atmosfera, chegando em algum momento a 6 graus e uma elevação dos mares de vários metros. A elevação do mar pode ser de 15% a 20% maior nos trópicos.
Acidificação dos oceanos – Parte do gás carbônico que lançamos na atmosfera vem sendo absorvida pelo mar. Isso até agora retardou o maior impacto das emissões no clima. Mas o carbono adicional está mudando a acidez dos oceanos. Segundo o estudo, quando a temperatura média da Terra acumular uma elevação de 1,4 grau Celsius por volta de 2030, os recifes de coral vão parar de crescer por causa da acidez da água. Com 2,4 graus, vários deles começa a se dissolver. O desaparecimento dos corais é dramático para a pesca e para a proteção da costa contra furacões e ressacas.
Ondas de calor – Um mundo 4 graus mais quente terá mais ondas de calor. Elas não se distribuirão por igual no mundo. Regiões mais atingidas incluem o Mediterrâneo, o norte da África, o Oriente Médio e os Estados Unidos continental. Esses lugares podem ter um aumento de até 6 graus nas médias de verão. Entre 2080 e 2100, os julhos mais quentes no Mediterrâneo terão uma média de 35 graus, cerca de 9 graus mais quente do que os recordes atuais.
Agricultura – As áreas afetadas recorrentemente pela seca aumentarão dos atuais 15,4% da área plantada no mundo para cerca de 44% em 2100. As regiões mais atingidas serão o sul da África, os Estados Unidos, o sul da Europa e o sudeste asiático. Na África, 35% da área plantada ficará inviável para a agricultura caso a temperatura aumente 5 graus.
Rios – O fluxo de grandes rios como o Amazonas, Mississipi e Danúbio pode reduzir de 20% a 40%, gerando problemas de abastecimento, transportes e irrigação. Por outro lado, pode crescer em até 20% em outros como o Nilo e o Ganges, causando inundações.
Parte do aquecimento já é inevitável por causa dos gases que estão na atmosfera agora. Segundo os estudos, a concentração atual de gases do efeito estufa é a maior pelo menos dos últimos 15 milhões de anos.
Uma das dificuldades para evitar esse cenário com piores impactos, num mundo 4 graus mais quente, é segurar os combustíveis fósseis nas reservas das principais empresas de energia do mundo. Se essas reservas forem extraídas e queimadas, a temperatura da Terra vai passar facilmente o limite de aumento de 2 graus, considerado mais seguro pelos cientistas.
Alexandre Mansur
REVISTA ÉPOCA - BLOG DO PLANETA

GASES EFEITO ESTUFA BATEM NOVO RECORD


 
A concentração de gases de efeito estufa – principal acelerador das mudanças climáticas – na atmosfera alcançou novos recordes históricos em 2011, revelou terça-feira (20.11) a Organização Meteorológica Mundial (OMM).

A presença de dióxido de carbono e de outros gases de longa duração com a propriedade de reter o calor são a causa do aumento de 30% do efeito de “reforço radiativo”, a partir do qual se explica o aquecimento do planeta.

A principal fonte de carbono em sua forma de dióxido é a queima de combustível fóssil, como petróleo e gás,  e o desmatamento.

Segundo o último boletim anual da OMM sobre esses gases, apresentado em Genebra, desde a era pré-industrial  (1750) emitiu-se 375 bilhões de toneladas de dióxido de carbono, desses, a metade ainda permanece na atmosfera , enquanto que o resto foi absorvido pelos oceanos e a biosfera (os seres vivos da Terra).

As bilhões de toneladas de carbono na atmosfera permanecerão nela durante séculos, o que provocará um maior aquecimento de nosso planeta e refletirá em todos os aspectos da vida na Terra, advertiu ao apresentar o boletim, o secretário geral da OMM, Michel Jarraud.

“Ainda que detivéssemos todas as emissões a partir de amanhã, o que sabemos impossível, teremos esses gases na atmosfera por milhares de anos. Não só sua concentração aumenta, mas ainda, a um ritmo que se acelera cada vez mais, de maneira exponencial.

Pior ainda, os cientistas não podem assegurar que o planeta seguirá mantendo sua capacidade de absorver as quantidades de carbono e outros gases que também contribuem para asa mudanças climáticas, como tem acorrido até agora.

Já temos observado que os oceanos estão se tornando mais ácidos, como consequência da absorção de enormes quantidades de dióxido de carbono, o que pode repercutir na cadeia alimentar marinha e nos recifes de coral, diz Jarraud, Nesse sentido, admitiu que a ciência ainda não tem plena compreensão das interações entre esses gases, a biosfera terrestre e os oceanos.

O dióxido de carbono é o mais abundante gás de efeito estufa de larga duração e sua concentração atual representa 40% mais que na era pré-industrial, mas o metano e o óxido nitroso também jogam um papel importante nesse fenômeno.

O dióxido de carbono é responsável por 85% do “reforço radiativo” nos últimos 10 anos, o metano contribuiu com 18% e o óxido nitroso com 6%.

Entre as fontes de óxido nitroso se encontra também a queima da biomassa, assim como o uso de fertilizantes e processos industriais, e sua presença na atmosfera hoje cresceu 20% em relação ao período pré-industrial.

UMA FASCINANTE FOTO DE UM OLHO HUMANO


click na imagem para ampliá-la
 
 
São músculos, nervos, veias sanguíneas, fibras, etc, que se ligam para permitir a rotação do globo ocular e a focalização das imagens.
O interior do olho é preenchido por um fluido que, juntamente com a camada de tecido externa, mantém sua forma arredondada, protegendo o olho contra forças mecânicas exteriores.
Da mesma forma, uma membrana mais externa ainda, denominada de conjuntiva, recobre a superfície interior das pálpebras e a superfície anterior do globo ocular, produzindo muco para lubrificação, evitando o ressecamento do olho.

Como enxergamos

O nervo óptico, composto por um conglomerado de fibras nervosas que nascem na retina, [é o responsável pela conexão entre o globo ocular e o sistema nervoso central.
Ele capta as informações através dos cones e bastonetes presentes na retina, que são estimulados pela luz projetada em objetos.
As informações visuais são então enviadas ao lóbulo occipital do cérebro para processá-las, gerando resultados de cor, forma, tamanho, distância e noções de espaço, formando, assim, a imagem que vemos.
Curiosamente, as imagens que se projetam dentro do nosso olho são invertidas – estão de cabeça para baixo. O cérebro faz a inversão da imagem, colocando-a na posição correta e nos dando a sensação que estão na posição normal.
Texto e foto na hipescience.com

CONVENÇÃO DO CLIMA (COP-18) - CETICISMO OU ESPERANÇA?


É significativo que, ainda com os escombros da passagem da supertempestade Sandy à vista, em suas primeiras palavras após a reeleição o presidente Barack Obama tenha dito: "Queremos que nossos filhos vivam num país que não seja enfraquecido por desigualdades e que não seja destruído pelo aquecimento global". Poucas horas antes, ainda na campanha eleitoral, seu adversário, o republicano Mitt Romney, havia dito não saber o que provoca mudanças climáticas. Já Obama dissera que "negar as mudanças climáticas não as fará deixar de acontecer".
É importante porque estamos a poucos dias de se iniciar a 18.ª reunião da Convenção do Clima (a COP-18), que reunirá quase 200 países em Doha, no Catar. E numa hora em que, segundo a secretária da convenção, Christiana Figueres, as promessas atuais de redução de emissões de gases de efeito estufa no mundo não são suficientes para atingir o objetivo de conter em 2 graus Celsius, até 2050, o aumento da temperatura da Terra - limite além do qual as consequências serão muito dramáticas (a Blue Planet, instituição que reúne os Prêmios Nobel alternativos do meio ambiente, acha que o aumento ficará em 3 graus, no mínimo, e poderá chegar a 5 graus até o fim do século; outras instituições mencionam 6 graus ou mais).
Mas continua tudo muito difícil. Há quem pense que China e Índia já recuaram da decisão de aceitar, até 2015, um compromisso "vinculante" de todos os países de reduzir suas emissões a partir de 2020. Representantes norte-americanos chegam a dizer que é preciso haver uma declaração "criativamente ambígua", "flexível e dinâmica" (sem objetivos específicos), e um deles opinou que melhor seria "cada país decidir por si mesmo o caminho a tomar". Já a Agência Internacional de Energia entende que o caminho mais curto e eficaz será dobrar a produção de energia elétrica e outras fontes não poluentes até 2050 (hoje a primeira está em pouco mais de 16% do total, ante 67% das energias fósseis, 12,8% da nuclear e 3,6% de outros formatos). Mas China e Índia, principalmente, embora venham avançando na implantação de formatos não poluentes, também vêm ampliando a produção de energia a partir do carvão, sua principal fonte, diante da necessidade de ampliar o fornecimento - na Índia 600 milhões de pessoas ainda não dispõem de energia elétrica.
Para complicar mais, continua a discussão entre países "emergentes" e industrializados, com os primeiros entendendo que a responsabilidade de redução de emissões deve caber aos segundos, que emitem poluentes há mais tempo, desde o início da Revolução Industrial, e estes retrucando que hoje os não industrializados já emitem mais que eles - e sem uma redução correspondente nesse "novo mundo" não haverá uma queda suficiente nas emissões globais (pouco menos de 40 bilhões de toneladas anuais de dióxido de carbono). E ainda há outros complicadores em cena: que se fará, por exemplo, para reduzir as emissões na cadeia que envolve a agricultura e a produção de alimentos (29% do total), na hora em que será preciso alimentar mais 2 bilhões de pessoas e eliminar a fome de 1,3 bilhão?
O Banco Mundial mostra que os ângulos econômicos da questão têm forte peso nas decisões: as emissões aumentam 0,73% para cada 1% de alta no PIB, mas só diminuem 0,47% a cada queda de 1% (Nature Climate Change, 8/10). E como a expansão econômica neste século pode levar o PIB mundial a pelo menos US$ 235 trilhões, podendo chegar até a US$ 550 trilhões (está por volta de US$ 70 trilhões), não se tem como excluir um panorama preocupante, que leve a temperatura planetária a aumentar até 6,4 graus Celsius. Hoje os subsídios a energias renováveis estão em apenas US$ 70 bilhões anuais, muitas vezes menos que os subsídios para os combustíveis fósseis, principalmente petróleo.
"Vivemos uma emergência planetária", diz o conceituado cientista James Hansen, da Nasa. E ganha logo apoios, diante das notícias de que o gelo do Ártico se reduziu à menor área de todos os tempos (3,4 milhões de quilômetros quadrados). Há quem pense - como o cientista Peter Wadhams, da Universidade de Cambridge (The Guardian, 17/9) que ele poderá "desaparecer" em quatro anos. Mas sob o gelo há uma quantidade gigantesca de metano que poderá ser liberada (e o metano é pelo menos 21 vezes mais prejudicial na atmosfera que o carbono). Já há uma corrida de empresas norte-americanas, russas, chinesas e outras para explorar ali o petróleo e o gás antes inacessíveis. Entretanto, mesmo diante de fatores dramáticos, há quem continue a duvidar de perspectivas tão ameaçadoras. Mas os "céticos do clima" perderam há pouco uma de suas vozes mais fortes, Richard Muller, físico da Universidade de Berkeley, segundo quem "há fortes evidências de que os humanos tenham mudado o clima planetário".
Com tudo isso, Yvo de Boer, ex-secretário-geral da Convenção do Clima, pensa que "um acordo agora parece impossível", ainda que já se saiba que o próximo relatório do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas, a ser divulgado em 2013, "será chocante" (Watoday, 7/11). Por isso é importante que cada país defina sua metas de redução de emissões, independentemente das negociações em Doha. Até porque estas terão um complicador: as negociações sobre prorrogar (ou não) o Protocolo de Kyoto, de 1997, que expira este ano e é o único acordo internacional que define metas obrigatórias de redução (5,2%) de emissões para os países industrializados. Os Estados Unidos já não o ratificaram e agora Rússia, China e Canadá dizem que não aceitam a prorrogação (o Brasil quer, pois é o terceiro país em volume de recursos recebidos para financiamento de projetos que reduzam emissões, e estes já movimentaram dezenas de bilhões de dólares no mundo).
Neste panorama mundial de desastres, e com o Brasil enfrentando inundações, calor e secas inéditos em muitas décadas, vamos ver que posição tomaremos em Doha.
(ARTIGO ESCRITO POR WASHINGTON NOVAES PARA O ESTADO DE SÃO PAULO)

ENERGIA SOLAR - ILHAS TOKELAU PRIMEIRO TERRITÓRIO EXCLUSIVAMENTE MOVIDO A ENERGIA LIMPA


 
O pequeno arquipélago do Pacífico TOKELAU (Nova Zelândia) com três atóis  e 120 ilhas que abrigam 1500 habitantes, tornou-se o primeiro território do mundo  que produz toda sua eletricidade a partir de painéis solares. São 4.000 painéis solares para abastecer todas as ilhas.

O projeto foi realizado devido aos temores de que as ilhas poderão desaparecer com a elevação do nível dos mares devido às mudanças climáticas. Assim, apesar de que é minina a geração de gás de efeito estufa pelo arquipélago, a população quis levar a cabo o projeto como uma mensagem ao mundo, mostrando que a transição às fontes de energia renováveis é possível.

“É bom que possamos deixar de utilizar as centrais elétricas que funcionavam a diesel. Para gerar eletricidade as ilhas utilizavam 2.000 barris de petróleo por ano ao custo de 1 milhão de dólares. Assim, o projeto se pagará em 5 anos de utilização das baterias solares, que devem funcionar sem problemas ou necessidade de manutenção por 20 anos.

Em comunicado enviado à AFP, o coordenador do projeto, Mike Bassett-Smith, da empresa Powersmart Solar, responsável pela instalação do sistema, refere que “muitas nações do Pacífico têm dificuldade em fornecer uma alta proporção de acesso à energia elétrica à população, e, mesmo quando o fazem, a oferta desta energia a preços acessíveis é um desafio adicional”.

Assim, a instalação deste sistema elétrico, mais eficaz e ecológico que o anterior, “é um de grande importância para o contínuo bem-estar” da ilha Tokelau, acrescenta Bassett-Smith.

Agora, o próximo passo é estender a outras ilhas do arquipélago da Nova Zelândia, como as ilhas Cook e Tonga, este sistema de energia renovável.

“Concluído no prazo e dentro do orçamento, este projeto é um excelente exemplo de como pequenas nações do Pacífico podem liderar o caminho em direção à energia renovável”, salienta o ministro dos negócios estrangeiros da Nova Zelândia, Murray McCully.
 

CIENTISTAS EM ARTIGO NA “ NATURE” ASSEGURAM QUE O COLAPSO DO PLANETA É EMINENTE.


O nascimento do novo homem - Salvador Dali - 1943
 
Cientistas, em artigo na revista Nature descrevem as cinco grandes mudanças climáticas ocorridas na Terra e traçam um plano de emergência para a atual, com medidas para reduzir a taxa de crescimento populacional e o consumo dos recursos naturais. Eles analisam a possibilidade de atingir um ponto sem retorno para o planeta devido ao impacto humano.
Além do controle populacional e do uso dos recursos não renováveis, os cientistas pregam a urgente necessidade de substituir os gastos energéticos por fontes renováveis, aumentar a eficiência na produção de alimentos e melhorar a gestão das regiões da Terra que ainda não foram dominadas pelos humanos.
“Está nas mãos da humanidade decidir se querem dirigir as mudanças do planeta ou simplesmente deixar que as coisas aconteçam.”
No artigo da NATURE, os cientistas afirmam que as grandes mudanças climáticas passadas, além de causar extinções maciças, como a dos dinossauros, também modificaram para sempre e radicalmente as características do planeta.
A última grande mudança ocorreu há 14.000 anos quando 30% da superfície terrestre perdeu a capa de gelo que a cobriu durante o último período glacial. Essa Era Glacial durou uns 100.000 anos e o período de transição se prolongou por 3.300 anos.
Desde então o planeta tem mantido suas características mais ou menos estáveis até a aparição e desenvolvimento de humanidade.
Não há duvidas que, atualmente, a humanidade está provocando uma série de mudanças que poderão conduzir “a um novo estado planetário”, adverte Jordi Bascompte, cientista da Estação Biológica de Doñana. Tais mudanças alteram a química da atmosfera e  causam grandes transtornos nos fluxos de energia que vão desde o princípio até o final da cadeia alimentar.
A origem de todas essas mudanças atuais está, segundo o artigo, no aumento da população que implica num maior consumo de recursos e energia e na transformação e fragmentação da paisagem. Essas alterações modificam as condições atmosféricas, oceânicas e terrestres e ameaçam a sobrevivência da biodiversidade atual.
A taxa de crescimento atual da população é de 77 milhões de pessoas por ano, quase mil vezes mais do que era a 400 anos atrás  quando era 67.000 pessoas por ano. Esse aumento populacional transformou quase metade (43%) da superfície do planeta em áreas urbanas ou agrícolas.
Além disso os humanos monopolizaram 40% da produção primária mundial (limitando o acesso de outras espécies a este recurso) e consome combustíveis fósseis o que tem elevado a concentração de CO2 atmosférico em 35% e rebaixou o PH oceânico em 0,05.
“Se estes impactos superarem os 50%, inclusive as áreas não habitadas do planeta sofreram as consequências”.
Se a população seguir crescendo no ritmo atual, as consequências já surgirão em 2025 e os recursos naturais entrarão em um momento crítico em 2045. O que acontecerá quando chegarmos a essa situação é incerto, mas é algo que deveria nos preocupar bastante. A perda de produtividade das terras de cultivo, a redução da capacidade de armazenamento de CO@ dos bosques e oceanos e o colapso da produção pesqueira são três fatores que fatalmente ocorrerão.
 

PANTANAL: NASCENTES E RIOS AMEAÇADOS

IBAMA diz não ter condições de reverter assoreamento do Rio Paraguai

ESTUDO INÉDITO ENGLOBANDO BRASIL, BOLÍVIA, PARAGUAI E ARGENTINA APONTA ÁREAS QUE PRECISAM DE MAIS ATENÇÃO PARA GARANTIR A SOBREVIVÊNCIA DA MAIOR PLANÍCIE ALAGÁVEL DO PLANETA.

A conservação da Bacia do Rio Paraguai e a sobrevivência do Pantanal estão ameaçadas, principalmente pela degradação das nascentes e barramentos de rios que fluem de áreas do planalto (Cerrado) para a planície pantaneira.
Metade da bacia pantaneira está sob alto e médio risco ambiental, sendo que 14% dela necessita ser protegida com urgência, por sua capacidade de fornecer água e manter os ciclos de cheias e vazantes que dão vida ao Pantanal. Essas áreas estão majoritariamente em porções elevadas nas bordas da bacia e são as maiores fornecedoras de água à planície, área que ainda apresenta boas condições ecológicas.
“Conhecendo a saúde do Pantanal podemos nos antecipar a problemas futuros, como o das mudanças climáticas. Mas a saúde pantaneira está ameaçada por ações em curso, no presente”, ressaltou Glauco Kimura, coordenador interino do Programa água para a vida do WWF – Brasil.
As principais ameaças à Bacia do rio Paraguai são o desmatamento e o manejo inadequado de terras para a agropecuária, causadores de erosão e sedimentação de rios. Barramentos hidroelétricos também estão alterando o regime hídrico natural do Pantanal. O crescimento urbano e populacional é seguido por mais obras de infraestrutura, como rodovias, barragens, portos e hidrovias, colocando em risco o frágil equilíbrio ambiental pantaneiro.
Apenas 11% ( ou 123.600 Km) da bacia estão protegidos de alguma forma, e meros 5% (56.800 KM) sob proteção integral, em parques nacionais ou estaduais e estações ecológicas.  Além disso, as mais de 170 áreas protegidas não estão distribuídas de forma adequada para proteger as regiões que mais fornecem água, ou as mais ricas em biodiversidade.
O estudo realizado em parceria pelo WWF, The Nature Conservancy e Centros de Pesquisas do Pantanal, é um forte alerta para que países, estados e municípios adotem uma agenda de redução de riscos e revertam modelos insustentáveis de desenvolvimento. Não há mais espaço para uma cultura de abundância e de desperdício, como se houvesse um estoque infinito de florestas nativas para derrubar, de água onde lanças poluentes e de terras para mineirar.
A Bacia do rio Paraguai e o Pantanal não devem ser protegidos apenas pelas incontáveis espécies de animais e plantas lá abrigados, pelas belezas e serviços ambientais que oferecem, mas também porque da saúde regional dependem mais de oito milhões de pessoas e economias hoje focadas em 30 milhões de cabeças de gado e quase 7 milhões de hectares plantados, área equivalente a um terço do estado de São Paulo.
O Pantanal, além de tudo isso é uma preciosa reserva estratégica de água doce, ainda mais importante frente ao futuro incerto das mudanças climáticas.
Logo, alterar modelos de desenvolvimento e criar mais áreas protegidas, especialmente em regiões de cabeceiras, são ações inteligentes e estratégicas para os quatro países responsáveis por sua manutenção, bem como desenvolver uma agenda de adaptação da bacia às alterações do clima.
Deve-se olhar com maior apoio técnico e econômico para melhores práticas da pecuária extensiva. Nas plantações o uso de agrotóxicos, venenos que chegam aos rios que abastecem o Pantanal devem ser eliminados.
No caso das hidroelétricas em operação, o caminho é implantar esquemas de operação que mantenham os ciclos de cheias e vazantes de modo semelhante ao natural. Para barragens em planejamento, é necessário avaliar seus impactos cumulativos nos rios e na bacia, apontando quais áreas poderão ou não arcar com esses custos ambientais sem prejudicar o pantanal.
 

TUIUIU - PÁSSARO DO PANTANAL


O tuiuiú ou jabiru tem uma envergadura de aproximadamente 260 cm quando adulto. É considerada a ave símbolo do Pantanal.
Nidifica de agosto a setembro sobre árvores altas, como a piúva (ipê-roxo). A fêmea põe de um a três ovos. O macho e a fêmea se revezam na incubação e nos cuidados com a prole. O mesmo ninho pode ser usado várias vezes pelo mesmo casal. Em outras épocas do ano, podem ser vistos em grandes bandos, na beira de rios, brejos, lagoas e vazantes. Alimenta-se de insetos, peixes, anfíbios, moluscos, crustáceos, pequenos répteis e mamíferos. Podem comer até animais mortos, em começo de decomposição.
É uma ave que realiza movimentos migratórios.

Foto de Andre Targa Cavassani

O tuiuiu (Jabiru mycteria) é uma ave típica do Bioma Pantanal. Consegui registrar o momento em que este caminhava com as asas abertas, parecia um ballet.
Local: Estrada Parque Pantanal Sul, no estado de Mato Grosso do Sul - Brasil.
CHUPIMZADO DO BLOG LUIS NASSIF ONLINE

DESTRUIR A NATUREZA LIBERA DOENÇAS INFECCIOSAS

 
ESPECIALISTAS EM DOENÇAS TROPICAIS E NATUREZA  EXPLICAM
PORQUE A SAÚDE HUMANA ESTÁ INTIMAMENTE LIGADA À SAÚDE ANIMAL E AMBIENTAL.
 
A expressão – serviços ecossistêmicos (ou serviços ambientais) – atualmente usada por biólogos e economistas refere-se aos muitos modos como a natureza dá sustentação às ações humanas. Explicando: as florestas filtram a água que bebemos, os pássaros e as abelhas polinizam plantações – ações de substancial valor econômico e biológico.
Se não formos capazes de compreender e cuidar do mundo natural, podemos causar o colapso desses sistemas, que nos retribuirá com respostas desconhecidas e assustadoras. Um exemplo crítico vem a ser o desenvolvimento de doenças infecciosas, fato comprovado pela maioria das epidemias – Ebola, Febre do Nilo, Sars, e muitas outras – ocorridas não por acaso ao longo das últimas décadas. Elas são a consequência de como o homem lida com a natureza.
Segundo evidências, a doença parece ser em grande parte uma questão ambiental. Sessenta por cento das doenças infecto-contagiosas que afetam os seres humanos tem como foco de origem os animais. E mais de dois terços delas provêm de animais silvestres.
Equipes de veterinários, biólogos, especialistas em conservação, conjugam conhecimento em escala global para entender a “ecologia da doença”. Esse esforço faz parte de um projeto chamado PREVER, financiado pela USAID (Agencia dos E.U. para o Desenvolvimento Internacional) A partir da alteração do meio ambiente pela ação humana – por exemplo  com a abertura de uma estrada ou a implantação de uma exploração agrícola – os especialistas procuram descobrir onde as próximas doenças provavelmente vão atingir os seres humanos e como identifica-los quando surgem, antes que se disseminem. Eles estão coletando sangue, saliva e outras amostras de espécies de animais silvestres de alto risco, a fim de criarem um banco de vírus. Assim, em caso de infecção do ser humano o agente pode ser mais rapidamente identificado. Também estudam maneiras de manejo florestal, de animais silvestres e de gado para evitar que as doenças deixem a floresta e assumam o caráter de nova pandemia.
O que está em jogo não é apenas a saúde pública, mas a economia. O Banco Mundial estima, por exemplo que uma epidemia de gripe severa pode custar 3 trilhões de dólares à economia mundial.
O vírus Nipah, no sul da Ásia, e o aparentado vírus Hendra, na Austrália são os exemplos mais urgentes de como a modificação de um ecossistema pode deflagrar doenças. Os vírus se originaram de morcegos-frugívoros (comedores de frutas) Eles costumam se pendurar de cabeça para baixo, enrolados em suas ásas membranosas e se alimentam da poupa de frutas, cuspindo suco e sementes.
Os morcegos evoluíram concomitantemente com o vírus hepanih ao longo de milhões de anos, está co-evolução faz com que os indivíduos hospedeiros dos vírus experimentem no máximo sintomas de resfriado. Mas uma vez que o vírus passa dos morcegos para espécies que não evoluíram com eles, pode ocorrer um show de horror como aconteceu em 1999 na Malasia. É provável que um morcego tenha deixado cair um pedaço de fruta mastigada em uma pocilga na floresta. Os porcos foram infectados com o vírus, que foram repassados aos seres humanos. De 276 pessoas infectadas, 106 morreram e as outras passaram a sofrer de distúrbios neorológicos incapacitantes e permanentes. Não há cura ou vacina.
Na Austrália, onde 4 pessoas e dezenas de cavalos morreram de Hendra, o cenário era diferente: a urbanização atraiu para quintais e pastagens os morcegos infectados que antes habitavam as florestas. Se o vírus henipah evoluir de modo a ser transmitido facilmente através do contato casual, o receio é que o agente patológico escape do habitat original para se espalhar pela Asia e daí pelo mundo.
Por essa razão, os especialistas afirmam ser vital a compreensão das causas subjacentes. “Qualquer doença emergente nos últimos 30 ou 40 anos surgiu como consequência da invasão de terras silvestres pelo ser humano e por mudanças na demografia”, afirma Peter Daszak, ecologista de doenças.
Doenças infecciosas emergentes são motivadas por novos ou antigos agentes patogênicos que sofreram mutações, como ocorre todos os anos com os agentes da gripe. A AIDS passou de chimpanzés para seres humanos na década de 1920, quando caçadores no solo africano comeram a carne do primata.
As doenças sempre emergiram da floresta e dos animais selvagens até chegarem às populações humanas: a peste e a malária são dois exemplos. Mas, constatam os especialistas, as doenças emergentes quadruplicaram nos últimos 50 anos, em grande parte devido a invasão humana dos habitats selvagens, muito especialmente nas “áreas de foco” das regiões tropicais.
A chave para prever e prevenir a próxima pandemia é entender o que os especialistas chamam de “efeitos protetores” da natureza intacta. Um estudo mostrou que na Amazônia, o aumento de 4% no desmatamento resultou no aumento da incidência de malária de quase 50%. Isso  porque os mosquitos que transmitem a doença prosperam graças à combinação de luz e água nas áreas recentemente desmatadas.
“Não se trata de manter as florestas nativas intocadas e livres dos seres humanos”, ensina Simon Anthony, virologista molecular no Center for Infaction and Immunity da Universidade de Columbia  “Devemos aprender como agir de forma sustentável. Se pudermos entender o que motiva o surgimento de uma doença, então poderemos aprender a alterar os ambientes de forma sustentável.”
(Extraído de artigo publicado por JIM ROBBINS na seção Ciência do Jornal The New York Times em 22/07/2012)