ENERGIA EÓLICA AVANÇA A PASSOS LARGOS NO BRASIL


Nos últimos dois anos, a produção de energia eólica triplicou no Brasil, e especialistas dizem que o país – e principalmente o Nordeste – reúne condições excepcionais para crescer ainda mais

Por Deutsche Wellepublicado 22/05/2013
Com uma extensão de 8 mil quilômetros e ventos constantes, o litoral brasileiro desperta cada vez mais a atenção de empresas de energia, dispostas a suprir as crescentes necessidades energéticas de um dos principais países emergentes do mundo. O potencial é enorme e atrai a atenção de investidores internacionais e locais.
"A eólica é a fonte de energia mais barata no Brasil", afirma o empresário Everaldo Feitosa, presidente da empresa Eólica Tecnologia e vice-presidente da Associação Mundial de Energia Eólica (WWEA, na sigla em inglês). Também na comparação mundial, nenhuma outra fonte de energia tem custos tão baixos como o uso dos ventos brasileiros, afirma.
Mas, por enquanto, a energia eólica ainda engatinha no maior país da América Latina. Três quartos da produção de eletricidade vêm das usinas hidrelétricas. A capacidade instalada de energia eólica é de 2,5 gigawatts (GW), mais ou menos o que apenas um parque eólico produz no Reino Unido.
Potencial inexplorado
Ainda assim, o setor olha com interesse para o Brasil. Segundo o mais recente relatório da WWEA, a capacidade instalada no país quase triplicou entre 2010 e 2012. Tanto empresas nacionais como internacionais querem participar desse mercado. "Nós temos um projeto para produzir 1,5 gigawatts e vamos levá-lo ao governo", afirma Feitosa.
A energia eólica avança praticamente sem subvenções no Brasil. O único apoio estatal são empréstimos a juros baixos concedidos pelo BNDES. Para o físico Heitor Scalambrini, da Universidade Federal de Pernambuco, as vantagens do mercado brasileiro estão nas boas condições climáticas. Segundo ele, o vento no Nordeste é constante, calmo e tem uma velocidade média ideal para mover turbinas eólicas.
Esse potencial foi descoberto recentemente, diz Scalambrini. "Estudos mais antigos afirmavam que as turbinas poderiam ficar a 50 metros de altura. Agora estão sendo construídas torres a 100 metros", relata. Pesquisas mais recentes, feitas há dois anos, mostram um potencial energético de 350 gigawatts a 100 metros de altura. Isso é três vezes a capacidade que o país tem hoje de produzir energia.
Outro detalhe é que a meta de produção eólica do Plano Nacional de Energia foi superada. Em 2007, o objetivo era chegar a 1,4 gigawatts até 2015, e em 2030 a energia eólica responderia por 1% da produção nacional. A previsão foi superada pela realidade: a meta para 2015 foi alcançada já em 2011.
O lado crítico
Apesar da euforia, existem também os posicionamentos críticos. Um deles é exatamente de Heitor Scalambrini, que faz parte da Rede Brasileira de Justiça Ambiental (RBJA) e da Articulação Antinuclear Brasileira (AAB). Muitos parques eólicos, segundo Scalambrini, foram construídos fora da lei.
Colega de Heitor na AAB, a pesquisadora Cecília de Mello diz que há relatos de dunas e manguezais comprometidos. "As dunas são filtros de água do mar. Para várias comunidades pesqueiras, o único acesso à água que elas têm é a água das dunas", explica. Ela conta ainda que muitas hélices ficam sobre as casas e que "as pessoas têm a sensação de viverem debaixo de um avião que nunca pousa".
Feitosa concorda que houve "projetos errados", mas diz que hoje eles são construídos longe das cidades, sem causar danos. Além disso, as leis brasileiras são muito rigorosas, afirma. Ele acrescenta que o Brasil está num rumo ascendente e vê o país entre os cinco maiores produtores de energia eólica do mundo em 2020.
Fonte: Carta Capital

PEDRAS QUE CAEM DO CÉU


 
Desde a antiguidade, as rochas caídas do céu tem representado um fenômeno fascinante. Múltiplas interpretações mitológicas foram usadas no passado, para tentar explicar a natureza destes ocasionais bombardeios siderais. Um primeiro estudo dos asteroides ocorreu  quando um meteoro caiu na localidade francesa de Lucé, em 1768 e que foi estudado por cientistas as Academia de Ciências da França. Se bem que nessa ocasião, não se chegou a aceitar totalmente a origem extraterrestre desses corpos. Vários impactos  ocorridos na Europa durante as décadas seguintes fizeram com que naturalistas e cientistas da época acabassem por aceitar a hipótese extraterrestre das quedas.

Hoje sabemos que os asteroides e meteoros são muito comuns em nosso sistema solar. Os primeiros apresentam um tamanha desde 50 m a mais de 500 Km. Vesta (530 Km) e Palas (532 Km) são os maiores asteroides conhecidos. Ceres com 960 Km de diâmetro é considerado planeta anão desde 2006. Os meteoros são corpos mais pequenos, abaixo de 50 metros até minúsculas dimensões que são chamadas de poeira cósmica. Quando um meteoro alcança a superfície terrestre é chamado de meteorito. Asteroides, meteoros e cometas são os menores corpos do sistema solar.

A maior parte dos asteroides se encontra em uma região conhecida como “cinturão de asteroides” ou “cinturão principal” situado entre as órbitas de Marte e Júpiter. Entretanto existem outros grupos de asteroides, como os asteroides troyanos que ocupam os “pontos de Lagrange” da órbita de Júpiter e os Centauros que orbitam entre júpiter e Netuno cruzando as órbitas dos gigantes gasosos. Além destes grupos maiores, um grande número de pequenos asteroides cruzam as órbitas dos planetas interiores, incluindo a Terra, originados fundamentalmente pela desestabilização de suas órbitas ou como consequência de colisões no cinturão principal. Já a fonte principal dos cometas é o cinturão de Kuiper e o disco disperso, situados após Urano e que contém milhões de cometas congelados orbitando o Sol. A hipotética nuvem de Oort, à quase um ano luz do Sol, seria a última fonte de asteroides e cometas de longo período.

É impossível termos uma idéia do número total destes corpos no sistema solar. Existem mais de 2 milhões de asteroides de mais de 1 Km de diâmetro somente no cinturão principal; o número de asteroides menores e de meteoros é incalculável.
 
OS PERIGOSOS

Uma importante quantidade de corpos menores apresentam órbitas que cruzam com a órbita da Terra, e alguns deles podem atingir nosso planeta, como ocorre com os milhões de meteoritos que recebemos a cada ano. Devido a seu pequeno tamanho, somente uma pequena porcentagem atinge a superfície, o resto se dissolve ao atravessar a atmosfera terrestre.

Alguns corpos maiores podem representar alguma ameaça. Um grande meteorito ou um pequeno asteroide que não ultrapasse os 100 ou 200 metros de diâmetro pode produzir catástrofes locais e se estima que caem na Terra com uma frequência aproximada de um a cada 100 anos. Um asteroide maior, de várias centenas de metros, poderia destruir uma grande região ou provocar um tsunami se cair no oceano. Se o corpo for acima de um Km de diâmetro existem grandes possibilidades de que produza uma catástrofe global.

Várias agencias espaciais como a NASA, vigiam esses corpos que passam próximos a Terra, se conhece cerca de 8.000 entre cometas, asteroides e meteoros. Embora estejamos longe de conhecer o número real, nenhum dos conhecidos representa um perigo global num futuro próximo.

Publicado em: “La Ciencia y sus Demonios” em 15 de janeiro de 2013

ASTRONOMIA - 2012 EM 10 IMAGENS


O ano de 2012 se foi, é passado. No campo da exploração espacial, teve na aterrisagem do robo Curiosity em Marte seu momento de glória, gerando uma expectativa poucas vezes igualada. Porém teve outros momentos que merecem ser recordados...um total de 12 fotografias, possivelmente as 12 melhores que nos deixam esses 12 meses de atividade astronômica, tanto dos céus terrestres como também pelas naves interplanetárias enviadas ao espaço, e que nos recordam uma vez mais, o motivo pelo qual nunca deveremos deixar de olhar as estrelas.
CLIQUE NAS IMAGENS PARA AMPLIÁ-LAS
 

1.      NA ESCURIDÃO: Cassini, nos voltou a maravilhar com uma vista do lado noturno de Saturno, com a sanda navegando dentro de seu cone de sombra.

2.      ENCONTRO NO FIRMAMENTO: Um dos maiores eventos astronômicos do ano foi a passagem de Vênus diante do Sol, visto da Terra.

3.      UMA PONTE DE PLASMA: Um Sol agora muito mais ativo nos deixa cenas impactantes como esta...um gigantesco filamento de plasma de 300.000 Km.

4.      UM LUGAR EM MARTE: Curiosity não podia faltar com seu espetacular auto-retrato.

5.      A FÚRIA DO PLANETA DOS ANÉIS: A nova órbita do Cassini, permite observar diretamente os polos de Saturno, permitiram obter esta panorâmica do vórtice atmosférico que se move em torno do Polo Norte.

6.      UMA JANELA PARA A ETERNIDADE: O telescópio Hubble nos brindou com o resultado de um laborioso trabalho: a imagem mais profunda do Universo que nos faz adentrar mais de 13 bilhões de anos no espaço e no tempo até o princípio das primeiras galáxias.

7.      SOMBRAS: O dia se fez noite no norte da Austrália, mas o cone de sombra total da lua cobriu estas terras distantes, deixando atrás de sí inumeráveis testemunhos visuais de um dos fenômenos mais extraordinários da natureza.

8.      VISITANTE NOTURNO:  a cena de uma nave espacial atracando em uma estação orbital.
      9.      OS MINUTOS DE TERROR: A “aterrisagem” do Curiosity em Marte deixou grandes momentos que se podem imortalizar nesta cena tomada pela câmara Mardi, justamente quando o escudo térmico, cumprido sua tarefa de proteger a nave do calor da fricção atmosférica, se rompeu, iniciando a descida da nave sobre a superfície marciana, que podemos ver atrás dele.
   10.   Não podíamos deixar de completar esta pequena seleção sem esta imagem: Orion resplandece sobre as ruinas Maias, um lugar digno de se visitar e que não merecia o absurdo criado em torno de seu calendário e de sua civilização

A CRISE REAL DO CAPITALISMO


 
O sociólogo belga François Houtart fez uma análise da crise pela qual passa o processo de reprodução capitalista. Destacou a contradição entre a queda de uma economia produtiva real em oposição a ascensão de um capital fictício, baseado na especulação. Isso é, segundo ele, uma economia de cassino. Como exemplo desse cenário, citou o aumento que sofreu nos últimos anos o preço dos alimentos básicos. Esse aumento não é devido a escassez no mercado, mas sim a jogos especulativos.
Houtart destacou que ante um mundo em que 20% da população detem 83% de toda a riqueza existente, aos demais resta organizar-se e lutar por outro mundo possível. Para refletir sobre isso, destacou ideias como “o bem comum”, a transformação das relações sociais e com a natureza e a desmercantilização dos bens necessários para viver.


A crise europeia é parte da crise mundial que se iniciou nos EUA com a crise financeira do subprime*, mas que afetou também a Europa e o sistema financeiro europeu. A causa fundamental desta crise é a diferença entre a economia real e a economia artificial, ou seja, a economia financeira. A economia real mundial, nos últimos 20 anos, tem decaído e, desde os anos 1990, o capital financeiro cresceu e passou a assumir um papel hegemônico dentro do sistema capitalista. Atualmente a importância relativa do capital financeiro é 11 vezes maior do que o PIB mundial. É uma diferença enorme e, em algum momento, essa “bola” financeira teria de estourar, pois era totalmente artificial. Como disse Susan George, uma norte-americana que vive Paris, essa é uma economia cassino, onde a especulação tem tido um papel enorme. Em grande parte isso acontece por causa da existência dos paraísos fiscais, para onde o dinheiro das multinacionais e dos fundos de pensão é enviado. Esses paraísos fiscais não contribuem para a riqueza mundial, pois simplesmente acumulam, acumulam e acumulam.
A crise é evidentemente mundial, mas suas as características são particulares em cada país. Os países do sul da Europa são mais afetados, como Grécia, Portugal, Espanha, e Itália. Em parte isso acontece porque são economias mais jovens, com menos peso industrial, e, no caso da Espanha, se trata de uma economia muito especulativa. Para se ter ideia, a cada semana na Espanha cerca de 50 mil pessoas são retiradas de suas casas porque não podem pagar o aluguel. Isso é a irracionalidade total do sistema capitalista.
Na Grécia há particularidades, porque o governo foi extremamente corrupto, divulgando dados estatísticos falsos durante anos. A Alemanha, que é a economia mais forte da Europa, é relativamente sólida, mas a qual custo? Quase a metade da classe operária da Alemanha não tem mais contratos de trabalho definidos em longo prazo; são contratos em curto prazo. Isso acontece porque é permitido diminuir o salário e, assim, o custo do milagre alemão é pago, em grande parte, pela classe operária. A economia alemã se fortalece por conta da exportação. E isso tem graves consequências na Europa, porque, para salvar o sistema financeiro e os bancos, os Estados europeus têm gastado bilhões de euros, e por isso se endividaram.
A ordem do Banco Central Europeu é de que nenhum Estado pode ter uma dívida maior do que 3% do PIB e, por isso, devem reduzir os gastos. A questão é que se trata de Estados que haviam conquistado o bem-estar social. Para reduzir a dívida, então, os Estados terão de reduzir os serviços públicos de saúde, educação, pensões, salário mínimo. O salário mínimo na Grécia é algo em torno de 400 euros. Assim, é o povo quem tem de pagar a dívida do Estado, que se deve, em grande parte, à salvação dos bancos e do sistema financeiro.
Essa austeridade só fará aumentar a crise, porque as políticas de austeridade ditas para favorecer o crescimento diminuem o poder de compra das pessoas. Como é possível pensar em crescimento se o poder de compra diminui? É algo totalmente contraditório. Joseph Stiglitz tem dito que estas são políticas criminais, porque não são anticíclicas. A Alemanha tem um regime direitista e vive a serviço do capital. Evidentemente, os interesses do capital são de continuar a acumulação e mantê-la, sem se preocupar com o bem-estar da população.
Existe um conflito entre duas lógicas: a lógica dos interesses do capital e a lógica dos interesses do bem-estar social. Durante algum tempo houve a possibilidade, com o regime social-democrata, de combinar os dois interesses. Mas agora, com a crise, há uma eleição: ou um ou outro.