COP 16 - OS PIORES CENÁRIOS POSSÍVEIS



Para enfrentar as disputas relativas aos problemas climáticos – e à crise ecológica em geral – é preciso uma mudança radical e estrutural, que atinja os fundamentos do sistema capitalista e altere nossos hábitos de consumo e nossa relação com a natureza
Por Michael Löwy

Qual é a situação do planeta em plena Conferência das Nações Unidas sobre a Mudança Climática? Primeiro balanço: tudo está bem mais acelerado do que se previa. A acumulação de gás carbônico, a elevação da temperatura, o derretimento das geleiras polares e das “neves eternas”, a desertificação dos terrenos, as secas, as inundações, tudo se precipita, e os balanços dos cientistas, mal secou a tinta dos documentos, revelam-se demasiadamente otimistas. Tende-se agora a variações cada vez maiores nas previsões para o futuro próximo. Não se fala mais sobre o que vai acontecer no final do século, ou daqui a meio século, mas nos próximos 20, 30 ou 40 anos. A questão não é mais simplesmente sobre o planeta que deixaremos para nossos filhos e netos, e sim sobre o futuro da atual geração.

Um exemplo muito inquietante: se o gelo da Groenlândia derreter, a elevação do nível do mar poderá ser de seis metros. Isso significa a inundação não só de Daka, capital de Bangladesh, e de outras cidades marítimas asiáticas, mas também de Nova York, Amsterdã e Londres. Ora, estudos recentes mostram que a superfície da calota glacial da Groenlândia que derreteu é 150% superior à média apontada entre 1988 e 20061, chegando a mais de dois mil metros. Segundo Richard Alley, glaciologista da Penn State University, a fusão da calota da Groenlândia, que costuma ser calculada para centenas de anos, poderia ocorrer em poucas décadas2.

Essa aceleração pode ser explicada, entre outras coisas, por efeitos de realimentação (feedback). Alguns exemplos: 1) o derretimento das geleiras do Ártico – já bem reduzidas – diminuindo o albedo, ou seja, o grau de reflexão da irradiação solar (ele atinge seu máximo nas superfícies brancas), só pode aumentar a quantidade de calor absorvida pelo solo; cientistas calcularam que a redução de 10% do albedo do planeta levaria a aumentar cinco vezes o volume de CO2 na atmosfera3; 2) a elevação da temperatura do mar transforma superfícies imensas dos oceanos em desertos sem plâncton nem peixes, o que reduz sua capacidade de absorver o CO2. Esse fenômeno acelerou-se, de acordo com um estudo recente, 15 vezes mais rápido do que se previa nos modelos existentes!

Outras possibilidades de retroalimentação existentes são ainda mais perigosas. Até agora pouco estudadas, elas não foram incluídas nos modelos do IPCC (Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas), mas correm o risco de provocar um salto qualitativo no efeito estufa: 1) no momento, existem 400 bilhões de toneladas de carbono encerradas no permafrost - tundra congelada que se estende do Canadá até a Sibéria. Se as geleiras começaram a derreter, por que o permafrost também não derreteria? E ao se decompor, esse carbono se transforma em metano, que provoca um efeito estufa bem mais forte que aquele oriundo do CO2. 2) Quantidades astronômicas de metano encontram-se também nas profundezas dos oceanos: no mínimo um trilhão de toneladas estão sob a forma de clatratos de metano. Se os oceanos se aquecerem, há possibilidade desse gás ser liberado na atmosfera, provocando uma rápida mudança climática. Além disso, esse gás é inflamável: pesquisadores russos observaram, no Mar Cáspio, emissões de metano sob a forma de tochas que chegam a centenas de metros de altura. Segundo o engenheiro químico, Gregory Ryskin, uma erupção maior do metano oceânico poderia gerar uma força explosiva equivalente a dez mil vezes o estoque de armas nucleares do mundo. Mark Lynas cita essa fonte e chega à conclusão que um planeta com seis graus a mais seria bem pior que o Inferno descrito por Dante em A divina comédia...
Além disso, de acordo com o relatório do IPCC, a elevação da temperatura pode ultrapassar esse parâmetro, que é até agora o máximo previsto.

Todos esses processos começam de maneira gradual, mas a partir de um determinado momento podem se desenvolver por meio de saltos qualitativos. A ameaça mais inquietante, considerada cada vez mais pelos pesquisadores, é a de uma runaway climate change [mudança climática descontrolada], a de uma grande variação rápida e incontrolável do aquecimento. Existem uns poucos cenários do pior possível, ou seja, de a temperatura ultrapassar os dois ou três graus. Os cientistas evitam traçar quadros catastróficos, mas os riscos já são conhecidos. A partir de um certo nível da temperatura, a Terra ainda será habitável por nossa espécie? Infelizmente, não dispomos no momento de um planeta de reserva no universo conhecido pelos astrônomos...

COP 16 - CONFERÊNCIA CLIMÁTICA E OS PROTESTOS DOS EXCLUIDOS

Integrantes do Greenpeace colocam uma imagem da Estátua da Liberdade dentro da água nesta quarta-feira (8), como se estivesse afundando, durante protesto em Cancún, palco da Conferência do Clima da ONU. Outros monumentos históricos e patrimônios da humanidade também figuraram na manifestação. (Foto: Eduardo Verdugo / AP Photo)
Segundo a agência de clima da ONU, o ano de 2010 deverá ser um dos três mais quentes da história. Glaciares na América do Sul e nas montanhas da costa do Alaska têm perdido massa mais rápido e durante mais tempo que os demais em outras regiões na Terra. (Foto: Eduardo Verdugo / AP Photo)
A COP 16 vai até o dia 10 de dezembro, com debates voltados para temas como o Protocolo de Kyoto, que tem sofrido forte oposição para renovação por parte da comitiva japonesa presente no evento no México. (Foto: Eduardo Verdugo / AP Photo)

AV. PAULISTA - 119 ANOS

Av Paulista em 1891

119 anos e com a mesma visão!

Hoje, 08 de dezembro, é aniversário da Av. Paulista, a principal avenida de São Paulo! São 119 anos!

“A Avenida Paulista foi inaugurada, ainda sem nenhuma construção pronta, em 8 de dezembro de 1891. Seu idealizador foi Joaquim Eugênio de Lima, uruguaio casado com uma brasileira. O objetivo era fazer do local o endereço para a elite rica da cidade.
Fazendeiros, cafeicultores e novos ricos formavam a vizinhança. A diferença de origem entre eles acabou refletida na arquitetura da avenida. Os imponentes casarões da época eram concebidos de acordo com diferentes estilos europeus.”
A mais paulista das avenidas

JOHN LENNON - O SONHO NÃO ACABOU

Imagine um mundo sem separação de fronteiras e religiões...esse era o mundo que John Lennon sonhava...



Você pode dizer que eu estou sonhando...
Mas eu não sou o único.
Eu espero que um dia você venha se juntar a nós
E o mundo será um só!

Palavras de IMAGINE. Lennon sonhava sim, mas realmente não era o único e, como ele, milhares de pessoas ainda sonham com um mundo sem fronteiras e sem divisões religiosas.


Há trinta anos ele se foi. Em trinta anos o mundo mudou muito, não como Lennon sonhava, mas mudou muito. Lennon deixou sua mensagem, uma mensagem de paz e de esperança, de profundo respeito pelas mulheres, pelas minorias e pela liberdade.

UM SONHO QUE VOCÊ SONHA SOZINHO É APENAS UM SONHO
UM SONHO SONHADO JUNTO É REALIDADE

JOHN LENNON: Liverpool 09/10/1940 - Nova York 08/12/1980

COP 16 - MUDANÇAS CLIMÁTICAS - QUANTO O MUNDO AINDA AGUENTA ESPERAR???

Texto de Silvia Ribeiro
Há uma semana, representantes de governos de todo o mundo estão reunidos em um bunker de super luxo chamado Moon Palace (Palácio da Lua), supostamente para discutir as mudanças climáticas.

O lugar é longe dos hotéis e mais longe da cidade de Cancun o que, somado às abundantes barreiras policiais, significa investir de duas a três horas diárias em poucos quilômetros de ida e volta. Exceto para os delegados dos países ricos que, como se fosse outra forma de mostrar a injustiça climática, se alojam no Moon Palace a preços exorbitantes.
A maioria dos delegados da África, Ásia e América Latina estão em hotéis fora do complexo lunático e necessitam de horas para deslocar-se. Além de deixar os delegados do Sul esgotados, parece ser uma tentativa de evitar que cheguem à conferência os protesto do povo, vítima da mudança climática.
Milhares de ativistas e afetados pela crise climática, social e ambiental de todo o mundo chegaram a Cancun em seis caravanas, saídas de vários pontos do México, atravessando o país desde suas raízes, para conhecer e mostrar a verdadeira política ambiental do país, suas causas e a relação com a crise climática aqui e em outras partes do mundo.
Os testemunhos locais convergiram com os dos ativistas, camponeses e indígenas, irmãos de lutas de base nos Estados Unidos, Europa, América do Sul, América Central e Índia.
Partiram de San Luis Potosí, Acapulco, Guadalajara, Oaxaca, Chiapas, convocados pela Vía Campesina, Assembléia Nacional de Afetados Ambientais, Sindicato Mexicano de Eletricistas (SME) e Movimento de Libertação Nacional, aos que se somaram redes de justiça climática das Américas e da Europa, a rede Oilwatch e outras. As três primeiras caravanas convergiram na Cidade do México, onde realizaram um Fórum Internacional no auditório do SME, com mais de mil participantes e uma marcha no centro da cidade.
As caravanas pararam em vários pontos, onde ativistas e organizações locais os receberam com grande entusiasmo e solidariedade para compartilhar suas lutas e para somar-se. Expuseram, entre muitos outros, os casos de rios com enorme contaminação industrial, agrícola e urbana como o Rio Santiago em El Salto, Jalisco, onde uma criança morreu simplesmente por cair nele.
Apresentaram também projetos mineiros em San Luis, Guerrero, Oaxaca, Chiapas, que se fazem em todos os lugares devastando territórios contra a vontade das comunidades e pela ganância das transnacionais; projetos de megarepresas como Zapotillo e La Parota, que apesar da contínua oposição comunitária, o governo insiste em impor; zonas de altíssima contaminação de solos, ar e águas que provocam altas taxas de enfermidades, câncer e deformações genéticas nos moradores vizinhos,
Denunciaram os enormes lixões em Morelos, Tlaxcala, Edomex e Cidade do México, as megagranjas industriais, como as Granjas Carroll em Veracruz e Puebla, onde se originou a epidemia de gripe aviária e outras se gestam; contaminação petroleira e industrial, derrubada de bosques e sua substituição por grandes monocultivos e plantações para agrocombustíveis em vários estados; contaminação transgênica do milho nativo…
A devastação ambiental e social é enorme e mostra a verdadeira política “ambiental” no México, muito distinta das fotos que se mostram em Cancún.

A GLOBALIZAÇÃO DA REVOLUÇÃO

Institucionalizada pelos atenienses, a democracia tem perdido seu significado e valor nas mãos de séculos de incontáveis tiranos que a corromperam por completo. Seu significado inicial, claro e direto que diz “o poder do povo” tem pouco significado hoje. A palavra se enfraqueceu, ficou ultrapassada. Todo cidadão, isto é, aqueles que não eram escravos ou estrangeiros, podia representar-se no governo da cidade.

A representação cidadã é hoje em dia pouco menos que uma ilusão, quase um mito. A chamada democracia é atualmente um eufemismo com poderosos efeitos sedativos sobre uma população sonolenta. Os chamados governos democráticos mantém seus súditos em estado hipnótico, fazendo-os crer que seus interesses como cidadãos, estão representados e protegidos por um grupo de pessoas que pouco ou nada tem em comum com eles.

Para isto, os usurpadores das democracias modernas se serviram de poderosas armas de controle da sociedade. Tradicionalmente utilizou-se a fé e a bala contra o povo, e mais recentemente, a palavra.

Com a fé, em franco e claro retrocesso, e a bala destinada a democratizar distantes países ricos em recursos naturais, a palavra se tornou uma forte arma para usurpar as democracias ocidentais. A palavra foi moldada à imagem e semelhança do capitalismo globalizador, que a converteu na mais eficaz das armas já usadas contra o povo. Os meios de comunicação de massa tornaram-se a ultima etapa de aperto do pescoço do povo com a corda do capitalismo.

Agora já não precisam ameaçar-nos com deuses que estão nos céus nem sequer com balas que levam gravada a palavra “democracia”. A palavra é agora a droga que se força o povo a consumir até deixar completamente anulada sua capacidade de pensar por si mesmo. Lança-se um slogan que é repetido por quase todos os meios, e a sensação estereofônica adquire uma nova dimensão com um efeito demolidor da vontade do individuo, e afinal, em sua liberdade. Cada qual é livre para pensar o que eu lhe inculto, se diria que repitam até a saciedade. Em uma espécie de Admirável Mundo Novo, que Huxley teria reescrito o sistema totalitário que é o capitalismo, pensa por nos, consome por nós, fala por nós, vive por nós. Tudo por nós, mas nada para nós. Sem nós. (observe neste mesmo texto que a palavra “nós” perde seu significado depois de tanta repetição. Tome-se este como um bom exemplo das práticas globalizadoras do capitalismo).

Como povo, nos roubaram a palavra e a puseram a seu serviço, contra nós e contra a democracia. Servem-se dela para nos usar, nos manipular, para nos transformar em um número de uma grande lista de escravos ou estrangeiros a quem permitem uma representação e uma participação direta nisto que só eles chamam de democracia.

Não é a democracia o sistema que se coloca contra o povo, não é a democracia o sistema de governo que prega o interesse privado de alguns poucos e atenta contra o interesse geral. Como temos permitido que se continue utilizando o termo “democracia” para definir justamente o contrário?

Mas ainda há esperança, ainda temos algo a fazer pelo povo pisoteado. Como se tivesse passado despercebido, depositaram em nossas mãos um tipo de poder que emana de nós: o dinheiro, seu dinheiro, o alimento desta fera voraz, devoradora de homens e corruptoras de almas que é o capitalismo. O circulo formado pela corda ao redor do nosso pescoço só se fechará se deixarmos escapar este poder. O circulo só se fechará se consumimos e devolvemos ao circuito financeiro todo o dinheiro que esperam que geremos.
Além do essencial, não consuma.
Além de uma vida digna e suficiente, não consuma.
Além de preservar o planeta, não consuma.
Além do que seja moral, não consuma.
Além do que te satisfaz, não consuma.
Além do que consideraria justo e racional para teu vizinho, não consuma.

Se não consumirmos além disto, essa máquina que nos degrada como pessoas se deterá, cedo ou tarde. Todo cárcere precisa de seus presos, todo supermercado precisa de seus clientes, todo capitalismo precisa de suas vitimas.

Ficou demonstrado então que não vivemos em uma democracia, vivemos como aqueles escravos ou estrangeiros que esperavam em Atenas uma liberação que não chega, que temos que sair procurando onde quer que esteja. Juntos podemos encontrar. Outro mundo é possível.

WIKILEAKS TRAZ DENÚNCIAS SOBRE O BRASIL

Um documento secreto assinado em fevereiro de 2009 pela secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton, e divulgado ontem pelo WikiLeaks, mostra que alguns recursos naturais brasileiros estão em uma lista de interesses estratégicos de Washington e são considerados "vitais" para a segurança nacional americana.


O documento traz uma relação de cerca de 300 locais espalhados pelo mundo cuja perda "pode ter um impacto crítico na segurança econômica, saúde pública ou na segurança nacional dos EUA". A recomendação de Hillary era para que todas as embaixadas produzissem uma lista onde há pontos "críticos de infraestrutura" e "recursos-chave" em cada país.

No Brasil, os locais relacionados foram: dois cabos submarinos de telecomunicação em Fortaleza (CE) e um no Rio de Janeiro, as minas de minério de ferro e manganês da multinacional Rio Tinto - que hoje pertencem à Vale -, e as minas de nióbio de Araxá (MG) e Catalão (GO). Não constam da lista as reservas do pré-sal e nem os recursos biológicos da Amazônia, alardeados pelo governo brasileiro como locais que precisam ser protegidos da ameaça externa.

Duas minas brasileiras de nióbio são consideradas prioritárias para os EUA. A CBMM (Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração), em Araxá, MG, que supre 80% do mercado mundial. A outra é explorada pela companhia Anglo Americana, num complexo mineral de Ouvidor e Catalão em Goiás.

O Brasil tem 98% das reservas mundiais exploráveis de nióbio, metal usado em ligas de grande resistência, matéria-prima para cápsulas espaciais, mísseis, foguetes, reatores nucleares e semicondutores. O produto é tido como fundamental para a indústria bélica e espacial dos EUA, que importa do Brasil até 87% do nióbio de que necessita.

Outra “preocupação” dos EUA com o Brasil diz respeito ás redes de comunicação (telefonia, internet e dados). A eventualidade de danos nos cabos submarinos da Globenet ou da America’s II pode dificultar o contato com empresas norte-americanas aqui e em Washington (vice versa lógico), com sérios prejuízos para o “comércio eletrônico” entre os dois países