POR DENTRO DO WIKILEAKS
Os documentos publicados no Wikileaks são muito mais do que uma simples denúncia sobre como os EUA atuam no mundo e que tipo de sujeira eles podem estar envolvidos. São um contundente documento histórico que deixa exposta a essência de uma era.
Juntos, eles constroem uma narrativa de como a superpotência vê e atua em um mundo em mutação. Através deles, se pode ver de perto a narrativa diplomática sobre duas guerras falidas, uma guerra contra o terror igualmente fracassada, uma crise financeira como poucas na história, o início de uma nova ordem mundial com uma multiplicidade de nações surgindo como importantes atores globais.
Retratam, de dentro, as diferenças e semelhanças entre o governo de Bush e o de Obama. E refletem também uma crise ambiental sem precedentes, mostrando como os EUA atuaram ou deixaram de atuar por sua causa.
São o retrato de um império em decadência.
Como em lançamentos anteriores, o WikiLeaks avaliou que precisava de parceiros de peso para dar substância ao material em um primeiro momento. Por isso os cinco grandes veículos - Le Monde, El País, The New York Times, The Guardian e Der Spiegel - foram contatados, e entraram na parceria com exclusividade.
São jornais reputados que têm a estrutura necessária para processar essa enormidade de informações e produzir reportagens a partir dela.
Além disso, somente através desses parceiros, já conhecidos do WikiLeaks, a organização poderia se certificar de que todos os telegramas que forem publicados – todos – irão passar por um rígido controle de redação final.
Cada jornal é obrigado a editar os documentos e retirar os nomes de pessoas que possam sofrer risco por causa do conteúdo dos documentos. Essa é uma preocupação central da organização.
Mesmo assim, estava claro que para eles o mais interessante seria os “furos”, o pote de ouro no fim do arco-íris do jornalismo mainstream.
Para equilibrar um pouco a cobertura e evitar uma corrida desenfreada pelo “furo”, o WikiLeaks conseguiu negociar uma programação de matérias que serão publicadas ao longo das semanas por esses jornais. Assim, o conteúdo é mais bem aproveitado e notícias de tamanha relevância podem ser digeridas por mais tempo.
Além desses cinco veículos, o Brasil é o único país que tem tido a oportunidade de conhecer o conteúdo dos telegramas provenientes da sua embaixada e consulados. Isso porque o WikiLeaks considera o público brasileiro como grande aliado. O Brasil tem um enorme número de internautas e um dos movimentos pela liberdade na internet mais ativos do mundo.
Por isso, a organização resolveu criar uma forma de comunicação direta com ele. Dessa forma, fui convidada, como jornalista independente, a colaborar com o projeto.
Ao longo da última semana, produzi algumas matérias em português no site para que o público pudesse ver como esse material é rico. Ao mesmo tempo, em parceria com a Folha de S. Paulo, esse material pôde chegar impresso em tempo real para os leitores brasileiros.
Segunda fase
Esta semana começa a segunda fase da divulgação. Agora, o WikiLeaks vai trabalhar em parceria com dois dos maiores jornais do país – a Folha e O Globo – utilizando dois grandes repórteres, que buscarão dar o tratamento adequado ao material.
São centenas de histórias que merecem tempo, apuração e faro para serem bem escritas, e como o WikiLeaks é uma organização pequena (embora grande), não tem condições de realizar todo o jornalismo sozinho. Contamos com os dois jornais para nos ajudar a narrar essa importante história.
Natália Viana é jornalista e colaboradora do Opera Mundi
WIKILEAKS É REVOLUÇÃO DE VERDADE
Eu acho que estamos diante do início de uma revolução de verdade, um desses acontecimentos raros que envolvem mudanças amplas, profundas, capazes de abrir perspectivas inesperadas para o futuro.
Estou falando do WikiLeaks e seu saudável costume de oferecer segredos da política, da economia e da diplomacia para o consumo de cada um dos 6 bilhões de seres humanos. É tão diferente e tão surpreendente que chega a ser assustador. Altera relações de poder. E isso é mesmo novo.
Não sei se você sabe, mas um dos raros momentos da história em que a diplomacia foi devassada de modo tão despurado ocorreu em 1917, depois que os bolcheviques tomaram o poder na Russia tzarista. Uma das primeiras providências dos novos ocupantes do poder foi abrir os arquivos da chancelaria do Tzar e exibir para a população do país os segredos, truques e maquinações articulados pelos antigos ocupantes do poder.
Do ponto de vista de seu interesse político, os bolcheviques utilizaram a abertura dos arquivos como um instrumento de propaganda, para desmoralizar seus adversários. Não há dúvida, porém, que foi uma medida que ajudou a educar a população — o que só é possível com hábitos transparentes na vida pública –, a tal ponto que o costume seria abandonado com o passar dos anos, na exata medida em que o poder soviético transformou-se numa das mais cruéis ditaduras do século XX.
Neste início de século XXI, o WikiLeaks realizar um esforço com algumas semelhanças — e muitas diferenças, todas a favor.
Para começar, não se consegue demonstrar, ao menos até aqui, que seja uma abertura dirigida do ponto de vista ideológico ou político. Também não é obra de um governo. Sobra munição contra todo mundo — e a favor de todo mundo.
Os responsáveis do WikiLeaks não exibiram vontade de agradar um governo, um partido, uma idéia ou uma personalidade, o que já é um ótimo ponto de partida. Suas revelações incomodam os governos de plantão — sejam eles quais forem.
Outro aspecto é a transparência. Em vez de oferecer trechos selecionados de documentos secretos, como é padrão entre historiadores de todo o planeta, que se reservam o direito de arquivar aquilo que não lhes interessa, os documentos são divulgados na íntegra, como matéria prima para quem quiser pesquisar, discutir e contestar.
Um terceiro ponto é que seu horizonte envolve a realidade global de nossa época. Os vazamentos nascem no governo americano, que são o centro de poder e influencia do mundo hoje. Ou seja: ali há notícia de interesse do planeta inteiro.
Outro ponto é que essas informações estão disponíveis para todo cidadão que tenha conexão com a internet, que se afirma, também por aí, como a grande biblioteca viva dessa nova fase do conhecimento humano. Você não precisa ser um iniciado em assuntos políticos nem frequentar um clube de pesquisadores para ter acesso aos planos de determinado governo para enfrentar determinada crise. Precisa ter tempo.
Claro que sobram perguntas. A mais importante envolve o trabalho de escolher documentos publicados. Qual o critério é empregado? Como garantir que outras revelações importantes não ficaram de fora?
Também tenho uma questão que envolve a segurança daquilo que é publicado. Informações secretas podem ser muito interessantes e contribuir para o entendimento dos acontecimentos. Mas também podem, como gostam de alertar comandantes militares, servir para “dar conforto ao inimigo.” Vamos imaginar uma hipótese brasileira: dias antes da ocupação do Complexo do Alemão, os planos de ataque as bases do tráfico de drogas chegam ao site do WikiLeaks. Você mandaria publicar?
Como eu disse no início, são mudanças de porte e de longo alcance. Como observa Pedro Doria no Estadão de hoje, “mesmo que o WikiLeaks saia do ar, daqui para a frente este tipo de site sempre existirá.”
É maravilhoso. E como sempre acontece com aquilo que quebra nossos hábitos e coloca novas perguntas, também é assustador.
Texto de Paulo Moreira Leite, jornalista da revista ÉPOCA.
PARA REFLEXÃO: UM POUCO DAS FAVELAS CARIOCAS
Conforme pesquisa do Centro de Políticas Sociais Fundação Getúlio Vargas, pode-se observar a ausência do Estado nas principais favelas do Rio de Janeiro, particularmente o Complexo do Alemão e a Rocinha.
Isso em parte explica o poder e capacidade de organização que atingiu o crime organizado nesses locais. Vejamos alguns dados:
A renda per capita mensal do Complexo do Alemão é de R$ 176,90 e a da Rocinha, R$ 220, diante de uma média das demais de R$ 615 das 30 regiões administrativas do município do Rio.
A Rocinha registra o menor nível de escolaridade do Rio, de 5,08 anos completos de estudos. O Complexo do Alemão ocupa o segundo lugar desse triste ranking, com 5,36 anos de estudo. A média das demais regiões administrativas da cidade é de 8,29 anos completos de estudos.
A proporção de pessoas com curso universitário nas favelas é de 2,75%, quase dez vezes menor que no resto da cidade. Alcança 92% o percentual de crianças de zero a três anos do Complexo do Alemão que nunca frequentaram uma creche.
A taxa de desemprego média de 19,1% nas cinco grandes favelas, atingindo 19,5% no Complexo do Alemão e 17,2% na Rocinha, ante 9,9% nos bairros ricos apontam para a falta de coesão social da cidade e revela a impossibilidade de mobilidade social dos favelados cariocas.
É claro que em uma situação social dessa em que os indivíduos sequer tem condições de concorrer para o mercado de trabalho, a atração do tráfico vem preencher essa lacuna.
Portanto, é preciso afirmar e reafirmar, para a além das UPP´s é mais do que urgente o Estado oferecer à essas comunidades políticas sociais que construam a cidadania. O PAC é uma alternativa embora tímida ante a gravidade do problema, é necessário e urgente uma política bastante séria e agressiva na educação não só das crianças mas também de formação dos adultos.
GUERRA NO RIO DE JANEIRO - UMA VISÃO FOTOGRÁFICA
A guerra desencadeada contra o tráfico de drogas no Rio de Janeiro, teve seus momentos mais sensíveis eternizados em fotos que certamente irão para a História. CLIQUE NAS IMAGENS PARA UMA EXCELENTE AMPLIAÇÃO.
Uma Vista geral do complexo do Alemão, RJ (AP foto/Felipe Dana)
Onibus incendiado por traficantes (Reuters/Sergio Moraes)
Policial tomando posição durante ataque(Jefferson Bernardes/AFP Getty Images)
Policiais deslocando-se durante invasão ao complexo (AP Foto/Silvia Izquierdo)
População aguarda para poder voltar pra casa (AP FOTO/Silvia Izquierdo)
Tanque da Marinha ultrapassa obstáculos (Reuters/Bruno Domingos)
Policial caminha diante de Bandeira do Brasil crivada de balas (AP FOTO/Felipe Dana)
Crianças apavoradas durante a operação (AP FOTO/Silvia Izquierdo)
Residentes deixam a área de conflito durante operação (Jefferson Bernardes/ AFP/Getty Images)
Helicóptero resgata ferido (Evaristo Sa/AFP/Getty Images)
Veiculo conhecido como caveirão circulando (AP Foto/ Andre Penner)
Criança simboliza o desejo de todos (AP Foto/Felipe Dana)
A CIVILIZAÇÃO DO MEDO
Para o Ocidente, o ano 2000 seria o coroamento do projeto civilizador, e a civilização do futuro seria ocidental. Poderíamos discordar se ela seria capitalista ou socialista, marxista ou keynesiana, mas não havia dúvida de que o avanço técnico construiria um mundo de fartura para todos. E isso bastaria. Apesar do terror da primeira guerra mundial e suas armas químicas, fabricadas e utilizadas por ocidentais; do horror do fascismo e do stalinismo, produtos do Ocidente; da insuperável brutalidade da bomba atômica, criada e usada pelo Ocidente. Apesar dos repetidos atos de terrorismo sem causa, como o de Oklahoma, cometido por um ocidental, e do macabro ritual dos assassinos em série, quase sempre ocidentais; ao longo do século do Ocidente a civilização caminhou para melhor.
A social-democracia construiu na Europa uma sociedade no limite do igualitarismo que coabita com a liberdade individual. O socialismo criou uma sociedade que garantiu acesso social a bens e serviços antes restritos a poucos. Nos continentes periféricos, os povos caminharam para o fim do colonialismo. O avanço técnico aumentou a esperança de vida, o nível de conforto e bem estar; a ciência e a tecnologia permitiram controlar a saúde, o transporte. Graças à vitória do lado capitalista da civilização ocidental sobre o seu lado socialista, foi possível chegar ao século XXI sem o medo de uma hecatombe nuclear. E foi derrubado o muro que separava países europeus segundo suas ideologias e regimes políticos e sociais No fim do século XX, a humanidade estava mais rica, mais livre, mais integrada pela globalização nos moldes do Ocidente. Mas, apesar de todo o avanço sob a égide do Ocidente, o século XXI se inicia como o Século do Terror, em uma Civilização do Medo. Quando pensava inaugurar uma civilização global, construindo uma Europa do tamanho do Planeta, o mundo se surpreende com o início de uma civilização aterrorizada, com medos. No lugar da confiança no futuro, a civilização ingressa no século XXI com pelo menos 15 medos:
Do terror. Em primeiro lugar, o medo visível do terrorismo que ameaça a vida de cada inocente cidadão em nossas cidades, como se viu no absurdo crime cometido pelos terroristas dos Onze de Setembro e de Março.
Da ecologia. A cada dia, os estudos, as notícias e a própria observação pessoal mostram um mundo caminhando para a destruição do planeta, por causa da crise ecológica.
Da droga. Em toda parte, o uso de droga deixou de ser um problema pessoal e passou a ser um dos medos da humanidade, prisioneira dos traficantes e da degradação da juventude
Do terror. Em primeiro lugar, o medo visível do terrorismo que ameaça a vida de cada inocente cidadão em nossas cidades, como se viu no absurdo crime cometido pelos terroristas dos Onze de Setembro e de Março.
Da ecologia. A cada dia, os estudos, as notícias e a própria observação pessoal mostram um mundo caminhando para a destruição do planeta, por causa da crise ecológica.
Da droga. Em toda parte, o uso de droga deixou de ser um problema pessoal e passou a ser um dos medos da humanidade, prisioneira dos traficantes e da degradação da juventude
Do desemprego. O sonho de um século XXI onde todos teriam a liberdade de uma jornada reduzida de trabalho foi transformado pelo pavor generalizado do desemprego, especialmente entre os jovens.
Da migração. O final do século XX e o começo do século XXI são tempos de assustadora migração entre países e continentes, com um desconforto trágico para os que migram e uma ameaça constante para as sociedades invadidas.
Da paz. Como uma guerra fria transformada em paz quente, pequenas guerras se espalham pelo mundo, sem o controle antes existente do equilíbrio das grandes potências
Da violência. A humanidade sempre foi violenta, mas havia um sonho de paz e a sensação de que se caminhava para ela. A realidade parece mostrar o contrário. Nunca se viu tanta violência urbana como nas últimas décadas. Em alguns países, ela já se transformou em verdadeira guerra civil, permanente e sem propósito. Cidades grandes se transformaram em campos de guerra.
Da tecnologia. A tecnologia, antes instrumento de construção da utopia, tornou-se um assustador instrumento de criação de desemprego, de manipulação genética, de fabricação de armas, redução da liberdade, destruição da natureza
Da liberdade. O imenso poder de destruição que a tecnologia oferece a cada indivíduo provoca um medo da liberdade individual e a necessidade de controlar cada pessoa.
Da democracia. No mundo de hoje, o poder de cada chefe de estado eleito vai muito além das fronteiras de seu país e da geração de seus eleitores. Mas na democracia a história continua prisioneira de cada país e limitada à próxima eleição. A democracia sem controle ético assusta a humanidade.
Do controle. Ao mesmo tempo, a necessidade de controlar a liberdade individual, de abrir fronteiras e de sacrificar o presente em nome do futuro provoca o medo do próprio controle.
Da desigualdade. No lugar da igualdade para onde se imaginava caminhar a humanidade – aquela planejada pelo estado socialista ou a promovida pelo mercado capitalista – o século XXI apresenta a maior brecha social de desigualdade já ocorrida em toda a história da humanidade. Desigualdade que assusta pelo caos que pode criar e pela destruição de valores éticos que pode trazer.
De doenças. Ao mesmo tempo em que parece caminhar para a cura das doenças, a humanidade mostra-se assustada com as novas doenças criadas pela própria civilização moderna, ou com as velhas doenças que se espalham graças à globalização.
Das curas. Como se não bastasse o medo das doenças modernas, o mundo se assusta com o êxito das curas, que vêm prolongando a vida humana a ponto de ameaçar as finanças dos sistemas de saúde e seguridade social; ainda mais se o efeito desse prolongamento se espalha por toda a população da terra.
Do vazio. Existe hoje um vazio espiritual e existencial. E isso assusta um mundo que se pergunta até onde irá o vazio do consumismo, da alienação.
Extraido do texto de mesmo nome de Cristovam Buarque
CONTRA O RACISMO, A INTOLERÂNCIA E O PRECONCEITO
Nada é mais revoltante que as bestiais demonstrações de racismo, intolerância e preconceito de uma parcela da população brasileira. Hoje é um dia em que se deve refletir um pouco sobre isso,
20 de novembro é uma das datas mais importantes do nosso calendário.
O Dia da Consciência Negra, foi criado à partir do projeto de lei número 10.639/2003. A data foi escolhida em homenagem à Zumbi, líder do Quilombo dos Palmeres que morreu em 20 de novembro de 2010. Os estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Alagoas, Amapá, Bahia e Mato Grosso, possuem leis estaduais que estabelecem o feriado no estado.
Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) de 2009, 51,1% da população brasileira é composta de pardos (44,2%) e negros (6,9%). Dos 7,2 milhões de trabalhadores domésticos, 94% são afrodescendentes.
Há uma dívida histórica, relacionada à escravidão durante o século 19, que trouxeram conseqüências irreparáveis aos descendentes de escravos.
No entanto, a partir da mobilização do movimento negro, o Governo Lula possibilitou mecanismos para minimizar as dívidas históricas.
Os programas de transferência de renda e valorização do salário mínimo possibilitaram a retirada de aproximadamente 6,5 milhões de brasileiros da linha de pobreza, que são majoritariamente negros.
Em 2003, foi sancionada a Lei 10.639, que inclui na rede de ensino, a obrigatoriedade da história da Cultura Afro-Brasileira. Foi criado também, o sistema de cotas nas universidades, assegurando 20% das vagas aos afro-descendentes.
Desde 2005, 516 mil hectares de terra foram regularizados, garantindo o acolhimento de várias famílias quilombolas, beneficiadas também pelos programas Luz para todos e Bolsa Família.
Enfim, a data é um símbolo de luta contra a discriminação racial e o respeito às diversidades.
Em uma época em que a intolerância vem tomando conta de parte da sociedade, com espancamentos, racismo, preconceitos, xenofobias e outras formas de agressão, nada melhor do que refletirmos sobre o dia 20 de novembro. Certamente, o dia 20 de novembro tem muito a nos dizer e pode ser considerada uma das datas mais importantes do nosso calendário.
20 de novembro é uma das datas mais importantes do nosso calendário.
O Dia da Consciência Negra, foi criado à partir do projeto de lei número 10.639/2003. A data foi escolhida em homenagem à Zumbi, líder do Quilombo dos Palmeres que morreu em 20 de novembro de 2010. Os estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Alagoas, Amapá, Bahia e Mato Grosso, possuem leis estaduais que estabelecem o feriado no estado.
Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) de 2009, 51,1% da população brasileira é composta de pardos (44,2%) e negros (6,9%). Dos 7,2 milhões de trabalhadores domésticos, 94% são afrodescendentes.
Há uma dívida histórica, relacionada à escravidão durante o século 19, que trouxeram conseqüências irreparáveis aos descendentes de escravos.
No entanto, a partir da mobilização do movimento negro, o Governo Lula possibilitou mecanismos para minimizar as dívidas históricas.
Os programas de transferência de renda e valorização do salário mínimo possibilitaram a retirada de aproximadamente 6,5 milhões de brasileiros da linha de pobreza, que são majoritariamente negros.
Em 2003, foi sancionada a Lei 10.639, que inclui na rede de ensino, a obrigatoriedade da história da Cultura Afro-Brasileira. Foi criado também, o sistema de cotas nas universidades, assegurando 20% das vagas aos afro-descendentes.
Desde 2005, 516 mil hectares de terra foram regularizados, garantindo o acolhimento de várias famílias quilombolas, beneficiadas também pelos programas Luz para todos e Bolsa Família.
Enfim, a data é um símbolo de luta contra a discriminação racial e o respeito às diversidades.
Em uma época em que a intolerância vem tomando conta de parte da sociedade, com espancamentos, racismo, preconceitos, xenofobias e outras formas de agressão, nada melhor do que refletirmos sobre o dia 20 de novembro. Certamente, o dia 20 de novembro tem muito a nos dizer e pode ser considerada uma das datas mais importantes do nosso calendário.
DIVERSIDADE BRASILEIRA RETRATADA
O Brasil é um país de incrível diversidade. Poucos países apresentam um contraste tão marcante como o nosso. Mas além desses contrastes temos uma marcante desigualdade social que se reduziu timidamente nos últimos anos, mas ainda está aí, gritante.
Temos muita gente que se sensibiliza e procura, ao seu jeito, denunciar essas desigualdades. Daniel de Andrade Simões é um desses brasileiros. Esse baiano, que já atravessou o país, do Amapá ao Rio Grande do Sul, tem como forma de expressar o Brasil a imagem, através de sua máquina fotográfica.
Um poeta pode eternizar um momento em versos. Escritores constroem a imagem de uma época, um lugar ou um personagem usando com habilidade incrível a palavra. Os fotógrafos são mais diretos e objetivos. Uma imagem retratada pode ser textos maravilhosos, captando sentimentos, emoções, ou denunciando barbaridades e injustiças.
A realidade está ali, ante os nossos olhos, bastou um segundo para registrá-la, mas a sensibilidade de uma vida para percebê-la. Muitos saem por aí tirando milhares de fotos, a era digital facilitou isso tremendamente, mas poucos tem aquela percepção do momento, da imagem como obra de arte, ou como denúncia de uma situação social, ou simplesmente captando toda a beleza de um crepúsculo ou de uma flor.
O Brasil tem excelentes fotógrafos. Daniel é um deles. Com seu estilo ele pensa o Brasil, faz história. Suas fotos enaltecem, denunciam e transmitem esperança. A esperança de que um dia possa registrar fotos deste povo lindo e tão diverso, despido das marcas da pobreza e do atraso cultural
A obra de Daniel de Andrade Simões pode ser mais bem avaliada em seu Blog:
http://www.saitica.blogspot.com/
Bernardo
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