A HUMANIDADE VAI FICAR SEM ÁGUA?
É difícil de acreditar que num planeta onde dois terços
da superfície estão cobertos por água de mares, rios, lagos e geleiras, sem
contar o estoque gigantesco de água subterrânea, tenha-se como muita próxima
uma resposta afirmativa a essa pergunta. Mas isso é o resultado da mesquinha
ação humana...o mais voraz de todos os predadores. Gastamos mais do que temos
disponível; poluímos dez vezes mais do que consumimos, e desperdiçamos uma
quantidade incalculável da água que tratamos.
A precipitação continental de água doce é uma herança da
humanidade. Mas esta riqueza, estimada em 110 bilhões de m3/ano é desigualmente
distribuída. Regiões áridas que recebem pouca chuva estão sujeitas a um
estresse hídrico permanente. Mas a falta d’água também tem razões econômicas. É
o caso de muitas áreas, que recebem muita chuva, mas com uma infraestrutura
inadequada acabam sofrendo de escassez. Resultado: em 2012, um em cada sete habitantes
da população mundial não tem acesso a água potável de qualidade.
Por causa do crescimento populacional, a demanda mundial
de alimentos poderá dobrar até 2050. Mas os recursos hídricos já estão
fortemente prejudicados por irrigação com fortes impactos sobre o meio
ambiente: a exploração excessiva de águas subterrâneas; salinização; rios
artificiais e fragilização de zonas húmidas e a degradação da qualidade da água
e, como fator altamente preocupante, o aquecimento global só deve agravar a situação.
Como nessas condições, continuar a satisfazer as
crescentes necessidades de irrigação. Sistemas de irrigação são responsáveis
pela produção de 40% dos alimentos do mundo em apenas 20% da terra arável? Captações
de água e áreas irrigadas devem crescer fortemente, particularmente em países
que já sofrem de estresse hídrico.
Por sua vez a agricultura fluvial abrange 80% das áreas
cultivadas e produz 60% dos alimentos do mundo. Mas em muitas regiões áridas,
os rendimentos agrícolas sofrem grandes oscilações, devido aos riscos
climáticos. Nestas situações, devemos
reforçar a capacidade de lidar com a tradicional seca: terraços agrícolas,
bancos anti-erosão, controle da irrigação e recarga das águas subterrâneas, e
utilizar variedades resistentes à seca.
A indústria é o setor cuja demanda por água deve crescer
na maioria dos países emergentes. Para atender a essas novas necessidades,
precisamos desenvolver fontes alternativas de recursos hídricos. Atualmente a
reciclagem é de 4% das águas residuais urbanas ou 7 bilhões de m3/ano. A
dessalinização da água do mar produz 8 bilhões de m3/ano. Se os custos de
produção tornarem-se competitivos, este recurso pode dobrar até 2020, embora
seu custo de energia e impacto ambiental seja alto.
Outra questão crucial:
o consumo de água potável nas cidades tem sido sempre uma prioridade. Se
o mundo rural foi de 70% da população em 1950, será de 70% no urbano em 2050. A
explosão populacional urbana nos países em desenvolvimento levantam outros
temores de escassez de água, as cidades terão mais de 9 bilhões de pessoas em
2050. Será preciso portanto, ir buscar água mais longe, aumentar a conta da
água para as comunidades, racionalizar, reciclar, etc. O dever de cooperação internacional é
crucial, caso contrário a resolução 64/292 da ONU de julho de 2010, que
reconhece o direito à água potável para todos, continuará a ser letra morta. As
previsões mais otimistas indicam que mais de 1 bilhão de pessoas enfrentarão grave
escassez de água em 2050, ou seja, viverão com menos de 100 litros de água cada
um.
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