MÊS DA MULHER

Dia 8 de março é o Dia Internacional da mulher. Queria escrever algo a respeito e procurando uma referência deparei, não sei onde, com Christine de Pizan. Fui pesquisar a respeito e eis o que encontrei:

Cristine de Pisan

Cristina de Pisano (em francês Christine de Pizan, nasceu em Veneza em 1364 foi uma poetisa e filósofa francesa de origem italiana, conhecida por criticar a misogenia (aversão a tudo o que é ligado ao feminino) presente no meio literário da época, predominantemente masculino, e defender o papel vital das mulheres na sociedade. Considerada precursora do feminismo. Foi a primeira mulher de letras francesa a viver do seu trabalho. Cristine foi educada num ambiente favorável aos seus interesses intelectuais - aprendendo várias línguas, lendo os redescobertos clássicos e os inúmeros manuscritos do arquivo real, tudo dentro do espírito humanista do início do Renascimento. Em 1379, com 15 anos casa-se com Etiene du Castel, secretário real.
A morte do marido em 1390 deixa Cristine numa delicada situação financeira, devido às dívidas contraídas por ele. Decide, então, dedicar-se às letras, numa tentativa de se sustentar a sí e aos filhos. As suas primeiras baladas (canções com narrativas), compiladas em "Le livre de cent balladés", chamam a atenção da corte e de alguns ricos mecenas, como João de Berry e o Duque de Orléans.
No entanto, é a disputa com Jean de Meung sobre o poema "Roman de la Rose" ("Romance da Rosa") que estabelece o seu estatuto como escritora. O Roman de la Rose era um dos livros mais populares na França e resto da Europa no século XIII; representava as mulheres como nada mais que sedutoras, numa mordaz sátira às convenções do amor cortês. Cristine, nos seus poemas Epistre au dieu d'Amours ("Epístola ao Deus do Amor) e Dit de la Rose (Conto da Rosa publicados em 1401 e 1402), põem  em causa o mérito literário do poema, criticando os termos vulgares usados para descrever as mulheres, objetando que tal linguagem não era usada por damas nobres e servia apenas para denegrir a função natural e própria da sexualidade feminina. O debate foi extenso e, devido à participação da escritora, centrado na representação e tratamento das mulheres nos textos literários, ao invés de no talento literário de Meung. Estabeleceu a reputação de Christine como intelectual capaz de apoiar a sua causa com argumentos lógicos e bem fundamentados. A sua obstinação e coragem conquistaram a admiração e apoio de alguns dos grandes pensadores da época, como Jean de Gerson e Eustache Deschamps.
Nos seus restantes trabalhos nunca deixou de defender a importância das mulheres e das suas contribuições para a sociedade ou a igualdade dos sexos e a necessidade de dar uma educação igual tanto a rapazes como a meninas. Tenta ainda mostrar às mulheres como cultivar qualidades que as ajudem a lutar contra a crescente misoginia.
Christine, escreveu mais de quinze livros durante sua vida, tanto poesias quanto livros de caráter didáticos, textos estes, em que uma mulher conta como se vê e a seu mundo.
Nas palavras da própria Christine vemos a sua ousadia delineada nesta citação retirada das páginas do livro “A História das Mulheres no Ocidente”, “Que não me acusem de desatinos, de arrogância ou de presunção, de ousar, eu mulher, opor-me e replicar a um autor tão subtil (Jean de Meung), nem de reduzir o elogio devido a sua obra, quando ele, único homem, ousou difamar e censurar sem exceção todo o sexo feminino.” Posicionamento surpreendente, se considerarmos a época em que foi escrita e que só por isso já merece a nossa admiração.
A sua última obra, Ditié de Jeanne d'Arc, foi escrita no mosteiro de Poissy, para onde se retirou no fim da vida. Nela, celebra o aparecimento de uma líder militar feminina, Joana d'Arc, que recompensa todos os esforços das mulheres na defesa do seu sexo. Desconhece-se a data exata da sua morte. Ao contrário do que se poderia supôr, esta não ditou o seu esquecimento, mas o interesse pelos seus livros e idéias apenas aumentou.
Cristine e a justiça

Um comentário:

Tais Luso de Carvalho disse...

Gostei muito de ler este texto.
Muito surpreendente o seu posicionamento para aquela época em que a mulher era tão ‘valorizada’ como as minorias. Diria que servia, quase que somente para procriar. Cruiz-credo.
Bjs
Tais luso