AS BONECAS AFRICANAS

Boneca Mundimba, Angola

Na cultura ocidental a definição atual de um boneco é muito estreita, significa um brinquedo para uma criança.Nem sempre tem sido assim. Na Itália renascentista um boneco fazia parte da lista como fazendo parte do dote da noiva.
A mulher era encorajada a dar banho, alimentar a boneca com a esperança de que ela futuramente iria gerar uma criança agradável e saudável.
Isto demonstra que não são só as culturas africanas a utilizarem os seus bonecos como rituais.Existem exemplos semelhantes em muitas outras culturas em todo o mundo.
A boneca africana também não é considerada um brinquedo. Ela tem um significado bastante diferente e é utilizada com uma finalidade bem determinada.
Uma lenda ashanti *(1) conta que há muitos anos uma mulher grávida, um dia, esculpiu e aprimorou uma linda estatueta de madeira. Trouxe-a consigo durante meses, até dar à luz uma menina muito linda, semelhante à estatueta que havia esculpido. Desde então, todas as mulheres grávidas andam com uma estatueta às costas, que reproduz as formas anatômicas “perfeitas”, pelo menos segundo as tradições de beleza próprias da cultura.
A boneca pode ser mais ou menos estilizada, e a sua forma varia conforme se deseja ter um menino ou uma menina. Terá um rosto achatado e oval se a mulher desejar um rapaz, quase retangular se desejar uma menina.
A boneca pode servir para muita coisa.Primeiramente, tem o poder de favorecer, pelo menos simbolicamente, a fertilidade feminina. Afasta os espíritos malignos, pois se pensa que são eles a causa da infertilidade da mulher.
Depois, serve para augurar à mulher grávida que a criança que vai nascer seja saudável e linda.A beleza não é coisa “natural”, mas “cultural”; por exemplo, para os ashanti, ser belos significa ter o pescoço alongado e o rosto arredondado. Por isso, as bonecas são geralmente esculpidas com um pescoço longo e o rosto redondo e achatado. Pensamos que podemos, desta forma, influenciar a estrutura física da criança que vai nascer.
*(1) Os ashanti
A zona centro-noroeste de África que actualmente se chama Gana era conhecida no século XVII como o Reino dos Ashanti, um povo de origem sudanesa, que actualmente pouco supera o milhão de indivíduos.
Boneca Angolana Himba (Ashanti)

Os significados da cultura africana foram modificados, seja pela igreja, seja por outras culturas para sobreviverem em outros locais. Como ritual de ancestralidade e valores, as bonecas produzidas tradicionalmente na África são utilizadas para representar pessoas falecidas e entes queridos. São também usadas para agradecer aos deuses pela boa saúde, riqueza, as boas colheitas e incentivar a fertilidade.
Boneca de Camarões
Elas são feitas a partir de materiais encontrados em seu ambiente natural, tem como base os desenhos das paredes de caverna pré histórica ou estatuetas de madeira e até mesmo de argila, e agora representadas por restos de tecido. Estas bonecas ou ídolos foram usados como ícones religiosos ou mágicos por muitos povos. Para muitas meninas negras tem um significado de afeto, pois elas são feitas pelas mães, tias, avós a fim de presentear com algo mais significativo do que um simples brinquedo é um presente que conta um pouco da vida, um gesto de perpetuação e amor.
Boneca de Gambia

Boneca do Senegal

Os materiais utilizados, as cores, e o design dos tarjes são uma reprodução fiel dos costumes de cada povo, não só de cada país africano, mas mais especificamente de cada tribo.
Boneca da Africa do Sul

Africa do Sul
Ao longo da história universal a mulher, sempre foi encorajada a ter um objeto com feições humanas, ao alimentar e cuidar dessa boneca ela amadurecia o ato da maternidade e de constituição de família.
Boneca da fertilidade - Gambia

Boneca da Etiopia

Boneca Hakawana

Boneca do Kenia
Boneca do Senegal

2 comentários:

Anônimo disse...

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Tais Luso de Carvalho disse...

Oi, Bernardo, linda estas histórias das bonecas, não conhecia. Adorei a bonequinha do Senegal. Vou avisar para uma blogueira - que trabalha só com bonecas -, que a sua postagem está maravilhosa.

bjs
Tais Luso