VARIAS ESPÉCIES DE ABELHAS VÃO PARA A LISTA DE EXTINÇÃO


No mundo animal, as abelhas tem funções muito além  de apenas produzir mel. Poucas pessoas sabem, mas pelo menos 65% dos nossos alimentos vegetais dependem – direta ou indiretamente – das abelhas para se reproduzir. Encarregada da polinização de mais de 120 mil tipos de plantas floríferas no planeta, as abelhas são parte essencial no processo de produção de alimentos vegetais.  Se não fosse pelas abelhas, muitas plantas não resistiriam, uma vez que a polinização industrial ainda não é uma realidade tão avançada.
No início de outubro de 2016, a US Fish and Wildlife Service (FWS) – que funciona como um IBAMA dos EUA – colocou sete espécies de abelhas na lista de animais em risco de extinção. Segundo o relatório divulgado pela Xerces Society, organização estadunidense que trabalha na conservação dos invertebrados no país, existem números e dados que apresentam claramente que estas espécies passam por um risco claro de extinção.
As reclamações sobre o declínio do número de abelhas em centros de criações apicultoras, espaços naturais e até mesmo em plantações, cresce cada vez mais desde 2006. Dados da FWS apontam que, de 2012 a 2013, 31% das abelhas nos EUA desapareceram. Apicultores indicam que as abelhas espontaneamente abandonam suas colmeias, desprezando suas larvas e deixando tudo para trás, em debandada. Relatos de partidas como essa foram registrados ao redor do mundo, em pelo menos três continentes. As causas não eram certas, uma vez que as principais suspeitas baseavam-se apenas em pontos genéricos, sem ligação direta, como poluição, urbanizações de pontos naturais ou pesticidas industriais, que funcionam como repelente nas abelhas.
Porém, em março de 2016, o departamento de entomologia – ramo da zoologia que é encarregada do estudo da vida dos insetos – da Universidade de Illinois, em Chicago, descobriu o vírus que pode ser o grande causador desse êxodo anormal das abelhas. Trata-se do colony collapse disorder (“desordem de colapso de colônia”, em inglês), um vírus que causa uma adulteração em muitos genes das abelhas, o que justifica tal tipo de comportamento.
Questionados sobre quais seriam as consequências no planeta em caso de extinção das abelhas, especialistas da FWS afirmam que as chances de uma gigantesca crise alimentícia mundial são muito grandes. O resultado lucrativo do trabalho das abelhas no desenvolvimento vegetal é estimado em mais de 800 bilhões de reais. Segundo dados da USDA (Departamento de Agricultura dos EUA), somente entre 2006 e 2008, a diminuição das abelhas no país trouxe um prejuízo que superava os 12 bilhões de dólares. Em entrevista à revista Mundo Estranho (Editora Abril), a doutora Maria Caldas Pinto, do Centro de Ciências Humanas e Agrárias da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), afirmou que as abelhas são fundamentais para a humanidade, em uma proporção muito maior do que a população tem ciência.
Apesar de serem relatos e dados que assustam, a preocupação ainda não está em nível crítico. O assunto ainda não é um apocalipse animal, já que existem cerca de 25 mil espécies de abelha em todo o mundo, onde 4/5 desse número são capazes de fazer a polinização das plantas. De qualquer forma, o declínio afeta diretamente o setor alimentício, o que já é motivo suficiente para incomodar.
Artigo de Lucas Kalebe

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