SER HUMANO É ESSENCIAL

Operários - Tarsila do Amaral


Um texto para reflexão, não apenas para quem tem 60 anos. Não, um texto que discorre sobre muito mais que o tempo. E há algo maior que o tempo? No limitado tempo de nosso tempo há sim: o essencial. O essencial faz a vida valer a pena. O essencial é viver humanamente, junto a gente humana.
BERNARDO

O VALIOSO TEMPO DOS MADUROS
Contei meus anos e descobri que terei menos tempo para viver daqui para a frente do que já vivi até agora.
Tenho muito mais passado do que futuro.
Sinto-me como aquele menino que recebeu uma bacia de cerejas.
As primeiras, ele chupou displicente, mas percebendo que faltam poucas, rói o caroço.
Já não tenho tempo para lidar com mediocridades.
Não quero estar em reuniões onde desfilam egos inflamados.
Inquieto-me com invejosos tentando destruir quem eles admiram, cobiçando seus lugares, talentos e sorte.
Já não tenho tempo para conversas intermináveis, para discutir assuntos inúteis sobre vidas alheias que nem fazem parte da minha.
Já não tenho tempo para administrar melindres de pessoas, que apesar da idade cronológica, são imaturos.
Detesto fazer acareação de desafetos que brigaram pelo majestoso cargo de secretário geral do coral.
'As pessoas não debatem conteúdos, apenas os rótulos'.
Meu tempo tornou-se escasso para debater rótulos, quero a essência, minha alma tem pressa...
Sem muitas cerejas na bacia, quero viver ao lado de gente humana, muito humana; que sabe rir de seus tropeços, não se encanta com triunfos, não se considera eleita antes da hora, não foge de sua mortalidade,
Caminhar perto de coisas e pessoas de verdade,
O essencial faz a vida valer a pena.
E para mim, basta o essencial!

Mário Pinto de Andrade
Escritor e político angolano (1928-1990)

4 comentários:

Unknown disse...

Caro Amigo Bernardo

Conheci-te através do Porto das Crónicas da nossa Tais. Vim ao teu blogue e gostei. Convido-te, por isso, a visitar a Minha Travessa e seres seguidor dela, o que desde já te agradeço.

Um Senhor que transcreve Mário Pinto de Andrade tem de ser forçosamente um Senhor. Eu conheci o Mário, com ele falei longas horas, era um Homem com H maiusculo
Muito bem.

E a referência ao Infante D. Henrique também me deixou feliz - já que eu próprio também sou... Henrique, não Infante.


Desculpa a chatice que te possa causar este ‘tuga desavergonhado e escrevinhador. Também ando pelo Facebook, o que quer dizer que estou aposentado, mas vivo. E tão bem disposto quanto seja possível…

Abs

Tais Luso de Carvalho disse...

Bernardo, este texto é um dos mais lindos que já li quanto à reflexões; diz o tanto que já fizemos bobagens e o tanto que deixamos de viver; só a maturidade nos permite ter esta reflexão e ver o que realmente é relevante em nossas vidas. E olhe só quanta asneira que a gente faz...

"Já não tenho tempo para lidar com mediocridades.
Não quero estar em reuniões onde desfilam egos inflamados.
Inquieto-me com invejosos tentando destruir quem eles admiram, cobiçando seus lugares, talentos e sorte.
Já não tenho tempo para conversas intermináveis, para discutir assuntos inúteis sobre vidas alheias que nem fazem parte da minha.
Já não tenho tempo para administrar melindres de pessoas, que apesar da idade cronológica, são imaturos."


Bjs, amigo.
Tais Luso

TelMont. disse...

Bernardo,

gostei demais deste poema. Vou postá-lo no meu blog Lectus, ok?

Em meio ao caos, parar e refletir - faz-se urgente nos permitirmos a isso.

Abrç!

TelMont. disse...

Oi, Bernardo!

Akbei de postar este poema no blog LECTUS (e tb um agradecimento a você).Visite-o quando puder, ok?

Abrç!