Dia 5 de junho é o Dia Mundial do Meio Ambiente, onde na realidade não há muito o que comemorar. É um dia mais para reflexão e tomada de consciência sobre para que rumos os homens estão conduzindo o planeta, ou , o que resta dele.
Pensei em mil textos, mil imagens, mil alertas para postar nesse dia para um Momento de Reflexão, mas depois de muito rodar, decidi simplesmente que Catulo daria a mensagem com toda a serenidade que o sotaque nordestino lhe proporcionou, sabendo retratar, como ninguém, o rumor da terra.
O LENHADOR
UM lenhadô derribava
as árve, sem percizão,
e sêmpe a vó li dizia!
“Meu fio: tem dó das árve,
que as árve tem coração!”
O lenhadô, n’um muchôcho,
e rindo, cumo um sarváge,
dizia que os seus consêio não
passava de bobage.
as árve, sem percizão,
e sêmpe a vó li dizia!
“Meu fio: tem dó das árve,
que as árve tem coração!”
O lenhadô, n’um muchôcho,
e rindo, cumo um sarváge,
dizia que os seus consêio não
passava de bobage.
[...]
Do lado do capinzá,
adonde pastava o gado,
táva um grande e véio ipê,
que o avô tinha prantado.
Despois de levá na roça
c’uma inxada a iscavacá,
debáxo d’aquela sombra,
nas hora quente do dia,
vinha o véio discansá.
adonde pastava o gado,
táva um grande e véio ipê,
que o avô tinha prantado.
Despois de levá na roça
c’uma inxada a iscavacá,
debáxo d’aquela sombra,
nas hora quente do dia,
vinha o véio discansá.
Se era noite de luá,
ali, num banco de pedra,
c’uma viola cunversando,
o véio, já caducando,
rasgava o peito a cantá.
Apois, meu branco, o tinhoso,
o bruto, o máo, o tirano,
a fera disnaturada,
um dia jogou no chão
aquela árve sagrada,
que tinha mais de cem ano!
Mas porém, quando o tinhoso
isgaiava o grande ipê,
viu uns burbuio de sangue
do tronco véio iscorrê!
Sacudiu fora o machado,
e deu de perna a valê!
E foi correndo!... correndo!!
Cada tronco que ia vendo
das árve que ele torou,
era um braço alevantado
d’um hôme, meio interrado,
a gritá: “Vae-te, marvado!...
Assassino!... Matadô!
Foi Deus quem te castigou!”
das árve que ele torou,
era um braço alevantado
d’um hôme, meio interrado,
a gritá: “Vae-te, marvado!...
Assassino!... Matadô!
Foi Deus quem te castigou!”
Catulo da Paixão Cearense
Um comentário:
E esta mensagem, apesar de ter sido um pouco difícil de ler, apresenta uma grande mensagem, própria para o dia. Senti a sensibilidade da gente simples.
Beijo, amigo. Valeu a postagem, sim!
Tais Luso
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