A PESCA NO MUNDO ESTÁ ACABANDO


A pesca no mundo está chegando ao limite e a tendência, segundo os especialistas, é de que, sem controle da produção e do consumo, o cenário fique cada vez pior. Segundo um relatório publicado pelo Fundo das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO), 30% dos peixes no mundo são superexplorados (e podem desaparecer) e outros 57% estão próximos do limite de extração sustentável.

No Brasil a situação é bem parecida. "A tendência é acreditar na fartura dos estoques e achar que se pode pescar no Brasil como se os recursos nunca fossem acabar. Precisamos racionalizar a pesca e o consumo porque a situação está entrando em colapso", alerta o biólogo, especialista em políticas públicas para o meio ambiente Tom Grando.

Esse esgotamento de reservas se deve a um conjunto de fatores, mas principalmente à própria atividade pesqueira.

Com equipamentos mais eficientes e cada vez mais gente vivendo da atividade pesqueira, os pescadores apanham cada vez mais peixes, inclusive peixes menores ou muito novos, que ainda não se reproduziram, não dando tempo para que os estoques sejam repostos.
No Brasil, temos uma produção que, em números, está estável e até cresceu em volume, em comparação com a década passada, mas pegamos peixes cada vez menores e mais baratos.

Nos mares, uma grande vilã é a pesca industrial descontrolada. Na pesca do atum, é comum o barco pegar tubarões, golfinhos e tartarugas. Além disso, basta observar os barcos que passam redes pelo fundo do mar para pegar camarão. Eles arrebentam todos os ecossistemas ali e matam pequenos peixes que ficam agarrados às redes. Nos rios, o impacto também é causado pela alteração dos ambientes, principalmente devido à instalação de usinas hidrelétricas.


NO BRASIL TENTATIVAS DE CONTROLE

Em 2009, o Brasil criou o Ministério da Pesca e Aquicultura (MPA), como forma de incentivar o consumo de peixes. Para o biólogo, a medida é "um tiro no escuro", porque o Brasil não tem um monitoramento eficiente dos volumes que são retirados de rios e mares. "Sem saber quanto temos e quanto tiramos, fica difícil estabelecer os limites."

Para evitar a extinção das reservas brasileiras, o segredo seria investir na longevidade dos estoques e evitar o desperdício, o que exigiria um comportamento menos extravagante tanto na pesca quanto no consumo. "Comemos de forma perdulária e matamos muito mais peixes que o necessário. Sabe-se que 10 kg de peixes são desperdiçados para conseguir um quilo de camarão."

ESPÉCIES AMEAÇADAS

                                                                 Dourado
No Brasil, as espécies que mais representam a superexploração dos estoques são os meros e as garoupas, que já contam com projetos de proteção na costa brasileira. No Litoral do Paraná é comum os pescadores das baías de Guaratuba e Paranaguá pescarem um volume menor que em anos anteriores e, no interior, é cada vez mais raro ver dourados, pintados, piaparas e piraputangas, espécies típicas do Rio Paraná. "No Rio Tibagi, esses peixes já sumiram", explica o biólogo Tom Grando.


IMPACTOS SÃO AMBIENTAIS E ECONÔMICOS

Os especialistas são unânimes: o progressivo esgotamento das reservas de peixes provoca uma série de impactos ambientais preocupantes. "A natureza funciona em um equilíbrio próprio: se você acaba com uma espécie de peixe, mexe com toda a cadeia alimentar e há um colapso nas outras populações, que podem se reproduzir descontroladamente ou entrar em extinção também. Do urso ao plâncton, passando pelos seres humanos, todos são afetados", explica o biólogo Tom Grando.

Há também os efeitos econômicos para as populações que vivem às margens de rios e mares. "Por acabarem os estoques que têm maior valor comercial, vão diminuindo os ganhos com a pesca, o setor empobrece e essa fonte de renda deixa de ser viável para as populações ribeirinhas", alerta.


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