O navio oceanográfico Alpha-Crucis, adquirido pela FAPESP para o Instituto Oceanográfico da Universidade de São Paulo (IO-USP), partiu ontem (31/10) do porto de Santos para seu primeiro cruzeiro com bandeira brasileira. A embarcação seguirá para Cabo Frio, no Rio de Janeiro, levando a bordo 19 tripulantes e 20 pesquisadores. O trabalho deve durar cinco dias. A primeira parada será em Ilhabela, ainda no litoral paulista, onde os técnicos pretendem calibrar o ecointegrador – instrumento acústico usado para medir a biomassa de organismos marinhos existente na coluna d’água.
De acordo com o diretor do IO-USP, Michel Michaelovitch Mahiques, o navio deverá levar a capacidade de pesquisas oceanográficas a um patamar inédito no Brasil. O país não tinha um navio oceanográfico civil em operação desde 2008, quando o navio Professor W. Besnard, utilizado desde 1967, sofreu um incêndio e ficou sem condições operacionais de pesquisa.
“O Alpha Crucis proporcionará um imenso salto qualitativo na pesquisa oceanográfica. Uma das razões para isso é que ele tem capacidade para navegar por 40 dias, enquanto o Professor Besnard tinha autonomia limitada a 15 dias. Isso significa que o novo navio poderá fazer estudos em oceano aberto, ampliando nossos limites geográficos de pesquisa”, disse Mahiques à Agência FAPESP.
Além da maior autonomia, o Alpha Crucis dispõe de equipamentos que não estavam disponíveis no Professor Besnard, o que amplia a gama de possibilidades de pesquisa. “Alguns desses equipamentos viabilizarão estudos de cardumes, de mapeamento de relevo de fundo, de medição de correntes, por exemplo, que antes seriam impossíveis. O potencial de pesquisa é muito maior”, disse Mahiques.
Com o novo navio também será possível operar um veículo submersível operado remotamente (ROV, na sigla em inglês) de pequenas dimensões. O Alpha Crucis também ampliará a capacidade de pesquisa para além de estudos estritamente oceanográficos.
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