MATA ATLÂNTICA - A QUINTA FLORESTA MAIS AMEAÇADA DO MUNDO

Fiscais localizam árvore centenária derrubada

Sempre escutamos do desmatamento da Amazônia, e quase nunca dos problemas da Mata Atlântica. A grande maioria das cidades do Brasil está localizada a leste do país avançando sobre os remanescentes desse bioma, que possui biodiversidade maior que a Amazônia (!).

A importância da Mata Atlântica não parece ser clara para a classe governante nem para a população, mas 123 milhões de brasileiros dependem DIRETAMENTE desse bioma como fonte de água. As principais capitais e cidades do Brasil têm suas fontes de água nascendo em região de Mata Atlântica. A poluição desses corpos de água, o desmatamento, a ocupação irregular e outros problemas, estão acabando com esse recurso natural vital para a sobrevivência. Exemplos de como não temos água "para dar e vender" vemos em Curitiba, onde invasões de mananciais já causaram prejuízos enormes à captação de água para a capital do Paraná. Uma das principais fontes, a do rio Iraí, exatamente na nascente do rio Iguaçu, tornou-se inviável, graças a invasões à beira do rio e seus afluentes. Esgoto doméstico, lixo e a destruição da várzea do rio, inviabilizaram o tratamento de água na estação da Sanepar à beira da BR-277.

Para manter o abastecimento outras fontes começaram a ser exploradas (Karste, rio Passaúna, etc). No caso do Karste (na região ao norte da cidade) isso causou problemas à população local. A extração de água desse sistema é considerada com causa de aparecimento de crateras devido ao solapamento do solo e casas apresentaram rachaduras consideráveis. Não aconteceram acidentes maiores por pura sorte! Algumas dessas crateras são de dimensões impressionantes.

A cidade precisa criar novos reservatórios, cada vez mais distantes. Foram construídas as represas de Piraquara 2 e do rio Miringuava, que estão em municípios da região metropolitana e também já apresentam poluição e qualidade de água insatisfatória. Um plano de abastecimento da cidade de Curitiba prevê captação de água até da região de Tijucas do Sul, a mais de 60km da capital. Enquanto isso, rios próximos, com potencial de abastecimento, estão sendo poluídos, suas margens ocupadas, seus cursos alterados e perde-se assim, além da água, uma riqueza em forma de biodiversidade.

Em um levantamento da bacia do rio Pequeno (primeiro afluente do rio Iguaçu) em 2004, a qualidade de água era boa, próximo às nascentes, aceitável no curso superior e médio, e ruim na foz às margens da BR-277, junto à estação de tratamento da Sanepar. Apenas seis anos depois, a qualidade de água deteriorou muito, sendo que já no curso superior do rio é considerada ruim. Apenas SEIS anos! E nesse rio tinha pitus , camarões de água-doce raros atualmente, pois seu ambiente está sendo destruído sistematicamente. O rio Pequeno ainda possui uma várzea bem preservada ao longo do curso superior e médio, rica em espécies de aves e merece ser preservado, mas já há planos de construção de outra represa nesse rio, cujas nascentes estão na vertente ocidental da Serra do Mar em plena Mata Atlântica, já com influência antrópica.

Se não preservarmos esse ambiente, milhões de brasileiros irão sofrer conseqüências inimagináveis, exemplos disso já estamos vendo. Desastres como na região serrana do Rio, têm suas causas na ocupação irregular e destruição da Mata Atlântica. É claro que a intensidade das chuvas que foram a principal causa desse desastre, mas a localização das cidades afetadas é o principal fator que determinou a extensão do mesmo. E iremos ver muitos outros desastres, enquanto não houverem políticas públicas de prevenção de desastres e de recuperação de áreas de preservação permanentes ao longo de rios
A expressão do Macaco Prego parece antever o futuro. Boa parte da Mata não mais existe. E ele se pergunta: Para onde vou?...
Deixo registrada aqui, a sua triste despedida...

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